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Indústria de componentes pede lay-off longo e flexível para "bloquear" perda de 12 mil empregos

AFIA afirma que estão em risco 12 mil postos de trabalho mas acrescenta que a perda pode ser travada com a extensão e a flexibilização de medidas de apoio às empresas. Siza Vieira já admitiu alargar o prazo do chamado "lay-off simplificado".

Automóveis a gasóleo pesaram 32,5% das vendas em fevereiro.
Toru Hanai/Reuters
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A Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA) pede ao Governo que alargue e flexibilize o chamado lay-off simplificado, estimando que possam estar em risco 12 mil postos de trabalho.

Os dados foram apresentados numa conferência de imprensa organizada pela CIP para apresentar os resultados de um inquérito sobre lay-off, mas que acabou por ficar marcada pelos projeções do presidente da AFIA, José Couto, que afirmou que "no pior cenário" o setor pode perder este ano 12 mil empregos, ou seja, 20% do total.

"Estes 12 mil como o pior cenário tem a ver com a queda abrupta do mercado e a queda do mercado tem muito a ver com a procura", sustentou, sublinhando que o mercado enfrenta uma quebra de 30%.

No entanto, convidado a esclarecer se a projeção tem em conta as medidas desenhadas para evitar despedimentos, José Couto também acrescentou que o alargamento deste mecanismo, cuja vigência termina a 30 de junho, e a flexibilização das regras, podem travar a perspetiva que agora apresenta.

"Não queremos perder 12 mil trabalhadores", disse. "É muito importante estendermos o lay-off porque desta maneira bloqueamos a perda de trabalhadores."

No início do ano, a AFIA já tinha estimado a perda de 3 mil postos de trabalho.

Questionado sobre se, face ao bom desempenho dos últimos anos, as empresas não têm agora a responsabilidade de segurar estes postos de trabalho, o responsável respondeu que os resultados da indústria de componentes são canalizados para investimento.

De acordo com o presidente da CIP, António Saraiva, há neste momento 107 mil empresas envolvidas em lay-off de 623 mil trabalhadores e "até à data 85 mil pagamentos 260 milhões de euros", números que ficam um pouco acima dos que o Governo tinha revelado na semana passada. O Governo tinha apontado para custos de mil milhões de euros.

Siza Vieira já admitiu alargar o lay-off

O lay-off simplificado está em vigor até 30 de junho e os juristas da CIP entendem que ainda que uma empresa apresente o pedido a 15 de junho, por exemplo, só tem garantido o mecanismo até 15 de julho, de acordo com a legislação em vigor.

No entanto, o ministro da Economia, Siza Vieira, já admitiu estender o apoio, hipótese aliás prevista no decreto-lei, referindo-se, precisamente, a algumas conversas com o setor da indústria.

Os dados apresentados pela CIP, com base num inquérito a 1.451 empresas, numa amostra que sobrerepresenta as empresas de grande dimensão, revela que 48% das empresas de grande dimensão já solicitou pedido de lay-off simplificado; 44% não pediu nem pensa vir a pedir, em parte porque nem todas cumprem as condições; e que 8% não pediu mas pensa vir a pedir.

Das que pensam vir a pedir mais de metade (50,5%) pensa fazê-lo após 1 de junho.

O decreto-lei que enquadra o lay-off produz "efeitos até 30 de junho de 2020". O diploma diz ainda que a "prorrogação por mais três meses" será "devidamente ponderada em função da evolução das consequências económicas e sociais da Covid-19".
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