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B-Parts “abate” em cinco países para vender peças online
A plataforma portuguesa de comércio electrónico liga centros de abate em Portugal, Espanha, Alemanha, Holanda e Lituânia aos clientes em 62 países que precisam das peças usadas para carros, como oficinas, seguradoras ou particulares.
Motores, portas, malas, caixas de velocidade, centralinas, sensores de estacionamento, retrovisores ou peças de iluminação. Estes são alguns dos milhares de artigos que tem em stock - digital, ou seja, sem esses custos -, proveniente de centros de abate certificados em Portugal, Espanha, Alemanha, Holanda e Lituânia. O fornecimento com origem no mercado português já vale menos de 50% do total.
"Os centros de abate recebem a encomenda e embalam com a nossa fita. Agendamos e monitorizamos a recolha, fazemos a entrega, gerimos as incidências e o pagamento também é todo através da plataforma. Nem o cliente nem o fornecedor sabem de onde vem ou para onde vai a peça. É da B-Parts. Essa é a alma do negócio", resumiu ao Negócios o co-fundador e administrador, Luís Vieira, 28 anos, formado em Engenharia Electrotécnica na Universidade do Porto.
Lembrando que no passado só havia uma oferta local ou regional e que os operadores do sector se relacionavam apenas nesse mercado de proximidade, o sócio Manuel Monteiro, que é empresário neste ramo há quase duas décadas, acrescentou que a B-Parts veio "organizar o que estava desorganizado". É "um somatório de vários stocks para o mercado global" e gere neste momento entre 70 a 80 milhões de euros em peças.
O capital e o segredo
Fundada em 2015, esta empresa de e-commerce vendeu 600 mil euros em 2017 e nos primeiros quatro meses deste ano está "a dobrar facturação face a períodos homólogos". Emprega 11 pessoas na zona industrial do Porto e tem um agente em Espanha. Além dos dois gestores, que controlam em conjunto quase 80% do capital, tem ainda na estrutura accionista Pedro Torres, outro fundador, a sociedade de capital de risco Portugal Ventures e um grupo de empresários com vários investimentos.
Apontando os fornecedores como "o maior activo" e a construção dessa relação como "a grande barreira" à entrada no sector - "tipicamente, os centros de abate são empresas familiares, na segunda ou terceira geração, com pessoas muito desconfiadas" -, Luís Vieira mostrou-se ainda entusiasmado com a "escalabilidade" deste negócio, que teve na génese a má experiência numa oficina após não ter encontrado na internet a peça usada que queria instalar no carro.
Net Peças levou marca e gestão aos sucateiros
Um investimento de 700 mil euros deu a volta ao modelo e à marca da empresa do Porto, que "pagou" para chegar a fornecedores.
A B-Parts foi criada em Janeiro de 2015 como resultado de um investimento de cerca de 700 mil euros, captado no ano anterior junto de um grupo de investidores nacionais, que visou alterar o modelo de negócios e fazer um "rebranding" à Net Peças, a plataforma que Luís Vieira e Pedro Torres tinham criado anteriormente.
Dar ferramenta aos sucateiros
Para tentar entrar no mercado e captar os fornecedores de peças usadas, os empreendedores nortenhos investiram antes no desenvolvimento de uma ferramenta de gestão sem custos de utilização para os centros de abate, que digitalizou um processo que era manual e permitiu também a ligação deles à plataforma.
Comprar e apoiar em cinco línguas
A plataforma de comércio electrónico está disponível em português, inglês, alemão, espanhol e francês. A partir do escritório do Porto, depois de um investimento recente feito na contratação de perfis com essas competências, a B-Parts passou a ter também serviço de assistência aos clientes nessas mesmas cinco línguas.
Concorrentes gerais e especializados
Os administradores apontam dois tipos de concorrentes: o site de classificados "puro e duro" - em Portugal destaca-se o OLX -; e as plataformas especializadas em anúncios de peças usadas, que existem em cada um dos mercados. A principal diferenciação e a "especialidade" da B-Parts é fazer "cross-boarder", isto é, ter comércio transfronteiriço.