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Médicos são "privilegiados" e "ganham rios de dinheiro"? Sindicato fala em "mitos"

Numa carta aberta publicada antes da greve nacional desta semana, o sindicato critica o "deliberado desrespeito" do Governo e até compara o salário dos médicos com o de juízes e professores universitários.

08 de Maio de 2017 às 10:45
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A greve nacional agendada para 10 e 11 de Maio foi convocada pelos médicos "porque se fartaram de ser interlocutores de um Governo e de um Ministério da Saúde que agem com deliberado respeito", acusa o Sindicato Independente dos Médicos (SIM).

 

Numa carta aberta dirigida aos cidadãos portugueses, a entidade liderada por Jorge Roque da Cunha, antecipa que "os responsáveis políticos e governamentais tudo farão para descredibilizarem os médicos e a sua luta e intoxicarem a opinião pública e a Comunicação Social com mentiras e mitos", aproveitando para "desde já desmentir as esperadas calúnias".

 

"Se tudo correr bem, um médico será especialista depois dos 30 anos", lembra o sindicato, recordando que "o privilégio" destes profissionais é terem cumprido "o mais longo e exigente" período de formação, incluindo uma prestação de "provas públicas" ao longo desse trajecto.

 

Os médicos também não "ganham rios de dinheiro", com a maioria a receber menos de dois mil euros líquidos, calcula uma das duas organizações sindicais que convocaram a paralisação para os dois dias que antecedem a visita do Papa. Os que ganham mais fazem-no com "múltiplo emprego" ou "à custa de trabalho em Serviço de Urgência, de 24 horas seguidas de trabalho, fazendo perigar a sua saúde, a estabilidade familiar e social e, mais grave, o atendimento correcto que os doentes merecem".

 

Ainda no que toca à remuneração, o SIM atesta que, "em escala comparativa", o médico é o funcionário público qualificado que menos leva para casa ao final do mês. "Nunca chegará ao vencimento de um professor universitário", sustenta, fazendo até uma comparação com os juízes e magistrados que "ao fim de sete anos" ganham o que um médico "pode aspirar a ganhar no final da sua vida activa e depois de múltiplos exames e provas públicas".

 

Na semana passada, depois de conhecida a decisão dos médicos de manter os dois dias de greve, o Ministério da Saúde emitiu um comunicado a sublinhar que existe "convergência" na maioria das matérias que estavam a ser discutidas e a lembrar que o calendário negocial definido com os sindicatos médicos só terminava em Setembro.

 

O pagamento das horas extraordinárias a 100% (reversão dos cortes e efeitos retroactivos a 1 de Janeiro), a redução para 12 horas no horário normal de trabalho nas urgências, a limitação do trabalho suplementar em serviço de urgência a 150 horas anuais (actualmente está nas 200 horas) ou a limitação da lista de utentes por médico de família. Estas são algumas das principais reivindicações dos sindicatos, que somam 30 pontos emitidos no pré-aviso de greve. O SIM está a divulgar nas redes sociais um guião e um documento com "perguntas frequentes".

 

Nesta carta aberta publicada a poucos dias da paralisação, o SIM contesta as "juras" de reconhecimento do trabalho dos médicos por parte do Ministério tutelado por Adalberto Campos Fernandes. Apresenta como "factos" que as entidades públicas empresariais prefiram contratar tarefeiros através de prestação de serviços para poupar nos vencimentos e na taxa social única; ou que os médicos mais novos, ao acabar a especialidade, fiquem "a receber como internos e a ter responsabilidade como especialistas nas unidades de saúde do Estado".

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