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“Há muitos doentes por tratar”. Bastonário propõe programa para recuperar consultas, cirurgias e exames
O bastonário da Ordem dos Médicos faz as contas às consultas e cirurgias que ficaram por fazer por cauda da pandemia à quebra registada no serviço de urgências. Miguel Guimarães propõe um programa extraordinário de alguns meses, com mais autonomia para os hospitais, que ajude a recuperar alguns doentes.
Nos três meses de maior confinamento – março, abril e maio – houve menos 900 mil consultas hospitalares, numa quebra de 38% em termos homólogos; uma redução de 93 mil cirurgias, numa redução de de 57%, menos 3 milhões de consultas presenciais dos centros de saúde e uma redução de 44% no recurso aos serviços de urgência, em termos homólogos.
Os dados foram divulgados pelo bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, que em entrevista ao Negócios e à Antena 1 alerta para os casos de doenças com consequências potencialmente graves que não foram detetados pelo sistema durante o período mais crítico da pandemia e propõe um "plano de recuperação extraordinário" para recuperar consultas, cirurgias e meios complementares de diagnóstico.
Em causa estaria um plano de três a cinco meses que vá além das cirurgias e que na opinião de Miguel Guimarães deve ser acompanhado de um reforço da autonomia dos hospitais para contratar ou para estabelecer parcerias com o setor social, por exemplo.
Lembrando que há doenças potencialmente mais graves que a Covid-19 que podem não ter sido detetadas, Miguel Guimarães sugere ainda a realização de uma campanha que chame a atenção para isso.
"Era importante fazermos uma campanha a explicar que situações como o enfarte agudo do miocárdio, o acidente vascular cerebral, a insuficiência cardíaca, a doença pulmonar crónica obstrutiva ou a asma, as doenças oncológicas de uma forma geral - são mais graves do que a própria covid-19".
"O facto de as pessoas ficarem em casa e não acorrerem ao serviço de urgência se tiverem uma dor torácica aguda que pode ser um enfarte agudo do miocárdio… mesmo que não morra do enfarte agudo do miocárdio a pessoa vai ficar com uma cicatriz no coração que vai levar a uma insuficiência cardíaca grave. E morrer a curto, médio prazo".