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Orçamento da saúde é melhor, mas não vai chegar, diz Correia de Campos
Ex-ministro lembra negociações em curso para valorizar carreiras do sector após anos de estagnação salarial.
Apesar de a Saúde conhecer um reforço no Orçamento do Estado para o próximo ano, aprovado nesta sexta-feira, António Correia de Campos entende que este será insuficiente para acompanhar as despesas até ao final do ano.
"Com certeza não vai ser suficiente", diz em entrevista ao Jornal de Negócios e Antena 1, no programa Conversa Capital.
O ex-ministro da Saúde dos governos de António Guterres e José Sócrates lembra, nomeadamente, o início da negociação para valorizações em várias carreiras profissionais do sector.
"Há atualizações e toda a gente com a mão estendida, naturalmente, porque houve muitos anos, desde 2009, sem melhorias salariais visíveis na função pública", assinala, recordando as "reclamações na rua" que se têm feito sentir com greves e manifestações .
Segundo o ex-ministro, "há uma situação de desconforto em muitos setores, de subretribuição, que agora é preciso recuperar".
Para 2023, o Governo prevê um aumento das despesas com pessoal da Saúde de apenas 2,9%.
Manuel Pizarro, atual ministro da Saúde, justificou no Parlamento este valor com o facto de algumas melhorias terem impacto ainda em 2022, sem que se reflitam numa subida de despesa no próximo ano. No já negociado descongelamento das carreiras de enfermeiros, com pontos de avaliação reconhecidos com efeitos a retroagirem ao início deste ano, o Governo diz que estima gastar ainda neste ano 72 milhões de euros.
Para 2023, a Saúde conta com 14,8 mil milhões de euros, mais 10,5% que previsão inicial do Orçamento para 2022. Mas, segundo Correia de Campos, a subida será apenas "ligeira" face à estimativa de despesa para o final deste ano. "Não é espetacular, mas é melhor", diz.