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Sírios impedidos de embarcar num voo da TAP para Lisboa

Sírios tentam fugir, a todo o custo, de um país martirizado pela guerra civil. São apanhados por redes mafiosas e chegam a pagar cinco mil euros por documentos falsos que lhe permitam entrar na Europa.

Reuters
16 de Janeiro de 2014 às 00:01
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Onze cidadãos sírios, com passaportes falsos que os identificavam como tendo a nacionalidade romena, tentaram embarcar na cidade de Fortaleza, Brasil, num voo da TAP para Lisboa. O caso ocorreu a 11 de Janeiro e o grupo, onde se incluíam duas crianças com menos de dois anos, apresentaram bilhetes para uma viagem Fortaleza/Lisboa.

Os 11 sírios, aparentemente refugiados, acabaram por ser detectados pela polícia brasileira e impedidos de embarcar. A capital portuguesa seria apenas uma escala para a cidade francesa de Toulouse, o destino final que constava nos bilhetes apresentados por este grupo de sírios. A TAP, contactada pelo Negócios, não quis comentar este caso.

No final do ano passado, a TAP já havia sido confrontada com a questão dos refugiados sírios. Na altura, depois de uma acção de intimidação, a TAP viu-se forçada a transportar entre Bissau e Lisboa 74 cidadãos sírios com passaportes falsos, situação que criou um grave incidente diplomático entre Portugal e a Guiné-Bissau. A TAP acabou por cancelar os voos entre as duas cidades, tendo a Guiné-Bissau perdido a sua única ligação aérea directa à Europa.

Os onze sírios que se apresentaram em Fortaleza para embarcar no voo da TAP estavam divididos em duas famílias, uma de seis e outra de cinco elementos, mas todos eles apresentavam bilhetes emitidos em Istambul. A polícia de fronteiras brasileira suspeitou de que os passaportes romenos eram falsos, mas como não dispunha de meios para confirmar a autenticidade dos documentos, contactou o Consulado da Roménia naquela cidade. Os representantes do consulado tentaram então comunicar com os passageiros, tendo então concluído que nenhum deles sabia falar romeno, a língua do país cuja nacionalidade exibiam nos respectivos passaportes.

A guerra civil na Síria tem vindo a ciar uma série de problema humanitários na Europa e tornou-se um negócio chorudo para as máfias. Existiam sírios que chegam a pagar cinco mil euros por um passaporte falso que lhes permita entrar na Europa, fugindo assim ao caos que reina no seu país.

Voos para Bissau só depois das eleições

A 10 de Dezembro de 2013 a TAP foi confrontada com uma situação extrema na Guiné-Bissau, tendo então sido obrigada a transportar 74 passageiros sírios com passaportes falsos, num voo da companhia portuguesa que tinha como destino Lisboa.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Rui Machete, classificou na altura a situação como um "acto próximo do terrorismo" e os voos regulares da TAP entre Lisboa e Bissau acabaram por ser suspensos, devido ao facto das autoridades guineenses não garantirem condições de segurança.

Uma comissão de inquérito nomeada pelo Governo de transição da Guiné-Bissau concluiu que a exigência do embarque dos 74 refugiados sírios havia sido feita telefonicamente pelo ministro do Interior, António Suka Ntchama, e que o chefe de escala da TAP no aeroporto de Bissau foi então ameaçado "com o recurso a armas de fogo" para autorizar o embarque.

As relações entre o Governo de transição da Guiné-Bissau e Portugal subiram de tom, com Fernando Vaz, ministro do Estado e da Presidência daquele país, a considerar que Rui Machete havido sido "infeliz" na forma como reagiu a este caso. Já durante este mês o ambiente entre os dois governos foi-se desanuviando, reabrindo-se a possibilidade da TAP voltar a voar para Guiné, após as eleições marcadas para 17 de Março.

"As ligações directas hão-de ser retomadas" garantiu Rui Machete a 8 de Janeiro, fazendo depender esta decisão da existência de um Governo que "obedeça as normas constitucionais e que se normalize a vida democrática". "Penso que a normalização acontecerá com as eleições. Portugal está à espera e a partir das eleições, do regresso da normalidade constitucional à Guiné-Bissau, iremos ter relações normais com Portugal", sublinhou por sua vez Fernando Vaz, num encontro com empresários, em Braga, realizado a 13 de Janeiro.

 
Material químico sírio na rota dos Açores

As autoridades norte-americanas contactaram Portugal para avaliar a possibilidade de realizar o transbordo de material químico proveniente da Síria num porto nos Açores, mas ainda não houve decisão.

 

José Pedro Aguiar-Branco, ministro da Defesa, sublinhou quarta-feira que o pedido "é também resultante de uma resolução das Nações Unidas que significa que cabe naquilo que é a avaliação que deve ser feita" no âmbito da "participação solidária" de Portugal. O ministro recusou indicar se já existe uma posição oficial em relação ao pedido concreto, afirmando que é ao Ministério dos Negócios Estrangeiros que cabe "em primeira mão" o acompanhamento e "o controlo" da matéria e que o Ministério da Defesa "é uma parte.

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