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Colheita global de alimentos em risco por falta de mão de obra

Um pouco por todo o mundo, os governos estão a impor limites de viagens na tentativa de conter a propagação do coronavírus. A consequência não intencional é a falta de trabalho migrante, pedra angular na produção de alimentos.

21 de Março de 2020 às 19:30
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Os agricultores norte-americanos que se preparam para a época de colheita alertam para um impacto devastador sobre frutas e legumes após a embaixada dos EUA no México anunciar a suspensão de entrevistas para concessão de vistos a trabalhadores rurais sazonais. Os matadouros também podem enfrentar escassez de mão de obra.

 

Na Austrália, os agricultores dizem que o país pode enfrentar escassez de algumas frutas e legumes por causa de restrições de viagens. A Austrália tradicionalmente recorre a trabalhadores estrangeiros para cerca de 30% do emprego agrícola sazonal.

 

A mão de obra para a apanha dede kiwis está em falta na Nova Zelândia. E, no Canadá, as restrições de viagens ameaçam as processadoras de carne que dependem de trabalhadores estrangeiros temporários.

 

"Não haverá ninguém para colher", sublinha Robert Guenther, vice-presidente sénior de políticas públicas da United Fresh Produce Association, que representa agricultores, distribuidores, grossistas e retalhistas dos EUA. "Será devastador para agricultores e, no final, para a cadeia de suprimentos e consumidores. Não terão alimentos".

 

Cadeias vulneráveis

 

A perspetiva de falta de mão de obra revela como a agricultura global está interconectada e expõe as dificuldades de produção e áreas de vulneráveis à cadeia de fornecimento.

 

Em muitos países chave para a produção de alimentos, o setor depende grandemente de trabalhadores imigrantes e migrantes para fazerem o trabalho que os cidadãos da classe média evitam, como a árdua tarefa dos apanhadores de tomate, as condições perigosas dos matadouros e, para muitos, o ambiente desagradável das grandes operações de alimentação de animais.

 

O momento para haver problemas de mão de obra não poderia ser pior. No hemisfério norte, os agricultores preparam-se para o pico de cultivo da primavera e do verão. Os criadores de gado também tendem a vender mais animais para abate nesta época do ano.

 

Embora as grandes operações de sementes e oleaginosas nos EUA não dependam tanto de trabalhadores sazonais, muitos operadores de frutas e legumes sim. As verduras, frutas vermelhas e pepinos provavelmente serão atingidos pela falta de trabalhadores sazonais, refere Guenther. Frutas como pêssegos, ameixas, nectarinas e citrinos serão afetadas em maio e junho, estima.

 

A embaixada dos EUA no México publicou um aviso no site anunciando a suspensão indefinida das entrevistas para concessão de vistos necessárias para processar pedidos de entrada nos EUA, inclusive para trabalhadores agrícolas sazonais sob o programa de vistos H-2A.

 

O Departamento norte-americano da Agricultura "está em contato direto com o Departamento de Estado e trabalha diligentemente para garantir interrupções mínimas nos pedidos de visto H-2A durante estes tempos incertos", salientou a agência em resposta por e-mail. "O governo está a fazer tudo o que é possível para manter a continuidade desse programa de importância crítica".

 

(Artigo original: Global Harvests at Risk With Travel Limits Squeezing Labor)

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