Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Troika entra na campanha das presidenciais

Primeira visita da troika na era Costa põe em cima da mesa reforço da flexibilidade laboral. Candidatos presidenciais do Bloco e PCP avisam que não há mais nada a fazer. Maria de Belém antecipa recusa do Governo.

Pedro Elias/Negócios
18 de Janeiro de 2016 às 19:36
  • ...

Na última semana de campanha, os candidatos do Bloco de Esquerda e do PCP quiseram deixar bem claro que não aceitarão medidas que flexibilizem o mercado de trabalho. Marisa Matias e Edgar Silva reagiam assim a informações que dão conta que a troika se prepara para recomendar ao Governo de António Costa medidas que facilitem os despedimentos. Uma sugestão que, segundo a candidata Maria de Belém, não deverá ser adoptada pelo Executivo.

A troika chega a Lisboa na quarta-feira da próxima semana, para a terceira avaliação pós-programa, a primeira desde que o António Costa chegou ao Executivo. Na bagagem, os credores internacionais trazem uma lista de 18 exigências com o objectivo de melhorar o investimento empresarial, revelou hoje o Diário de Notícias, que citava um documento de trabalho da equipa da Comissão Europeia. Os avaliadores defendem que continua a ser difícil despedir trabalhadores (individualmente).

A recomendação deixou alguns candidatos presidenciais de sobreaviso, nomeadamente, os do Bloco de Esquerda e do PCP - partidos que assumem uma posição crítica em relação a medidas que tenham como objectivo flexibilizar o mercado de trabalho - e que na primeira avaliação da era Costa têm um peso maior, já que suportam no Parlamento o Executivo socialista.

"Não há mais por onde flexibilizar, não é esse o caminho e, portanto, acredito profundamente que essa recomendação esbarre na porta porque não há mais para flexibilizar. O que há é recuperar os direitos laborais que foram retirados, recuperar os direitos de contratação colectiva. Isso sim é o que há a fazer no país", disse esta segunda-feira Marisa Matias, citada pela Lusa, quando questionada pelos jornalistas, em Vila Nova de Gaia. Na opinião da candidata bloquista "já se flexibilizou tudo".

Também Edgar Silva, o candidato do PCP às presidenciais prometeu, caso vença as eleições,  vetar "tudo quanto atente contra direitos, liberdades e garantias dos trabalhadores".

A socialista Maria de Belém antecipou que a recusa de respeitar aquela recomendação deverá ser o caminho seguido por António Costa. "Essa é a posição que serve o país", afirmou a candidata. No Programa de Governo não estão previstas medidas que flexibilizem o mercado de trabalho, antes pelo contrário. O documento, que resultou da negociação com o Bloco de Esquerda, PCP e Verdes, prevê inclusivamente a criação de uma taxa para a Segurança Social para as empresas que mais recorrem à rotação de trabalhadores, o que deixa antever que o Governo de Costa não deverá mostrar abertura nesta matéria, perante uma insistência das autoridades internacionais.

Durante o programa de ajustamento, que decorreu entre 2011 e 2014, o governo anterior adoptou várias medidas que tornaram o despedimento mais barato: a redução das indemnizações por despedimento e a agilização dos despedimentos por extinção de posto de trabalho e por inadaptação.   

Ver comentários
Saber mais Eleições presidenciais; troika; trabalho
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio