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Teixeira dos Santos: críticas de Costa e Marcelo a Lagarde foram "despropositadas"
O primeiro-ministro está a tentar “agradar” às famílias mais afetadas, mas não apresenta uma alternativa, diz o antigo ministro das Finanças, em entrevista ao Público e à Rádio Renascença. Defendendo que não há folga orçamental enquanto a dívida for elevada, Teixeira dos Santos defende o fim de apoios a nível dos combustíveis e energia.
Teixeira dos Santos sai em defesa do mandato do Banco Central Europeu (BCE) e classifica como "despropositadas" as críticas de António Costa, Marcelo Rebelo de Sousa e de outros partidos políticos a Christine Lagarde.
"A subida das taxas de juro procura colocar um travão no aumento da procura de bens e serviços na economia para que esse aumento não seja ele próprio um fator que alimente a inflação. Os governos, com os apoios que estão a dar, estão a alimentar a procura e portanto, há aqui uma contradição", afirma, em entrevista ao Público e à Rádio Renascença.
O antigo ministro das Finanças considera as declarações do primeiro-ministro, do Presidente da República e dos partidos políticos "despropositadas". Teixeira dos Santos diz que "não é neste momento" que se deve questionar o papel do BCE, que resultou de "um acordo entre os chefes de Governo e de estado dos países do euro" – está "nos tratados".
Referindo que António Costa quer "agradar" às famílias mais afetadas, acrescenta que o primeiro-ministro "não apresentou uma via alternativa para combater a inflação".
Teixeira dos Santos diz "um país que tem uma dívida que andará nos 110% do PIB não se pode iludir com a chamada folga orçamental" e considera que esta deve servir para reduzir o peso da dívida, alguns apoios sociais e um alívio fiscal no IRS.
Apoios ao nível dos combustíveis ou da energia, pelo contrário, já não se justificam, diz o ex-ministro das Finanças do governo de José Sócrates.