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Turismo de saúde: Governo quer tratar alemães em hospitais portugueses
A ideia é aproveitar o bom momento para o turismo nacional e atrair para o país doentes estrangeiros que queiram tratar-se nos hospitais privados nacionais. A Alemanha será um dos principais mercados alvos, mas há outros, como o Reino Unido, França ou os nórdicos.
O Governo está a preparar um conjunto de acções de promoção do turismo de saúde em Portugal e, num acordo com a Câmara de Comércio Luso Alemã, recebe esta quinta-feira, em Lisboa uma consultora alemã especialista em turismo de saúde.
A iniciativa integra-se numa acção de sensibilização sobre o tema e serve também para conhecer a experiência daquele país e lançar as bases para uma aposta nacional neste segmento do turismo, em que Portugal está agora a dar os primeiros passos.
"Estamos no centro do mundo e temos esperança de, à semelhança do que acontece com o turismo em geral, aproveitar o bom momento que o país atravessa e levar o turismo de saúde à boleia", explica José Manuel Boquinhas, coordenador do grupo de trabalho para o turismo de saúde no Ministério da Saúde.
Este grupo foi criado em Outubro passado e inclui representantes dos hospitais privados – quem tem a oferta e beneficiará dos fluxos de turistas –, a Confederação do Turismo de Portugal, a Secretaria de Estado do Turismo, o Turismo de Portugal e o Health Cluster Portugal, que reúne público e privado e se dedica a promover a competitividade da saúde no País nas diversas vertentes.
O mercado alemão é, precisamente, um dos alvos a alcançar, afirma José Manuel Boquinhas. "Os alemães vão trazer a sua experiência e o mercado alemão é muito interessante, na medida em que exporta muito turismo e é um dos que temos assinalados". Basicamente, fica mais barato às seguradoras alemãs mandarem os seus clientes para serem tratados em Portugal, mesmo tendo de suportar os custos das viagens e da estadia, admite o especialista.
Por outro lado, "Portugal tem neste momento uma oferta considerada de topo em matéria de medicina, o que será fundamental na atracção deste tipo de turismo.
Além da Alemanha, o Governo estuda aproximação a outros mercados, como o dos Emirados Árabes Unidos, Qatar, Estados Unidos ou outros países europeus, como o Reino Unido, a França ou os nórdicos, caso da Suécia, Finlândia ou Dinamarca.
"No Reino Unido, por exemplo, o SNS é muito deficitário e há listas de espera muito grandes; em França e em alguns países nórdicos, o país tem já sucesso junto de reformados que passam cá uma parte do ano, um mercado que pode ser também potenciado, acredita José Manuel Boquinhas.
Espanha é um dos principais concorrentes
Há muito que países como a Tailândia, a Índia ou a Turquia apostam no chamado turismo de saúde. Não só na realização de exames, meios complementares de diagnóstico e tratamentos propriamente ditos, mas também ao nível das cirurgias estéticas ou do bem-estar, com os chamados SPA.
A Turquia, muito popular entre os alemães, tem perdido quota de mercado por razões de segurança, o que poderá ser também uma oportunidade para Portugal. Para já, os grandes concorrentes são a Espanha, que já factura todos os anos mais de 500 milhões com turismo de saúde, a República checa e a Croácia.
Por cá, o Ministério da Saúde criou já uma plataforma – a Medical Tourism in Portugal – direccionada para estrangeiros e com informações sobre os grupos privados de saúde a operar em Portugal e, em geral, sobre a oferta médica que existe no país. Além disso, está preparada uma brochura destinada ao mercado estrangeiro e um vídeo promocional a apresentar em breve, as "ferramentas para atacar o mercado", remata José Manuel Boquinhas.