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Os hospitais vão funcionar nos próximos dias? O impacto da greve dos médicos
Começa esta quarta-feira a greve de dois dos médicos, e a greve de zelo dos enfermeiros. Apesar disso, as urgências vão funcionar como se fosse fim-de-semana, e alguns serviços funcionarão normalmente. Leia as perguntas e respostas sobre a paralisação.
Quem é que vai fazer greve?
A greve de 10 e 11 de Maio foi convocada pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e abrange os médicos do Continente e das ilhas, independentemente do seu vínculo contratual. Nestes dois dias, os médicos recusam-se a prestar trabalho em período normal e extraordinário. Os médicos que trabalham em hospitais privados também estão abrangidos pelo pré-aviso de greve, mas não é previsível que adiram. Esta é a terceira vez em que as duas estruturas sindicais convocam uma paragem conjunta.
Os enfermeiros também vão parar?
Não, mas vão "abrandar". Esta quarta-feira tem também início uma greve de zelo dos enfermeiros, que decorre por tempo indeterminado, e que foi convocada pelo Sindicato dos Enfermeiros (SE) e pelo Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem (SIPE). Neste caso, os profissionais vão cumprir os seus horários de trabalho, mas sem pressas. "Na prática, só acabaremos de cuidar de um doente quando este tiver recebido todos os cuidados, independentemente do tempo que demorar. Não vamos andar a correr", explica José Azevedo, do SE.
É possível ir às urgências do hospital?
As urgências hospitalares vão funcionar com serviços mínimos, exactamente iguais aos que estão disponíveis aos fins-de-semana e feriados, e os sindicatos garantem que esses serviços serão "escrupulosamente cumpridos". Se for ao hospital deverá ser atendido, embora o mais provável seja ter de esperar mais do que o que seria habitual.
Que serviços é que vão continuar a funcionar?
Os médicos vão garantir o funcionamento normal de um conjunto de serviços: quimioterapia e radioterapia, diálise, urgência interna, dispensa de medicamentos para uso hospitalar, imunohemoterapia, recolha de órgãos e transplantes, cuidados paliativos em internamento. Funcionará ainda a punção folicular na procriação medicamente assistida que estiver em curso no Serviço Nacional de Saúde. Porém, vai haver cirurgias que não serão realizadas.
O que é que não vai estar a funcionar?
Se tiver consultas agendadas para amanhã e para quinta-feira no centro de saúde ou nas consultas externas dos hospitais, e o seu médico aderir à greve, o mais provável é que só saiba quando lá se dirigir e constatar que ele não está a trabalhar. Os centros de saúde não comunicaram aos utentes quais os médicos que vão fazer greve. O mesmo acontecerá com as cirurgias que estão marcadas. Em média, escreveu o Jornal de Notícias, realizaram-se 60.700 consultas de especialidade hospitalar e 2.886 cirurgias por dia em 2016, que podem estar em risco com esta greve.
Por que razão é convocada a greve?
Os sindicatos queixam-se que o Ministério da Saúde não está a aplicar de forma célere algumas das medidas em que se chegou a acordo. Um dos exemplos é a reposição das horas extraordinárias, que apenas deverão ser pagas a 100% a 1 de Novembro, algo que os médicos consideram ser inaceitável. Adicionalmente, a greve é convocada devido a questões como a demora na diminuição do número de utentes por médico, a limitação a 150 horas em serviço de urgência (hoje são 200) ou a imposição de um limite de 12 das 40 horas do período de trabalho em serviço de urgência.