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Márcio Lopes compra duriense Quinta do Malhô a grupo francês
Dono de quintas em Vila Nova de Foz Côa e Melgaço expande operação com a aquisição de propriedade à Cap Wine, invertendo a tendência de aquisição de quintas no Douro por investidores estrangeiros.
Nasceu no Porto em 1983 e licenciou-se em Engenharia Agronómica aos 23 anos, na Universidade do Porto, tendo ainda durante o seu período académico começado a trabalhar, em Melgaço, com o conceituado enólogo Anselmo Mendes - também conhecido por Sr. Alvarinho -. onde fez a sua primeira vindima com a casta Alvarinho.
Após ter andado a fazer vindimas na Austrália, Márcio Lopes regressou a Portugal e criou o projeto Márcio Lopes Winemaker com as suas duas primeiras marcas: Pequenos Rebentos, na Região dos Vinhos Verdes, e Proibido na Região do Douro Superior.
Em 2015 comprou a Quinta do Pombal, em Vila Nova de Foz Coa, com cerca de cinco hectares e de onde provêm vinhos como o Proibido Vinha Velha do Pombal, tendo quatro anos depois inaugurado a primeira adega própria onde é produzido a marca Pequenos Rebentos, em Melgaço.
16 de maio de 2024: invertendo a tendência de aquisição de quintas no Douro por investidores estrangeiros, Márcio Lopes anuncia a aquisição da Quinta do Malhô, em Ervedosa do Douro, no Cima Corgo, à Cap Wine Portugal, que é detida pelo grupo francês Cap Wine International.
O produtor e enólogo nascido na Invicta expande, assim, a sua posição no Douro e a capacidade de vinificação instalada para meio milhão de litros por ano na região.
"Com esta aquisição prevê duplicar, nos próximos cinco anos, a capacidade de produção e aumentar em 30% os postos de trabalho", garante, em comunicado, sem revelar o número de pessoas que emprega.
Para Márcio Lopes, a Quinta do Malhô "é uma joia" no berço do Douro.
"O vale onde está inserida é icónico e a sua localização a par da altitude são excecionais para a produção de vinhos de altíssimo nível. Esta aquisição é para nós um grande desafio, que representa um grande compromisso com o Douro, aumentando a capacidade de vinificação do projeto Proibido e abrindo portas para um projeto de enoturismo", sinaliza.
O negócio incluiu um centro de vinificação, habitações envolventes, lagares e cerca de 20 hectares de vinha, olival e floresta, detalha o empresário, realçando que "a maior parte da vinha é muito velha, com cerca de um século de existência, e é constituída apenas por castas tintas".
Com uma densidade "na ordem das seis a oito mil videiras por hectare", que "está distribuída em patamares pós-filoxéricos que foram construídos entre 1880 e 1930", a vinha da Quinta do Malhô tem "caraterísticas que se esperam essenciais para manter e acrescentar concentração e complexidade aos vinhos".
Além disso, a área de olival, cerca de cinco hectares, possibilitará ao produtor alargar o seu portefólio também com uma gama de azeite, sendo ainda seu objetivo a entrada nos Vinhos de Porto de Quinta - áreas de negócio que "já estavam nos planos do produtor e que poderão agora tornar-se realidade".
O processo de aquisição incluiu, ainda, as marcas de vinho Quinta do Malhô, que passarão a integrar o projeto Proibido, e stocks de colheitas antigas.
Reconhecido como "Enólogo revelação do ano" e galardoado com o "prémio de Singularidade", em 2019, Márcio Lopes, que exporta os seus vinhos "atualmente para 22 países", viu o Proibido Grande Reserva 2017 ser distinguido, em 2020, como um dos vinhos do top 100 "Melhores descobertas do Mundo" pelo conceituado crítico Robert Parker.