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Martin, Aston Martin. Um espião em declínio?

Tem sido uma odisseia, cheia de altos e baixos ao longo de cem anos. A marca britânica tem em James Bond um aliado. Mas a missão não está completa. Bem pelo contrário.

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12 de Dezembro de 2015 às 15:30
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"Goldfinger", 1964. O terceiro filme da saga 007 chegava às salas de cinema. Sean Connery era Bond, James Bond. E conduzia um Aston Martin DB5. Assim arrancava uma relação amorosa que havia de envergonhar qualquer "Bond Girl". E sempre com sotaque britânico.

Passaram-se 51 anos. O espião mais famoso do mundo é agora interpretado por Daniel Craig. Ao volante de um Aston Martin DB10 em "Spectre". Foram produzidos dez carros, três sobreviveram às gravações, apenas um será leiloado. A marca britânica acabou por criar uma versão inspirada neste carro para o mercado.

O "efeito Bond" tem-se feito sentir nas vendas, mas não é suficiente para fazer respirar a Aston Martin, controlada pelo fundo italiano Investindustrial. Longe vão os períodos áureos e em 2015 foi mesmo preciso alterar a estratégia orientadora.

No ano passado, a Aston Martin vendeu pouco mais de 3.600 carros, abaixo do pico de 7.300 registado em 2007. Desde aí foi sempre a descer, mas a marca quer pôr o travão nesta tendência. Em Portugal, foram vendidas oito viaturas no último ano. Menos seis do que em 2013.

Simon Sproule, em entrevista à Bloomberg, explica que a Aston Martin tem procurado posicionar-se como uma marca entusiasta. Não apenas para nichos. "É importante atingir não só as pessoas com poder de compra mas também as massas", posiciona o director de marketing e comunicação. O cinema é a melhor plataforma para esse objectivo.

Não é de estranhar que o porta-voz classifique a marca britânica como sendo "menos extravagante" que os concorrentes directos, como Bentley ou Lamborghini. Apesar disso, o produto está sempre assente num "design" "intemporal", que pode ultrapassar o meio milhão de euros por carro.

O plano de expansão para regressar aos lucros passa por diversificar produtos e públicos-alvo. Agora não são só os homens de meia-idade na mira. Perante a maior disponibilidade financeira destes segmentos, jovens e mulheres são agora uma prioridade para a marca criada em 1913.

Em Outubro passado, a empresa anunciou um corte de 295 postos de trabalho, o correspondente a 14% da sua força laboral. A medida deverá ser efectivada através de reformas antecipadas e saídas voluntárias, afectando sobretudo a área administrativa.

Nesta fase, a Aston Martin prepara-se para decidir onde construir a sua nova fábrica. Reino Unido e Estados Unidos da América são duas das possibilidades. Na esperança de que 102 anos de história não sejam uma missão abortada. Mas, pelo contrário, bem-sucedida. A alta velocidade.

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