Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Renúncia de Sérgio Figueiredo foi o "único ato digno que ocorreu", diz Rangel

Vice-presidente do partido disse que decisão não coloca fim à polémica e apontou que governo tem ainda muito para esclarecer. Deixou ainda a garantia de que "tiques de poder absoluto" do PS não vão ficar sem escrutínio.

Paulo Rangel
17 de Agosto de 2022 às 15:28
  • ...
"O Partido Social Democrata regista a renúncia do jornalista Sérgio Figueiredo, que é, em rigor, o único ato digno que ocorreu." Foi desta forma que o vice-presidente do partido, Paulo Rangel, reagiu à desistência de Sérgio Figueiredo ao cargo de consultor do Ministério das Finanças, que o próprio anunciou em artigo publicado no Negócios

"É preciso, no entanto, dizer que a renúncia do visado neste contrato atípico e estranho não encerra a polémica", vincou o eurodeputado, salientando que o ministro das Finanças, Fernando Medina, e o primeiro-ministro, António Costa, "têm ainda muito que esclarecer aos portugueses".

O número dois dos sociais-democratas apontou que há questões a que faltam respostas. "Se, como diz o Ministério das Finanças, a função era tão fundamental, porque é que o ministro esteve em silêncio todos estes dias? Porque é que nunca veio em defesa de Sérgio Figueiredo? Porque era essencial essa função?", indagou, salientando que com este contrato existiriam três instituições ou organizações para a mesma tarefa. "Uma que é transversal ao governo, outra que é interna do Ministério das Finanças e esta, que era um contrato pessoal", referiu.


Paulo Rangel, que falou em nome da Comissão Política do PSD, disse ainda que é necessário esclarecer os termos do contrato. "Porque é que este contrato é secreto? Mais do que isso, se era tão essencial, porque é que o visado não tinha exclusividade?", continuou, acrescentando que Fernando Medina tem ainda de explicar se vai ou não manter a função e, se sim, quem vai nomear e em que termos.

O social-democrata deixou também uma mensagem ao primeiro-ministro, de quem, afirma, são também necessários esclarecimentos. "Se o que está em causa é um contrato cuja função é avaliar e monitorizar todas as políticas públicas, então esta é também uma matéria de gestão do primeiro-ministro. Portanto, teria de estar ao corrente deste assunto", disse. 

Para Rangel há apenas duas opções: ou António Costa "sabia e encolheu os ombros e lavou as mãos" ou "não sabia e estamos perante uma outra situação como a que ocorreu com Pedro Nuno Santos, em que o ministro atua em matéria fundamental para o governo sem conhecimento do primeiro-ministro".

Seja como for, o vice-presidente considera que o contrato em causa, e tudo o que o rodeou, "dão sinal de que o Partido Socialista está disposto a usar de forma impune a sua maioria absoluta".

"Mas o PS que não se engane. O PSD não vai nunca deixar de escrutinar a atividade do governo", disse, garantindo que o executivo socialista não vai ficar sem escrutínio "nos seus tiques de poder absoluto". "Os sinais de alarme da maioria absoluta estão todos aí ao fim de poucos meses", concluiu.


A renúncia de Sérgio Figueiredo ao cargo de consultor do Ministério tutelado por Fernando Medina foi visto pelos partidos com assento parlamentar como "inevitável" e "natural", mas que "não apaga" a forma como o PS "usa e abusa do dinheiro dos contribuintes", com "explicações que continuam por dar".

Foi através de um artigo publicado esta quarta-feira no Jornal de Negócios que o ex-jornalista anunciou a recusa do convite de Medina, justificando a decisão com os "insultos e insinuações" de que foi alvo desde que a notícia foi tornada pública.

O responsável pelas Finanças já lamentou publicamente a decisão, garatindo estar certo que Sérgio Figueiredo "reúne excelentes condições" para desempenhar as funções em causa.

Ver comentários
Saber mais Sérgio Figueiredo PS Fernando Medina Ministério das Finanças
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio