Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Symington investe 12 milhões no Vale da Vilariça

O maior proprietário de quintas no Douro acaba de abrir, no Douro, uma adega de baixo impacto ambiental, que está às portas de ser “a primeira no mundo a alcançar o muito completo patamar LEED v4”, que aborda a eficiência energética e a gestão de recursos hídricos, entre outras.

Adega da Quinta do Ataíde, no Douro.
19 de Outubro de 2023 às 13:27
  • ...

Desde 1882 que a família Symington, de ascendência escocesa, inglesa e portuguesa, produz vinho do Porto e DOC Douro, sendo o maior proprietário de quintas da região – tem 26, num total de 2.420 hectares, dos quais 1.114 de vinha.

 

Detentor de casas de Porto como a Graham’s, Cockburn’s, Dow’s e Warre’s, e vários projetos no Douro (Quinta do Vesúvio, Quinta do Ataíde, Altano, Prats & Symington – Chryseia), a Symington Family Estates anda a investir na sustentabilidade em todas as operações de vinificação, tendo agora aberto na região uma adega de baixo impacto ambiental.

"Esta vindima assinalou um momento marcante e crucial no compromisso da nossa família com a produção de vinho sustentável e com a nossa ambição nos vinhos DOC Douro. Após seis anos de planeamento meticuloso e de construção, abrimos a nossa nova adega de impacto reduzido, a Adega do Ataíde, localizada na nossa propriedade no vale da Vilariça — Quinta do Ataíde", anuncia a Symington Family Estates,esta quinta-feira, 19 de outubro, no tradicional relatório de vindima.

Num "investimento ligeiramente acima dos 12 milhões de euros", mais oito do que os quatro milhões inicialmente orçamentados, trata-se de um dos projetos mais ambiciosos do grupo "e reflete a confiança" que a Symington diz ter no futuro dos DOC Douro de qualidade.

Com capacidade para 500 mil litros por ano, eis a nova casa dos vinhos tintos da Quinta do Ataíde, da Quinta do Vesúvio e dos Altano Tinto Reserva e tinto e rosé biológicos.

Situada no concelho de Vila Flor, num Vale da Vilariça onde a Symington concentra a maior área de vinha biológica certificada do norte do país, num total superior a 150 hectares, a adega é a nova "menina dos olhos" do grupo, que começou a produzir vinhos tranquilos em 1999, tendo "comercializado perto de 270 mil caixas em 2022.

 

"Inspirada pelo nosso compromisso de longo prazo com a sustentabilidade e a inovação, a adega foi concebida por uma equipa interna de arquitetos, engenheiros e enólogos para produzir vinhos da mais alta qualidade e para ser altamente eficiente no uso de energia e de água", enfatiza Charles Symington, principal enólogo e diretor de produção do grupo.

 

A cobertura é rodeada de painéis fotovoltaicos que "produzem eletricidade suficiente para que a adega seja energeticamente autossuficiente", enquanto uma estação própria de tratamento de águas permite usar águas pluviais e águas residuais tratadas.

 

"A candidatura para o processo de certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) foi aceite e poderá fazer desta adega a primeira em Portugal com certificação LEED e a primeira no mundo a alcançar o muito completo patamar LEED v4, que aborda eficiência energética, gestão de recursos hídricos, escolha de localização, seleção de materiais, iluminação natural e redução de desperdícios", revela o mesmo responsável da família Symington.

"É verdadeiramente uma adega de sonho"

Aproveitando a orografia do terreno, trata-se de uma adega gravítica que "permite a transferência de massas frescas pelo edifício, sem recurso a bombas mecânicas e tubos de massas", estando as cubas de fermentação "equipadas com ‘air-mixing’, processo que injeta ar dentro da cuba de forma ascendente, proporcionando uma remontagem natural que poupa energia e favorece a qualidade do vinho".

 

"É verdadeiramente uma adega de sonho para qualquer enólogo e concede-nos grande alcance na produção de vinhos do Douro de grande qualidade", garante Charles Symington.

 

"2023 foi a nossa vindima de estreia nesta adega e estou impressionado não só com a facilidade com que a nossa equipa de enologia se adaptou aos novos processos e equipamentos, mas também com a qualidade dos vinhos produzidos", afirma.

 

E remata: "Esta nova adega não só confirmou tudo o que esperávamos dela, como ultrapassou todas as nossas expectativas e sentimo-nos muito motivados pelas oportunidades que nos proporciona olhando para o futuro."

Relativamente à vindima no Douro, Charles Symington avança que, "após uma sucessão de vindimas desafiantes no Douro, com ondas de calor prolongadas, secas e baixas produções", e "embora 2023 possa não ter sido o ano excepcional" que o grupo esperava, depois de provar os vinhos, manifesta-se "muito satisfeito com a qualidade" dos mesmos, "particulamente" nas suas quintas no Cima Corgo.

"Os melhores vinhos apresentam se muito equilibrados com excelente cor e frescura", afiança.

Uvas transacionadas "frequentemente abaixo do preço de custo e com excesso de oferta"

No relatório de vindima, intitulado "Novos começos", Charles Symington alerta que "o Douro enfrenta um grande desafio com um sistema de regulamentação ultrapassado que permite a livre transação no mercado aberto para as uvas destinadas aos vinhos DOC Douro, frequentemente abaixo do preço de custo e com excesso de oferta. Em contrapartida, a produção de vinho do Porto é altamente regulada através do sistema do benefício", considera.

 

De acordo com Symington, este quadro "está a impactar a sustentabilidade socioecónomica da região e o futuro dos vinhos do Douro nos mercados internacionais".

 

"Acreditamos que é com projetos inovadores como a nova Adega do Ataíde – e do impacto positivo que representa para a produção dos nossos vinhos de alta qualidade -, que poderemos projetar a realidade da nossa região, valorizar os seus vinhos e fazer crescer a categoria dos DOC Douro", defende.

 

Contudo, conclui, "sem um novo quadro regulatório que abranja o vinho do Porto e o vinho DOC Douro, o desequilíbrio persistirá".

Ver comentários
Saber mais symington vinhos vale da vilariça adega do ataíde
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio