Notícia
Robots, online e alimentos saudáveis. Os novos paradigmas do consumo alimentar
As empresas do sector agro-alimentar vêem com bons olhos as oportunidades que a inteligência artificial pode trazer. Mas alertam que é preciso "haver bom senso e legislação". Já o online e os produtos saudáveis lideram as tendências do consumo.
A inteligência artificial está a invadir praticamente todos os sectores. E a indústria agro-alimentar não é excepção. Os "players" do sector acreditam que a robotização traz oportunidades mas alertam que é preciso "haver bom senso e legislação".
"Tal como qualquer outra tecnologia, tem as suas ameaças e oportunidades. E é importante focarmo-nos nas oportunidades", começou por destacar Ernesto Morgado, presidente da Siscog, durante o 6º congresso da indústria portuguesa agro-alimentar que decorreu esta terça-feira, 4 de Abril, em Lisboa.
"A inteligência artificial vai alterar a nossa vida" e vai levar ao nascimento de "novos modelos de negócio e as empresas têm de estar preparadas. O futuro está a chegar a toda a velocidade", alertou.
Quanto ao impacto que a chegada em peso de robots pode ter na permanência dos actuais postos de trabalho, Ernesto Morgado apontou que "esse é o grande problema. Vai trazer disrupção social". Por isso, alerta que "tem de haver bom senso e legislação".
A discussão em torno da criação de regulação específica para robots não é nova. Desde o ano passado que os EUA, a Europa e Reino Unido colocaram o tema na agenda, relembrou.
Rui Miguel Nabeiro, administrador do Grupo Nabeiro - Delta Cafés, não sabe se a introdução de robots significa que é "inevitável" a extinção de postos de trabalho. "Não sou sociólogo nem futurologista. Se estivermos todos desempregados quem é que vai comprar os produtos?", acrescentou.
Já o presidente da Siscog sublinhou que "quem sabe, talvez, em vez de lançar pessoas no desemprego talvez reduza a carga horária dos trabalhadores para poderem mais tempo com a família".
Os novos hábitos dos consumidores
A introdução de inteligência artificial não é a única mudança que a era digital trouxe para o sector.
O acesso à internet a qualquer hora e em qualquer lugar, através dos smartphones principalmente, alterou os hábitos de consumo. De acordo com um estudo da Deloitte, apresentado durante o congresso, esta é uma das novas tendências do consumo alimentar.
Além de 75% dos consumidores consultarem e compararem promoções antes de irem a um supermercado, 25% dos inquiridos afirmou ter feito compras online durante 2015 e 50% está disposto a fazê-lo no futuro.
O ritmo de vida acelerado dos consumidores também tem impulsionado a procura por produtos e serviços mais práticos e flexíveis, como o comércio electrónico, mas também o take-away. Segundo os dados do mesmo estudo, em 2020 estima-se que 58% das refeições seja feita online.
A saúde e bem-estar também têm estado no topo das preocupações dos consumidores na hora de irem ao supermercado. E Portugal não é excepção.
O mercado biológico europeu tem crescido um forte ritmo, tendo o consumo de produtos biológicos aumentado 110% entre 2015 e 2014.
Em Portugal, 60% dos consumidores inquiridos pela Deloitte afirmou que "a preocupação com a saúde e bem-estar se reflecte no quotidano e nas escolhas que faço".