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Produção de vinho do Porto baixa seis mil pipas em 2020

O "benefício" desce para 102 mil pipas na próxima vindima, pelo terceiro ano consecutivo. A quebra só não é maior porque dez mil entram numa reserva qualitativa, financiada com cinco milhões descativados do saldo do IVDP.

Ricardo Meireles/Sábado
23 de Julho de 2020 às 17:05
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A Região Demarcada do Douro vai transformar um total de 102 mil pipas (de 550 mil litros cada) de mosto generoso em vinho do Porto na vindima deste ano, isto é, menos seis mil pipas do que na campanha de 2019.

 

Este é o principal resultado do tradicional comunicado de vindima, aprovado esta quinta-feira, 23 de Julho, pelo conselho interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) que esteve reunido no Peso da Régua.

 

Deste total, 92 mil pipas serão "beneficiadas" de imediato, enquanto dez mil entram numa espécie de reserva qualitativa. Ficam guardadas durante três anos e só no final desse período, e de forma gradual, podem ser colocadas no mercado ou usadas para a criação de categorias especiais.

 

Como o Negócios adiantou em maio, os produtores de vinho do Porto vão mesmo adotar uma solução de emergência para lidar com esta crise. Tal como aconteceu em 1945, na ressaca da Segunda Guerra Mundial, o setor avança com a produção em regime de bloqueio.

 

Financiamento com verbas da região

 

Para financiar esta medida de armazenamento específica para a região, o Ministério da Agricultura começou por libertar três milhões de euros dos saldos de gerência do IVDP. Na sequência da pressão exercida pelos operadores, acabou por reforçar a dotação para cinco milhões, para "minimizar os prejuízos e os efeitos nos rendimentos dos produtores decorrentes da redução do consumo e da quebra de mercados devido à covid-19".

 

O "benefício" é a quantidade de mosto generoso que, somando a aguardente que é preciso adicionar, fixa a quantidade de vinho do Porto que pode ser produzida na vindima seguinte. É uma das principais fontes de rendimento – e por vezes a única – para os vitivinicultores da mais antiga região demarcada do mundo.

 

Por regra, a definição deste valor exige anualmente uma negociação entre os representantes da produção e do comércio de vinho do Porto, tendo por base um conjunto de parâmetros técnicos, as vendas nos últimos meses e as projeções para o resto do ano, o nível de stocks existentes e as intenções de compras até dezembro.

 

Em 2019, a comercialização de vinho do Porto ascendeu a quase 380 milhões de euros, o que ascende a dois terços (66%) do total do negócio do vinho na região demarcada. Cerca de 80% destas receitas são obtidas em 120 mercados de exportação.

 

O benefício hoje determinado, a par das medidas excecionais, traz mais tranquilidade ao setor. Gilberto Igrejas, presidente do IVDP 

Segundo o gabinete da ministra Maria do Céu Antunes Albuquerque, no âmbito do reforço dos apoios para 18 milhões de euros, na medida de destilação de crise, os valores passaram para 0,60 euros/litro no caso dos vinhos com denominação de origem e para 0,45 euros/litro no caso dos vinhos com indicação geográfica. E para regiões com viticultura em zona de montanha, como é o caso do Douro, foi aprovada uma majoração de 0,15 euros/litro e 0,20 euros/litro, respetivamente.

 

Recordando este pacote apresentado há dias pela tutela, o presidente do IVDP, Gilberto Igrejas, refere, citado numa nota de imprensa, que "o benefício hoje determinado, a par das medidas excecionais, traz mais tranquilidade ao setor, contribuindo para contrariar os efeitos desta crise e assegurando os rendimentos dos viticultores".

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