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Setor do vinho com excesso de “stock” quer agilização de verbas e vender mais caro

Pretende atingir em 2030 exportações de 1,2 mil milhões de euros e crescer no preço médio para 3,19 euros por litro, para “garantir a sustentabilidade económica”, e a agilização de verbas para financiar a promoção, estando ainda a debater-se com problemas de excesso de “stock”.

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20 de Julho de 2024 às 09:36
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O setor do vinho quer a agilização de verbas para financiar a promoção e ainda está a debater-se com problemas de excesso de 'stock', disse em entrevista à Lusa o presidente da ViniPortugal, Frederico Falcão.

O dirigente da entidade, que agrupa associações e organizações e tem como missão a promoção dos vinhos portugueses, apontou, entre as ameaças ao cumprimento do plano estratégico do setor, o financiamento da ViniPortugal.

"Em termos de verbas nacionais, só temos orçamento do próprio setor, ou seja, não temos verbas do Orçamento do Estado", além das europeias, destacou, explicando que a entidade pediu ao Governo para "de alguma forma agilizar" aquelas que são "as verbas do próprio setor" e que passam pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV).

O objetivo da entidade é que estas verbas sejam consideradas "privadas" e não públicas. "São verbas consignadas ao setor, à promoção do setor e, portanto, agilizando estes processos, todo a nossa vida fica facilitada", destacou.

O presidente da ViniPortugal disse ainda que o vinho continua a sofrer com excesso de 'stocks', lembrando medidas que já foram anunciadas e que passam por uma "dotação europeia para a destilação de crise, portanto, destilar algum excesso de vinho", cujo álcool será assim usado em outros fins. A isto poderão juntar-se algumas verbas nacionais.

Esta iniciativa poderá "ajudar a reduzir algum excesso de 'stock' em adegas de maneira a poder acomodar esta vindima que se aproxima e também de forma a ajudar financeiramente as empresas que estão com alguma redução de vendas, porque houve, de facto, em 2023 uma redução de consumo em termos nacionais" e mundiais, indicou.

Segundo Frederico Falcão, em termos nacionais houve "uma redução de 50 milhões de litros", o que tem impacto no setor.

"Acresce a isto que no ano passado tivemos uma vindima maior do que o normal e havendo redução de consumo e redução de exportações, neste momento há um excesso de vinho nas adegas", referiu.

Ainda assim, até maio, as exportações aumentaram 10% em volume, disse o dirigente, alertando que a vindima deste ano deverá novamente ser grande, algo que se deve à reestruturação da vinha, explicou.

"Estas novas vinhas acabam por ser mais produtivas e os próprios agricultores estão mais profissionais a trabalhar as vinhas e, portanto, acabam por ter produções mais generosas", disse Frederico Falcão.

No entanto, alertou o responsável, não é fácil prever como será a produção do próximo ano, apontando a possibilidade de "condições atmosféricas adversas" que podem complicar as vindimas.

Questionado ainda sobre o impacto para o setor das alterações legislativas para cidadãos estrangeiros, que dificulta a regularização sem antes ter um contrato de trabalho, o presidente da ViniPortugal disse que o trabalho no setor é sobretudo sazonal e admitiu falta de mão-de-obra. Apesar disso, não acredita que "possa afetar negativamente aquilo que está a acontecer atualmente", tendo em conta o que são "as necessidades médio prazo no setor dos vinhos".

 

Exportações de 1,2 mil milhões em 2030 e crescer em preço médio

 

O setor do vinho quer, em 2030, atingir exportações de 1,2 mil milhões de euros e crescer no preço médio para 3,19 euros por litro, para "garantir a sustentabilidade económica", disse à Lusa o presidente da ViniPortugal, Frederico Falcão.

O dirigente da entidade, que agrupa associações e organizações e tem como missão a promoção dos vinhos portugueses, deu conta dos objetivos do plano estratégico 2024-2030, com enfoque no preço médio para as exportações, de 3,19 euros por litro, a que corresponderão vendas para o exterior de 1,2 mil milhões de euros daqui a seis anos.

"Conseguimos crescer em preço médio e esse é o nosso principal objetivo", destacou. "É preciso um preço médio para garantir sustentabilidade económica para o setor, numa altura em que nós já estamos a exportar quase metade daquilo que produzimos", referiu.

A ViniPortugal está também a concentrar o número de mercados em que atua, explicou Frederico Falcão. "Anteriormente tínhamos 21 mercados. Reduzimos para 14, portanto o objetivo é conseguir ter mais visibilidade, mais massa crítica naqueles que são os mercados prioritários estratégicos", explicou.

O responsável explicou que a entidade divide os 14 mercados em termos de investimento, em 3 grupos: "mercados com conhecimento elevado, mercados intermédios e outros de baixo investimento".

"O nosso objetivo nestes 14 mercados é adaptar a estratégia a cada um dos mercados, à tipologia de compra, a nossa presença no mercado e trabalhar "da forma mais eficiente" para valorizar os vinhos e subir em termos de vendas.

Para esta estratégia, a ViniPortugal conta com 8,4 milhões de euros por ano, segundo o presidente.

O plano estratégico da ViniPortugal conta com medidas como a promoção dos vinhos portugueses junto da comunidade portuguesa no estrangeiro, capitalização do enoturismo, aumento da notoriedade, parcerias entre os vinhos portugueses e marcas portuguesas de renome, aumento da qualidade, envolvimento com 'chefs' e personalidades, entrada em mercados emergentes, entre outras.

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