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Recontagem em Almada? Não, as actas é que não batiam certo

Os resultados finais de Almada foram apurados na madrugada desta segunda-feira, mas ao início da tarde o escrutínio voltou a abrir. Apesar de se suspeitar de uma recontagem de votos, ela não aconteceu. Havia era um problema com os valores nas actas.

Inês Gomes Lourenço
02 de Outubro de 2017 às 18:09
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Por volta da 1:30 desta segunda-feira, a página oficial das eleições autárquicas dava por terminada a contagem de votos em Almada e certificava que o PS tinha protagonizado uma das grandes surpresas deste domingo, ao conquistar Almada, uma câmara que esteve sempre em mãos comunistas desde 1976. Porém, ao início da tarde desta segunda-feira, a contagem voltou a surgir como não encerrada, faltando apurar os resultados de duas freguesias.

 

Essa retomada do processo de apuramento causou surpresa: estaria em curso uma recontagem de votos? O PCP poderia voltar a recuperar Almada? Até porque entre os resultados finais desta madrugada e os que surgiram ao início da tarde, Inês de Medeiros, que sai igualmente vitoriosa, aumentou a margem da vitória para 313 votos (ontem tinha ganho com 213 votos de vantagem).

 

O Negócios enviou questões para a Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna (SGMAI), responsável pelo escrutino provisório dos actos eleitorais, mas não recebeu respostas. Quem ajudou a esclarecer a situação foi o (ainda) presidente da câmara de Almada, Joaquim Judas, que agora será substituído no cargo por Inês de Medeiros, do PS.

 

Ao Negócios, o autarca conta que não houve uma recontagem de votos, até porque isso, de acordo com a Comissão Nacional de Eleições, seria ilegal. O problema foi a desconformidade de resultados que foram inscritos nas actas de cada mesa de voto que acompanham as urnas, que estão seladas. "O que me informaram é que em muitas dessas actas, os dados com os resultados de cada mesa estavam rasurados. E foi a própria SGMAI que deu conta que os resultados das actas não batiam certo com o número de votantes", explicou o autarca.

 

"Depois de se contarem os votos, as urnas são fechadas e lacradas, e são enviadas para a Assembleia de Apuramento Geral. Só lá é que podem voltar a ser abertas", detalhou Joaquim Judas. "A acompanhar cada urna segue uma acta com os resultados que foram apurados nessa urna: quantos votos tem cada força política, quantos brancos, quantos nulos, etc", prossegue.

 

"O que aconteceu foi que, quando preencheram as actas, alguns dos números foram rasurados, porque alguém disse que o número não era aquele, era outro. Então rasuraram e colocaram o número novo em várias mesas". Esta segunda-feira, como a SGMAI detectou que "a soma de eleitores e votantes não batia certo", procedeu-se a "nova contagem das somas de cada acta eleitoral". E foi aí que se percebeu que "havia 100 votos para o PS em duas mesas que não foram contabilizados".

 

Nova contagem de votos só a partir de amanhã. Hoje seria ilegal

 

O Negócios questionou também a Comissão Nacional de Eleições (CNE) sobre o assunto. O porta-voz, João Machado, disse que o apuramento provisório dos resultados não é da responsabilidade desta entidade, e que a informação que o MAI tinha dado sobre este caso era que "se tratava de uma questão informática".

 

Uma nova contagem de votos seria ilegal. "A haver, não seria hoje. Estaríamos perante uma violação grosseira da lei se isso acontecesse. Podem contar os votos quantas vezes quiserem antes de fechar a urna, mas depois de fechada, ela só pode ser aberta na Assembleia de Apuramento Geral", que começa amanhã em cada um dos 308 municípios. E mesmo nessa assembleia, só há recontagens se houver reclamações.

Além de Almada, ao início da tarde foi também reaberto o apuramento de votos no Alvito e numa freguesia de Felgueiras.

Em Almada, o PS registou 31,3% dos votos e a CDU ficou com 30,8%. Ambos elegeram quatro vereadores. O PSD, com 14,1% dos votos, elege dois vereadores e o Bloco de Esquerda (9,6%) elege um.

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