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Aos 112 anos, os vinhos verdes querem sair da “borda da piscina”

Mais valor do que volume e consumo o ano inteiro. A comemorar o 112.º aniversário da demarcação, a região aponta ao aumento da qualidade do vinho verde e conta superar a pandemia sem perdas nas vendas e com ganhos na exportação.

Paulo Duarte
18 de Setembro de 2020 às 15:14
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Impulsionada até aqui sobretudo pelas vendas em volume e pela forte presença no mercado – é a segunda maior do país tanto a nível interno como externo, a seguir ao Alentejo e ao Douro, respetivamente –, a centenária região dos vinhos verdes aponta agora à maior valorização do produto. Aproveitando a renovação das vinhas e o surgimento de uma nova geração de enólogos e produtores, quer aumentar a qualidade e também os momentos de consumo.

 

"O vinho verde não é [só] um vinho de verão, para se beber na borda da piscina. Se temos vinhos mais jovens e alegres, também temos loureiros, alvarinhos, avessos e outras tantas variedades, que dão vinhos mais complexos e mais ricos e que podemos harmonizar com todas as gastronomias ao longo do ano. O vinho verde é um vinho para os 12 meses do ano", decretou Manuel Pinheiro, presidente desta comissão de viticultura (CVRVV).

 

Manuel Pinheiro, presidente da região dos vinhos verdes, foi um dos principais impulsionadores da liberalização do alvarinho.
Manuel Pinheiro, presidente da região dos vinhos verdes, foi um dos principais impulsionadores da liberalização do alvarinho.

Falando na sessão solene que assinalou o 112.º aniversário da publicação da Carta de Lei de 18 de Setembro de 1908, que demarcou a Região dos Vinhos Verdes, o responsável sublinhou a importância económica e social de uma atividade que envolve centenas de empresas e milhares de empregos. E lembrou que no terreno, onde se multiplicam os projetos e as "oportunidades" no enoturismo, estão por estes dias mais de 15 mil pessoas, espalhadas por 48 concelhos, a vindimar cerca de 100 mil toneladas de uvas.

 

Compras alemãs e americanas na pandemia

 

Num ano marcado pela pandemia de covid-19, mas que promete ser "muito bom" em termos vitícolas, Manuel Pinheiro sublinhou aos jornalistas que "tudo indica que [vai] fechar o ano sem perdas nas vendas". Com mais de 50% da faturação assegurada em 107 mercados internacionais – há duas décadas pesavam apenas 15% -, as vendas prosseguiam em terreno positivo até ao final de julho, a recuperar já dos meses "dificílimos" de abril e maio, suportadas num crescimento próximo dos 10% na exportação e alimentado sobretudo pelas compras da Alemanha e dos EUA.

 

"O ano de 2020 não está a ser fácil e 2021 se calhar também não será. O que marca as nossas vendas este ano é a disparidade entre os produtores que dependiam mais dos restaurantes e dos hotéis – que são sobretudo os mais pequenos e de maior valor; e, por outro lado, os mercados de exportação e as grandes superfícies e a grande distribuição, que têm ajudado a impulsionar o negócio", resumiu o líder da CVRVV.

 

Entendemos que haja algumas limitações ao consumo de álcool [devido à covid], mas esperamos poder voltar rapidamente à liberdade de venda e ao consumo responsável. Manuel Pinheiro, presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes

 

Na presença de Nuno Russo, secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, Manuel Pinheiro declarou ainda que "embora [entenda] bem por que é que no âmbito da covid há algumas limitações ao consumo de álcool", nomeadamente a proibição da venda a partir das 20h, "os vinhos são uma parte natural da dieta e da alimentação" nacional. "Esperamos poder voltar rapidamente à liberdade de venda e ao consumo responsável", concluiu.

Na linha da frente na vinha nova e reestruturada No último programa VITIS, o regime de apoio à reestruturação e reconversão da vinha, a região dos vinhos verdes teve mais de mil candidaturas aprovadas, num total de 13,9 milhões de euros, que englobaram uma área total de vinha a reestruturar de 1.224 hectares. Estes dados foram avançados pelo secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, notando que esta foi "a segunda maior região em termos de apoio, logo atrás do Douro". Nesta visita ao Porto, onde decorreu a cerimónia dos 112 anos da região demarcada, Nuno Russo destacou os apoios públicos de 18 milhões de euros para enfrentar a pandemia e fez ainda contas ao concurso para novas plantações de vinha em 2020. O Minho tem a maior área contemplada (296 hectares), correspondendo a 15% de toda a área distribuída a nível nacional, o que, segundo o governante, "mostra a atratividade do investimento" nos vinhos verdes.
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