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PSD teme "tragédia" no SNS, partidos querem conhecer propostas dos sociais-democratas

O PSD considerou hoje que o Serviço Nacional de Saúde atravessa uma situação de "caos instalado" que poderá culminar numa "tragédia", e defendeu que "não é o tempo de esperar por milagres", mas ouviu críticas de não apresentar propostas.

14 de Outubro de 2020 às 19:10
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No período de declarações políticas que decorreu hoje na Assembleia da República, em Lisboa, o deputado social-democrata António Maló de Abreu reconheceu que a pandemia é "um dos maiores desafios de saúde pública das últimas décadas" mas acusou o Governo de navegar "à vista, ao sabor das circunstâncias", às vezes "em marcha à ré ou em contramão, vestido de aparências e de conveniências partidárias".

Na ótica do parlamentar, o executivo de António Costa abre "buracos para tapar buracos", "faz que anda mas não governa nem sai do sítio", e "procura desresponsabilizar-se, com o seu jeito sonso, como se tivesse acabado de chegar ao poder".

"A narrativa de passa culpas mil vezes batida, qual bombo de festa, revela uma obsessiva dependência da coligação PS, BE e PCP pelo canal história, a par de uma já crónica urticária pelo canal memória", frisou, ironizando que o primeiro-ministro "ainda tem a habilidade" de "os pôr a marchar, em indisfarçável toque de caixa, rumo à aprovação do orçamento".

O deputado do PSD justificou a sua posição com números dos primeiros nove meses do ano, referindo terem sido realizadas "menos cinco milhões de consultas presenciais nos cuidados primários" ao que acresce "menos um milhão de consultas nos hospitais", "menos 100 mil cirurgias programadas" e "menos 17 milhões de exames de diagnóstico e terapêutica" e que os portugueses têm de esperar em média "188 dias para uma primeira consulta hospitalar" ou "mais de seis meses para uma simples cirurgia".

"E esta é uma situação da maior gravidade, na medida em que expõe dramaticamente as atuais fragilidades do SNS em dar resposta às necessidades de saúde dos portugueses. Do caos instalado, só não vislumbra quem não quer, uma tragédia, a não serem tomadas medidas corajosas", defendeu Maló de Abreu, sublinhando que "este não é o tempo de esperar por milagres" porque o cenário é "catastrófico".

Pedindo ao Governo que coloque "a mão na consciência" e governe "a pensar nas pessoas", o deputado do PSD considerou que o executivo deveria ter, "logo na primavera, desenhado e posto em prática um plano nacional de emergência, visando a recuperação da atividade assistencial no SNS" e deveria ter "tratado da atribuição de médicos de família ao milhão de portugueses que ainda não os tem".

Em resposta, a deputada socialista Joana Lima acusou o PSD de ter feito uma intervenção para "destruir" e de não ter apontado "uma ideia, um caminho, uma medida, uma solução".

"Já que nada disse sobre propostas para fazer face à situação que vivemos" o que "é que o PSD fazia se estivesse no Governo numa situação tão complexa relativamente ao SNS, já que ninguém conhece as vossas propostas?", questionou.

Ressalvando que se vivem "momentos atípicos, momentos difíceis, com situações novas e desconhecidas", a socialista destacou que Portugal conta com "uns profissionais de saúde, um Governo, um SNS que estão à altura para dar resposta aos portugueses e aos utentes do SNS".

Joana Lima frisou ainda que o Orçamento do Estado para 2020 contemplou "um acréscimo de 900 milhões de euros", que o Orçamento Suplementar um reforço de "500 milhões de euros para fazer face às respostas necessárias para a covid-19" e que os portugueses "sabem bem o que este Governo tem feito e o que se propõe fazer na proposta de Orçamento do Estado para 2021".

Pelo BE, o deputado Moisés Ferreira acusou o PSD de ter feito "uma espécie de 'zapping'" na sua intervenção e de se ter excluído da procura de soluções, pondo-se "de fora do programa que é necessário".

Defendendo também que "da parte do BE as soluções são muito claras" e passam pelo reforço do SNS, o bloquista frisou que da parte dos sociais-democratas persistem "muitas dúvidas quais são as propostas" que trazem.

Lamentando que o PSD tenha vota contra uma proposta do PCP, de maio, de um plano de emergência para a saúde, Paula Santos (PCP) defendeu que a solução passa pelo reforço do SNS com mais meios e profissionais.

Por seu turno, o CDS-PP voltou a defender que a solução para aliviar a pressão sobre o SNS passa pela contratualização com o setor privado e social, aproveitando uma "capacidade instalada que o Governo nega existir".

Já o PAN quis saber a posição do PSD relativamente ao tempo que os cidadãos esperam por uma junta médica, ao que Maló de Abreu respondeu que é uma situação "absolutamente lamentável".

Apesar de defender que "em primeiro lugar, que é preciso investir mais no SNS", o deputado do PSD não deixou de apelar "à cooperação do sistema social e do privado, sem medo, sem questões ideológicas à partida" face à "necessidade absoluta" de dar resposta à situação atual provocada pela pandemia de covid-19.
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