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Trinta anos depois, Machete regressa ao Governo para chefiar a diplomacia

Militante histórico do PSD passou por dois governos, pelo Banco de Portugal e presidiu à Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD). Aos 73 anos, Rui Machete está de volta à política activa. É o grande veterano e a grande surpresa neste novo elenco governativo

Sérgio Lemos/Correio da Manhã
23 de Julho de 2013 às 21:11
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Aos 73 anos anos, e quase três décadas depois de ter exercido o último cargo num Governo, Rui Machete está de regresso à política activa. Este militante histórico do Partido Social Democrata (PSD), de que foi brevemente presidente em 1985, sucede a Paulo Portas como ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros.

 

Licenciado em Direito, Machete desempenhou o primeiro cargo governativo em 1975, como secretário de Estado da Emigração, tendo sido depois ministro dos Assuntos Sociais. Foi vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa no governo de bloco central liderado por Mário Soares. Docente na Universidade Católica e deputado em várias legislaturas, foi administrador do Banco de Portugal e presidiu entre 1985 e 2010 à Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD).

 

Escreve a Lusa que o fim do seu mandato na FLAD foi marcado por polémica, depois de terem sido tornados públicos telegramas diplomáticos de embaixadores norte-americanos, que o acusavam de "ser crítico dos EUA" e de gastar uma parte considerável das despesas da fundação com o funcionamento da organização, através da qual terá atribuído "bolsas para pagar favores políticos".  Na saída, Rui Machete rejeitou essas acusações e afirmou-se "cansado dos aborrecimentos com embaixadores" norte-americanos. Desde então, mantinha-se apenas como consultor jurídico da firma de advogados PLMJ&Associados, em Lisboa.

 

Em Abril deste ano, ainda a crise política não tinha deflagrado, Rui Machete dizia que um cenário de eleições antecipadas, como o que era reclamado pela oposição, seria neste momento "desastroso" para o país. Machete dizia também que o país precisa de um consenso entre os actores políticos para ultrapassar as dificuldades.

 

Em entrevista ao jornal i no início deste  ano, advertia que a situação é actualmente mais grave do que a que o país enfrentara nos anos 80, quando integrou o Governo de bloco central que teve de negociar a intervenção do FMI. “Essa é a grande diferença, e portanto obriga a políticas de austeridade mais graves e durante mais tempo. Nessa altura o chamado governo do Bloco Central globalmente entendeu-se bastante bem e permitiu sair da crise e entrar na Comunidade Europeia. Na altura esse governo não foi reconhecido como hoje é, mas a verdade é que a situação é

indubitavelmente mais grave”.

 

Na mesma entrevista, Machete relativizava as divergências na actual coligação de Governo, considerando que, no actual contexto, “não há alternativa real” de políticas. “A política não seria muito diferente com outra coligação, de partidos razoáveis”.

 

O veterano social-democrata defendia ainda Pedro Passos Coelho dos que o acusam de ser demasiado liberal e de ter comprometido a matriz ideológica do próprio partido.  “Não é uma política liberal. A intervenção do Estado é elevada, os impostos aumentaram. Mas neste momento é complicado que a intervenção do Estado seja menor. Acho que essa discussão é estéril. Quando sairmos da crise podemos discutir se deve haver maior ou menor intervenção do Estado, mas neste momento não há grandes hipóteses de seguir outra política” .

 

 

(notícia actualizada às 21h45)

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