Notícia
Prémios Saúde Sustentável: Inovação é a marca dos cuidados de saúde
Estes primeiros cinco projetos fazem parte dos 15 selecionados para a final dos prémios Saúde Sustentável, e têm como denominador comum a inovação com que abordam a prestação de melhores cuidados de saúde. Uma ferramenta para uniformizar os cuidados de saúde, novas respostas sociais e de saúde no interior, melhores circuitos para o doente, as teleconsultas para a dor ou os kits de telemonitorização são as estratégias para uma saúde mais próxima.
- Projeto 1. Covid-19: a melhor estratégia clínica
- Projeto 2. Respostas sociais e de saúde para o interior
- Projecto 3. O circuito do doente oncológico em Braga
- Projeto 4. Consulta de dor por meios telemáticos
- Projeto 5. O kit de telemonitorização
Categoria - Cuidados de Saúde Centrados no Cidadão
Projeto - Health Medical Response and Information Exchange (HMR-IE)
Entidade - Hospital Dr. Francisco Zagalo - Ovar
Ovar foi um concelho fustigado pela pandemia de covid-19 tendo tido uma cerca sanitária de um mês, entre 17 de março e 17 de abril de 2020. Por isso, quando em 2021 o Hospital Dr. Francisco Zagalo – Ovar foi desafiado, pela Winning Scientific Management, para se juntar ao Instituto Pedro Nunes, o hospital disse que sim e assim nasceu o projeto Health Medical Response and Information Exchange (HMR-IE).
Como explica Luís Miguel Ferreira, presidente do conselho de administração do Hospital Dr. Francisco Zagalo – Ovar, “este projeto surge da necessidade de facilitar e robustecer o processo de decisão dos profissionais de saúde que, perante um paciente covid-19, precisam de tomar decisões quanto à estratégia clínica a adotar com um doente concreto”.
Espera-se com a sua implementação a mitigação de risco de mortalidade e dos impactos e do número de eventos de readmissão pós-covid-19, e o alinhamento de estratégias clínicas na abordagem a doentes covid-19. “Constitui uma ferramenta útil para todos os profissionais de saúde de apoio à tomada de decisão sobre a melhor estratégia clínica a seguir perante um doente covid-19. Por outro lado, aponta caminhos para a uniformização dos procedimentos na orientação de doentes covid-19”, conclui Luís Miguel Ferreira.
Luís Miguel Ferreira já desafiou a SPMS “para avaliar a pertinência de utilizar esta ferramenta no contexto nacional, introduzindo as melhorias que se entenderem necessárias após utilização por parte de mais clínicos”, refere.
Categoria - Cuidados de Saúde Centrados no Cidadão
Projeto - Aldeias Humanitar- Humanizar e Estar
Entidade - Aldeias Humanitar - Associação de Solidariedade Social
“A vontade de fazer alguma coisa, envolvendo todas as estruturas da comunidade, juntas de freguesia, municípios, IPSS, SNS, começou já em 2012 mas só foi possível pôr no terreno o modelo em 2017”, revela Domingos Pinto Nascimento. Nasceu em Sernancelhe e Penedono, e mais tarde alargou-se a Tabuaço e, mais recentemente, aos restantes município do Douro Sul.
Surgiu da necessidade de encontrar um modelo inovador nas respostas em saúde e sociais, “que preenchesse os vazios e fosse complementar, combatendo desta forma o desamparo humano, para lá da porta, cada vez mais evidente nas aldeias do interior de Portugal, em que a pessoa humana era agora vista como um todo. Física, sentimentalmente, analisada a qualidade de vida familiar e comunitária”, considera Domingos Pinto Nascimento. Acrescenta que “o Aldeias Humanitar antecipa respostas em saúde e sociais do futuro”.
A intervenção Humanitar fez em 2021 a diferença, no âmbito comunitário, a 1.424 pessoas. No nível SOS, com intervenção conjunta com a GNR, acompanha de forma regular 160 pessoas isoladas e em situação de particular vulnerabilidade. No nível Permanente, a intervenção Humanitar está a cuidar 93 pessoas. A linha Humanitar só em 2021 já deu resposta a mais de 400 pessoas.
O objetivo estratégico mais de caráter organizacional dos cuidados de saúde e sociais é o da criação no interior de Portugal de Redes Integradas de saúde e de Amparo Social, juntando o SNS, as instituições e os municípios, em respostas integradas capazes de contribuírem de forma consistente e sustentável para a melhor saúde das pessoas, do seu bem-estar, permitindo manter vivas as nossas aldeias.
Categoria - Cuidados de Saúde Centrados no Cidadão
Projeto - Melhoria do Circuito do Utente no Hospital de Dia Oncológico
Entidade - Hospital de Braga
Este projeto surgiu em março de 2021 pela necessidade de otimização dos circuitos dos utentes do Hospital de Dia Oncológico, algo ainda mais reforçado pelo facto de pandemia ter levado à definição de novos percursos e áreas distintas.
Numa parceria entre a consultora Lean Health Portugal e o Hospital de Braga, uma equipa multidisciplinar estudou entre março e junho de 2021 os processos para diminuir desperdício e melhorar a eficiência desta área hospitalar. Assim, o Hospital de Dia Oncológico foi analisado , identificando-se desperdícios e ineficiências que podiam ser melhoradas.
Os objetivos eram a melhoria do circuito do doente, a diminuição dos tempos de espera e uma maior eficiência na taxa de ocupação dos espaços de tratamento. Com este projeto, a equipa conseguiu alcançar o total de seis áreas distintas: melhoria do circuito do utente que levanta a sua medicação oral; a otimização da utilização das salas do serviço, o circuito geral do utente (que inclui idas ao HD para realizar consultas, colheita de sangue, tratamentos, entre outros); a melhoria da utilização das salas de tratamento e agendamentos, assim como a melhoria do circuito da folha verde e do espaço da equipa de farmácia.
O projeto mantém-se e vai-se alargar com mais quatro projetos em outros serviços. Mostra assim que pode ser replicado em outras instituições de saúde. A metodologia de gestão Lean potencia uma maior eficiência dos processos, nomeadamente na minimização dos tempos de ciclo, eliminando-se assim eventuais desperdícios.
Categoria - Inovação e transformação digital
Projeto - Gestão de doença crónica em pandemia: teleconsulta em pessoas com dor crónica
Entidade - USF Lethes, Unidade Local de Saúde do Alto Minho
Há vários anos que a USF Lethes faz o seguimento de pessoas com dor em contexto de cuidados de saúde primários, mas com a diminuição das consultas presenciais causadas pela pandemia de covid-19 decidiu criar uma teleconsulta da dor. “No início de 2020, criámos uma metodologia para poder contactar os doentes e fazer uma avaliação robusta e replicável destes através de um score que permite enquadrar a dor do doente e estabelecer qual a melhor resposta para o doente”, refere Raul Marques Pereira, médico e especialista em medicina geral e familiar.
a implementação foi gradual com afinações regulares ao nível da execução e, ao fim de dois meses, “já tínhamos os mecanismos afinados para o tornar um meio de seguimento replicável, eficaz e seguro”. Em 2020, mais de 60% das consultas de dor foram realizadas através de teleconsulta.
Em termos de resultados houve uma redução significativa dos níveis de dor dos doentes acompanhados e de índices de satisfação dos doentes em linha com os obtidos em consulta presencial, que já eram elevados. Segundo Raul Marques Pereira, “a dificuldade dos utentes em utilizar uma consulta à distância foi-se esbatendo gradualmente.”.
Este projeto pode ser replicável e utilizado no seguimento à distância das pessoas com dor ao nível dos cuidados de saúde primários e adaptado para outras doenças crónicas como a hipertensão arterial e a diabetes.
Categoria - Inovação e transformação digital
Projeto - A utilização de IoT na monitorização de doentes em hospitalização domiciliária
Entidade - Hospital Garcia de Orta, EPE
Este projeto teve início em abril de 2019, mas começou a funcionar em abril de 2020, como ferramenta de monitorização remota para doentes em hospitalização domiciliária que permitisse a monitorização próxima, remota e fiável dos doentes sem a necessidade de visitas presenciais. Foi desenvolvida pelo Hospital Garcia de Orta com a colaboração da Lean Health Portugal, Vodafone IoT Portugal e ThinkDigital.
O projeto consiste na criação e desenvolvimento de um kit de telemonitorização colocado em casa do doente que permite a monitorização e interação com o doente e tem nove dispositivos: esfigmomanómetro, oxímetro, termómetro, glucómetro, balança, sensor de queda, botão de pânico com GPS, um tablet, um hub de ancoragem e uma mochila.
Os profissionais da unidade podem em tempo real analisar os valores e avaliar e o doente pode visualizar a monitorização ao longo do internamento, através do tablet e há interação entre profissionais e doente com a possibilidade de videoconsultas.
Esta solução permitiu uma melhor articulação entre a UHD e os doentes em hospitalização domiciliária, o aumento da satisfação dos doentes, com níveis de confiança mais elevados. Esta solução aumentou o número de vagas na UHD, com a redução do número de visitas e de custos. Por sua vez, o número de infeções associadas aos cuidados de saúde diminuiu.
É replicável para a hospitalização domiciliária e programas de gestão da doença crónica como a insuficiência cardíaca, doença pulmonar crónica obstrutiva, diabetes ou até em programas de reabilitação.