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Como as empresas agro-alimentares portuguesas planeiam ultrapassar as barreiras proteccionistas
A Sovena está a pensar em "ser mais americana", reforçando a produção local. O Grupo Cerealis também sugere "fazer parte do processo local". O Brexit também integra a lista de preocupações.
As empresas portuguesas da indústria agro-alimentar confessam ter alguns receios em relação à nova onda de políticas proteccionistas que estão na agenda de diversos países. Tendo em conta que grande parte da força das suas vendas passa pela exportação, dada a queda do mercado interno nos últimos anos, estão a acompanhar de perto os desenvolvimentos nesta matéria.
Dada a proximidade, o Brexit está no topo da preocupação. Pelo menos para a Sovena, que detém marcas como a Oliveira da Serra. "No nosso caso, estamos por todo o mundo. E há alguns focos de proteccionismo que geram alguma preocupação, nomeadamente, aqui mais perto, o Brexit", disse António Simões, chairman e CEO da Sovena durante o 6.º Congresso da Indústria Portuguesa Agro-alimentar que está a decorrer esta terça-feira, 4 de Abril, em Lisboa.
Já no Brasil, explicou que com a actual pauta aduaneira "estamos numa situação parecida com todos os concorrentes". Este mercado também não parece levantar preocupações à Unicer, que detém a Super Bock.
Rui Lopes Ferreira, presidente da comissão executiva do grupo (na foto), admitiu que "obviamente vemos com preocupação estas políticas de proteccionismo. Mas não têm sido impeditivas do processo de internacionalização", sublinhou. E exemplificou: "O Brasil é um dos países mais proteccionistas e temos casos bem sucedidos de exportação".
No que toca às políticas da administração de Donald Trump nos EUA, as opiniões são diferentes. Rui Amorim de Sousa, CEO do Grupo Cerealis, por exemplo, está confiante que "o pragmatismo irá vingar". E acredita que "as ameaças têm de se transformar em oportunidades". Como neste caso em concreto? "Fazer parte do processo local".
Uma opinião partilhada pelo responsável da Sovena. António Simões revelou que os EUA representam 20% das vendas do grupo. E apesar do mercado norte-americano "não ter grande produção de azeite, tem a sua indústria na Califórnia", explicou. Por isso, as empresas podem sofrer com estas eventuais barreiras, apesar de não atingirem tanto a Sovena por causa da produção local. Como solução, "estamos a pensar em ser mais americanos, na perspectiva de ter as nossas plantações e originação lá,"acrescentou.
Manuela Tavares de Sousa, CEO da Imperial, a dona dos chocolates Regina, acredita que o facto de Portugal não gerar "animosidade" e ter "políticas externas moderadas, ajuda que o consumidor global não rejeite os produtos portugueses", concluiu.