Notícia
António Costa quer recurso do SNS aos privados só em caso de necessidade
O primeiro-ministro considera, num artigo de opinião no Público, que o Governo não pode perder a oportunidade de aprovar uma nova Lei de Bases da Saúde que privilegie a gestão pública, admitindo o recurso à gestão privada apenas excecionalmente e de forma temporária.
01 de Maio de 2019 às 11:59
Num artigo de opinião intitulado "Não perder a oportunidade de avançar", hoje publicado no jornal Público, António Costa alerta para a necessidade de celebrar os 40 anos do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que se assinalam este ano, com a aprovação de uma nova Lei de Bases.
O objetivo será o de aprovar uma lei que ponha termo a "esta descaracterização" que a atual Lei de Bases – aprovada em 1990 pelo PSD e pelo CDS – prossegue, ao considerar o apoio do Estado ao "desenvolvimento do setor privado da saúde (…) em concorrência com o setor público". Para o governante, tem de ser claro que o recurso à contratualização com o setor privado e social da prestação de cuidados de saúde está condicionado "à avaliação da sua necessidade".
O primeiro-ministro esclarece que a proposta da Lei de Bases da Saúde que o Governo apresentou na Assembleia da República procura priorizar algumas áreas, entre as quais o reforço do papel do Estado e a clarificação das suas relações com o setor privado e social. Neste sentido, avisa que deve ser o Estado o garante da promoção e da proteção da saúde através do SNS e que a contratação de entidades terceiras só deve ocorrer em casos de estrita necessidade.
"Ou seja, o Governo defende e privilegia a regra da gestão pública, assumindo que apenas pode recorrer à gestão privada em circunstâncias excecionais e devidamente fundamentadas, supletiva e temporariamente", escreve António Costa.
Com esta clarificação, considera que ficam afastados "os princípios da concorrência entre público e privado que a direita fez aprovar em 1990 e que diluíram nos últimos anos os princípios estabelecidos na Constituição".
Esta proposta está em linha com aquilo que é definido no programa do Governo, já que não foram criadas, nem se pretende criar, novas PPP, lembra o primeiro-ministro, sublinhando a pouca relevância da presença das PPP no universo do SNS: em 49 centros hospitalares e hospitais, quatro são geridos em regime de PPP.
A este propósito, recorda as próximas datas: a PPP de Braga terá gestão pública a partir de 01 de setembro, a de Cascais teve o seu contrato prorrogado em janeiro de 2019 e está em desenvolvimento o concurso para uma nova parceria, as de Vila Franca de Xira e de Loures estão em avaliação, devendo o Estado tomar uma decisão sobre a sua manutenção, respetivamente, em maio de 2019 e em janeiro de 2020.
Em causa estão "situações em que não seja possível garantir gestão pública", porque, para o governante, o direito dos cidadãos à saúde deve ser a prioridade do Estado e, nessa lógica, admite a manutenção de PPP sempre que o público não consiga fazer melhor do que o privado. "A decisão de não renovar os atuais contratos de gestão em regime de PPP depende da capacidade que o SNS tenha de, em cada momento concreto, gerir um determinado hospital em condições pelo menos iguais, senão superiores, às que foram asseguradas pelo parceiro privado. O direito dos cidadãos à saúde deve ser a nossa prioridade", escreve.
Taxas moderadoras e regime de exclusividade
António Costa diz ainda que o debate não está concluído e que os processos negociais são de aproximação e afastamento, mas salienta os compromissos já alcançados no âmbito da Lei de Bases, dando praticamente como certas medidas como a da exclusão do pagamento de taxas moderadoras nas prestações prescritas por profissionais do SNS ou a criação de condições que permitam aos profissionais de saúde trabalharem em regime de exclusividade.
"Uma lei progressista e centrada nas pessoas e no seu acesso a cuidados de saúde de qualidade", como classifica António Costa, que termina o artigo de opinião com um aviso: "Ninguém nos perdoará se perdermos esta oportunidade, mantendo em vigor a lei que PSD/CDS aprovaram em 1990".
Na terça-feira, o jornal Público divulgou uma carta aberta dirigida ao secretário-geral do PS, assinada por dezenas de personalidades das áreas da Saúde, Política e Cultura, que defendia maior clareza na distinção entre público e privado e criticava a manutenção das parcerias público-privadas.
A carta aberta surge depois da polémica sobre as negociações do texto da Lei de Bases, com o Bloco de Esquerda a apresentar o fim das parcerias público-privadas e das taxas moderadoras nos cuidados primários e nos atos prescritos por profissionais como pontos a que tinha chegado a acordo com o Governo e o executivo a esclarecer que não tinha fechado qualquer acordo.
Depois disso, na passada quarta-feira, o grupo parlamentar do PS propôs que as PPP na saúde, no futuro, passem a ter um caráter temporário "supletivo" em relação à gestão pública, requerendo uma explicação "devidamente fundamentada".
As propostas para o texto da nova Lei de Bases da Saúde estão em discussão na especialidade parlamentar e várias foram já as cartas abertas assinadas por centenas de personalidades sobre o assunto.
O objetivo será o de aprovar uma lei que ponha termo a "esta descaracterização" que a atual Lei de Bases – aprovada em 1990 pelo PSD e pelo CDS – prossegue, ao considerar o apoio do Estado ao "desenvolvimento do setor privado da saúde (…) em concorrência com o setor público". Para o governante, tem de ser claro que o recurso à contratualização com o setor privado e social da prestação de cuidados de saúde está condicionado "à avaliação da sua necessidade".
"Ou seja, o Governo defende e privilegia a regra da gestão pública, assumindo que apenas pode recorrer à gestão privada em circunstâncias excecionais e devidamente fundamentadas, supletiva e temporariamente", escreve António Costa.
Com esta clarificação, considera que ficam afastados "os princípios da concorrência entre público e privado que a direita fez aprovar em 1990 e que diluíram nos últimos anos os princípios estabelecidos na Constituição".
Esta proposta está em linha com aquilo que é definido no programa do Governo, já que não foram criadas, nem se pretende criar, novas PPP, lembra o primeiro-ministro, sublinhando a pouca relevância da presença das PPP no universo do SNS: em 49 centros hospitalares e hospitais, quatro são geridos em regime de PPP.
A este propósito, recorda as próximas datas: a PPP de Braga terá gestão pública a partir de 01 de setembro, a de Cascais teve o seu contrato prorrogado em janeiro de 2019 e está em desenvolvimento o concurso para uma nova parceria, as de Vila Franca de Xira e de Loures estão em avaliação, devendo o Estado tomar uma decisão sobre a sua manutenção, respetivamente, em maio de 2019 e em janeiro de 2020.
Em causa estão "situações em que não seja possível garantir gestão pública", porque, para o governante, o direito dos cidadãos à saúde deve ser a prioridade do Estado e, nessa lógica, admite a manutenção de PPP sempre que o público não consiga fazer melhor do que o privado. "A decisão de não renovar os atuais contratos de gestão em regime de PPP depende da capacidade que o SNS tenha de, em cada momento concreto, gerir um determinado hospital em condições pelo menos iguais, senão superiores, às que foram asseguradas pelo parceiro privado. O direito dos cidadãos à saúde deve ser a nossa prioridade", escreve.
Taxas moderadoras e regime de exclusividade
António Costa diz ainda que o debate não está concluído e que os processos negociais são de aproximação e afastamento, mas salienta os compromissos já alcançados no âmbito da Lei de Bases, dando praticamente como certas medidas como a da exclusão do pagamento de taxas moderadoras nas prestações prescritas por profissionais do SNS ou a criação de condições que permitam aos profissionais de saúde trabalharem em regime de exclusividade.
"Uma lei progressista e centrada nas pessoas e no seu acesso a cuidados de saúde de qualidade", como classifica António Costa, que termina o artigo de opinião com um aviso: "Ninguém nos perdoará se perdermos esta oportunidade, mantendo em vigor a lei que PSD/CDS aprovaram em 1990".
Na terça-feira, o jornal Público divulgou uma carta aberta dirigida ao secretário-geral do PS, assinada por dezenas de personalidades das áreas da Saúde, Política e Cultura, que defendia maior clareza na distinção entre público e privado e criticava a manutenção das parcerias público-privadas.
A carta aberta surge depois da polémica sobre as negociações do texto da Lei de Bases, com o Bloco de Esquerda a apresentar o fim das parcerias público-privadas e das taxas moderadoras nos cuidados primários e nos atos prescritos por profissionais como pontos a que tinha chegado a acordo com o Governo e o executivo a esclarecer que não tinha fechado qualquer acordo.
Depois disso, na passada quarta-feira, o grupo parlamentar do PS propôs que as PPP na saúde, no futuro, passem a ter um caráter temporário "supletivo" em relação à gestão pública, requerendo uma explicação "devidamente fundamentada".
As propostas para o texto da nova Lei de Bases da Saúde estão em discussão na especialidade parlamentar e várias foram já as cartas abertas assinadas por centenas de personalidades sobre o assunto.