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Merkel vence com maioria absoluta
Os conservadores CDU-CSU da chanceler alemã Angela Merkel venceram este domingo, com maioria absoluta, as eleições legislativas, de acordo com estimativas das cadeias de televisão públicas da Alemanha.
Angela Merkel poderá governar sozinha, sem necessitar de recorrer a uma coligação com os sociais-democratas (SPD), indicam as estimativas divulgadas às 17:10 TMG (18:10 em Lisboa).
A última vez que esta situação ocorreu foi em 1957, com o chanceler Konrad Adenauer.
Aos 59 anos, a chanceler alemã confirmou o estatuto de mulher mais poderosa do mundo, ao tornar-se na primeira dirigente europeia a ser reconduzida no cargo, depois da crise financeira e monetária que abalou a UE.
A chanceler deu ao partido CDU o melhor resultado desde a reunificação do país, em 1990, com 42,5% dos votos, uma subida de cerca de nove pontos percentuais relativamente à última eleição em 2009, de acordo com projecções baseadas nos resultados parciais difundidas pela cadeia pública ZDF.
Merkel apareceu sorridente junto dos apoiantes, para se congratular pelo "super-resultado" e prometer "quatro novos anos de êxitos". Considerou ser "demasiado cedo" para se pronunciar sobre o caminho a seguir em termos de alianças. Mas, a confirmarem-se as projecções, a chanceler poderá dirigir a Alemanha sem parceiro de coligação. Prudente, Merkel declarou ser preciso "aguardar os resultados definitivos", ao mesmo tempo que sublinhou "já ter o direito de festejar".
A CDU surge bem distante do partido social-democrata (SPD), que com 25,9% dos votos (mais 2,9 pontos) está mais próximo do fraco resultado de há quatro anos.
O aliado liberal de Merkel, o FDP, foi afastado do parlamento pela primeira vez no pós-guerra, com o resultado mais baixo de sempre: 4,6%, de acordo com as projecções.
Os Verdes também baixaram para 8% (menos 2,7 pontos), vítimas de uma má estratégia de campanha e de uma polémica sobre a tolerância passada do movimento relativamente à pedofilia.
A esquerda radical, Die Linke, desceu 3,5 pontos percentuais, com 8,4% dos votos.
Com o segundo pior resultado do pós-guerra, o SPD parece ter sido derrotado pela desastrosa campanha do candidato Peer Steinbruck, repleta de 'gaffes' e polémicas. "Não conseguimos o resultado pretendido", reconheceu Steinbruck.
Em termos de lugares, a CDU-CSU conquistou 304 mandatos num total de 606. Três partidos de esquerda estarão representados no Bundestag: o SPD (185 lugares), o Die Linke (60) e os Verdes (57).
Os eleitores alemães (61,8 milhões) aprovaram a gestão que Merkel fez da crise do euro e de ter sabido proteger a primeira economia europeia. Durante a campanha, a chanceler destacou o bom estado das finanças públicas e a descida do desemprego, para 6,8%.
Nenhum dos seus homólogos de Espanha, França, Itália ou Reino Unido foi reeleito desde o início da crise financeira. Na Alemanha do pós-guerra, só Konrad Adenauer e o chanceler da reunificação Helmut Kohl cumpriram três mandatos na chefia do governo.
Se a maioria absoluta dos conservadores não for confirmada pelos resultados definitivos, Merkel deverá provavelmente formar "uma grande coligação" com o SPD, como no primeiro mandato (2005-2009).
Um novo movimento anti-euro, criado na primavera, a AfD (Alternativa para a Alemanha) conseguiu um bom resultado, de 4,9%, inferior aos 5% necessários para entrar no parlamento.
(notícia actualizada às 20h05)