O líder do PS criticou esta quinta-feira a forma e 'timing' da divulgação de uma notícia de que o executivo não pretende reconduzir Mário Centeno como governador do Banco de Portugal, considerando que "diz muito sobre quem governa".

"As notícias de hoje de que o Governo já decidiu, um dia depois ou poucas horas depois de uma entrevista em que o governador do Banco de Portugal, que é de uma qualidade indiscutível em Portugal e na Europa, manifestou a sua vontade [em continuar no cargo], o Governo 'em off' dizer que o governador não será reconhecido (...) é no mínimo feio, deselegante e diz muito sobre as pessoas que hoje governam Portugal", criticou Pedro Nuno Santos.

Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, o líder dos socialistas realçou que "não há muitas pessoas" em Portugal "com o currículo que Mário Centeno tem".

Em causa está uma notícia da SIC, divulgada hoje, de que o Governo não vai reconduzir Mário Centeno no atual cargo.

Após a divulgação desta notícia, o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, afirmou que o Governo tomará uma decisão sobre a recondução de Mário Centeno mais próximo do final do mandato, e que o tema "nunca foi comentado em Conselho de Ministros" e "nunca foi objeto de qualquer conversa" entre si e o primeiro-ministro.

Em conferência de imprensa após o Conselho de Ministros, Miranda Sarmento considerou ser "extemporânea qualquer notícia sobre o assunto".

Interrogado sobre estas declarações, Pedro Nuno respondeu: "É extemporânea, mas não desmentiram a notícia".

"Queremos em Portugal políticos que governem bem, que nos resolvam problemas e que estejam na vida e na política de forma séria e respeitosa para com terceiros, para com os outros. Nós temos que respeitar os outros e a forma como esta notícia sai não é de pessoas que tenham respeito pelos outros", lamentou.

Deixando elogios ao currículo de Mário Centeno, Pedro Nuno Santos disse estar convicto de que "a maioria dos portugueses acha que Mário Centeno deveria continuar como governador do Banco de Portugal".

"E digo mais, fazem-se tantas sondagens, pergunte-se se acham que o governador do Banco de Portugal deve ou não ser reconduzido. Eu tenho a certeza que o eleitorado, que quem vota no Partido Socialista e quem vota no PSD acha que Mário Centeno deve continuar governador do Banco de Portugal", afirmou.

O ex-ministro das Finanças do Governo de António Costa é governador desde 20 de julho de 2020 e o seu mandato de cinco anos termina em julho deste ano.

O cargo de governador do Banco de Portugal é apenas renovável por uma vez, para um mandato da mesma duração.

Em entrevista à RTP3, na quarta-feira à noite, Mário Centeno disse que já no passado afirmou que trabalhava para fazer um segundo mandato como governador e que "esse objetivo" se mantém pois nunca trabalhou para apenas "passar com 10".

"O meu foco é completar o meu mandato, há um segundo mandato, nunca desempenhei as minhas funções para passar com 10", afirmou Centeno.