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Pedro Nuno Santos defende separação clara entre liberais e socialistas na UE
O dirigente socialista Pedro Nuno Santos defendeu esta terça-feira que os socialistas devem assumir também na Europa uma dialética de "tensão permanente" face aos liberais, considerando que a indiferenciação destas correntes contribuiu para o crescimento da extrema-direita.
Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e apontado como potencial candidato à sucessão de António Costa na liderança do PS, falava no parque de exposições de Aveiro, num discurso em que fez uma espécie de autocrítica do seu partido em governos passados [António Guterres e José Sócrates] por também se ter aproximado do centro direita, designadamente prosseguindo políticas de privatizações.
Mas o antigo líder da JS deixou, sobretudo, alguns recados sobre qual a estratégia que defende para o seu partido no plano europeu, depois de referências elogiosas à ação do atual executivo socialista, liderado por António Costa e apoiado no parlamento por BE, PCP e PEV.
Numa intervenção considerada "fora da caixa" face a perspetivas federalistas muito comuns no PS, Pedro Nuno Santos salientou, em contrapartida, a necessidade de respeito pelas "democracias nacionais".
Por outro lado, passou uma mensagem de afastamento em relação aos tradicionais acordos de partilha de lugares de responsabilidade entre socialistas e conservadores nas principais instituições europeias.
"Queremos que a nossa batalha não se fique pelas fronteiras nacionais e vá ao coração da Europa, porque temos de nos bater contra quem quer impor uma resposta liberal, que não diminuirá o populismo, mas, pelo contrário, aumentará a insegurança, a incerteza e o medo - fatores dos quais se alimenta o extremismo de direita. Teremos também de combater uma resposta uniforme, que não respeita a diferença entre os países, que esmaga as democracias nacionais", declarou.
Para Pedro Nuno Santos, a União Europeia que apoia "respeita a vontade dos povos, respeita as democracias nacionais, porque só respeitando as democracias nacionais se conseguirá também combater os populismos".
"Precisamos de uma tensão construtiva e saudável nas instituições europeias, porque democracia é isso: É conflito, é dialética, é dicotomia, é diferença, com capacidade de dialogar e de compromisso. A democracia na Europa tem de ter essa tensão permanente", insistiu.