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PCP regista o pior resultado de sempre em eleições autárquicas

Mesmo que consiga manter a câmara do Barreiro (e esse cenário é muito improvável), este é o pior resultado de sempre da CDU em eleições autárquicas, porque terá, na melhor das hipóteses, 25 câmaras. Até hoje, o pior resultado tinha sido 28 câmaras.

Sérgio Lemos/Correio da Manhã
02 de Outubro de 2017 às 02:09
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Ainda não há resultados finais, mas já há uma certeza: este é o pior resultado eleitoral do PCP em eleições autárquicas. Até hoje, os comunistas – que concorrem coligados com os Verdes na CDU – tinham como pior resultado um total de 28 câmaras municipais, em 2001 e em 2009. Mas esta noite não vai conseguir mais do que 25 câmaras. E isso se o Barreiro não cair em mãos socialistas, como parece provável que aconteça – nesse caso, o PCP controlaria apenas 24 autarquias.

Ou seja, os comunistas perderam garantidamente nove câmaras, que muito provavelmente chegarão a 10 se o Barreiro passar para o PS. Acresce ainda o facto de os comunistas terem perdido a maioria absoluta em Palmela e no Seixal.

O PCP tinha conseguido ganhar 34 câmaras em 2013, ano em que conquistou seis novas presidências face a 2009, que foi quando repetiu o seu pior resultado de sempre, de 2001: 28 câmaras.

 

Este ano, os comunistas esperavam pelo menos manter os seus municípios, mas a votação foi madrasta. A noite começou a correr mal quando a câmara de Beja caiu para o PS, mas as surpresas não ficaram por aí. Pouco depois, a câmara de Alcochete, que viu o actual presidente impedido de se recandidatar, também passou para mãos socialistas.

O mesmo aconteceu em Barrancos, Alandroal, Castro Verde, Moura e Constância, todas ganhas pelo PS. Em Peniche, outro município em que o actual autarca não se recandidatou, a vitória foi de um movimento independente liderado por Henrique Bertino, que foi eleito presidente da junta de freguesia de Peniche precisamente pela CDU há quatro anos. Os comunistas ficaram em quarto lugar.

41 anos depois, Almada deixa o PCP

Mas a grande surpresa foi a derrota eleitoral em Almada, que desde 1976 esteve sempre em mãos comunistas. O actual presidente da câmara, Joaquim Judas, ficou a 213 votos do primeiro lugar, conquistado por Inês de Medeiros, a candidata do PS. Ambas as candidaturas conseguiram quatro vereadores (o PSD conquistou dois e o Bloco de Esquerda um). Também Castro Verde era um bastião comunista desde as primeiras autárquicas após o 25 de Abril.

Mas também o Barreiro pode passar a ser liderado pelo PS. Com metade dos votos contados, os socialistas, encabeçados por Frederico Rosa, lideram com 37,4%, seguidos da CDU, com 33%. O actual autarca do Barreiro, Carlos Humberto, que em 2005 resgatou o município ao PS (a única vez que os comunistas não venceram foi 2001) está impedido de se recandidatar e o PCP apostou na sua vice-presidente. Mas a aposta não terá convencido o eleitorado.

Num comentário aos resultados eleitorais, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, assumiu, ainda este domingo, que os comunistas perderiam entre nove a 10 câmaras. "Não podendo a leitura do resultado da CDU ser confinada ao do número de maiorias absolutas, a perda de presidências de câmaras municipais - que pode atingir nove ou dez - é, sobretudo, uma perda para as populações, que não demorarão a perceber o quanto errada foi a sua opção", observou.

O melhor resultado eleitoral autárquico do PCP foi obtido em 1982, quando os comunistas se apresentaram a votos integrados na Aliança Povo Unido (APU), com o Movimento Democrático Português - Comissão Democrática Eleitoral (MDP/CDE). Nesse ano, o PCP conseguiu 54 câmaras municipais. Em 1989, já a concorrer na CDU, o PCP voltaria a ter 50 câmaras. A partir daí tem sido quase sempre a descer, apesar das tímidas recuperações de 2005 e 2013.

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