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PS recusa identificar a quem paga campanhas eleitorais
AEDIS, de Domingos Ferreira, facturou 751 mil euros nas legislativas – três quartos do seu volume de negócios de 2015 – e gerou um lucro anual de mil euros, escreve o Público. PSD e CDS pagaram 475 mil euros a André Gustavo.
O Partido Socialista (PS) continua sem identificar os fornecedores a quem entrega contratos da campanha, entre os quais se destaca Domingos Ferreira, militante do partido que através de uma só empresa arrecadou 751 mil euros nas legislativas de 2015. Já a coligação Portugal à Frente entre PSD e CDS entregou 475 mil euros ao publicitário André Gustavo, que já trabalhara para o PSD em 2011, e foi recentemente mencionado na investigação da operação Lava-Jato no Brasil. Estas são conclusões avançadas pelo Público numa análise às contas dos partidos entregues no Tribunal Constitucional e que irão ser analisadas pela Entidade das Contas e Financiamentos Políticos.
Ao contrário do que fizeram o PSD e CDS, o PS continua sem identificar fornecedores, escreve o jornal, que destaca a AEDIS, uma das várias empresas de Domingos Ferreira, um ex-funcionário do PS e militante do partido. Segundo o Público em dúzia e meia de comícios do PS a empresa somou 751 mil euros, o que representa quase um quarto do orçamento total da campanha socialista do passado Outono. Luís Patrão, do PS, explica ao jornal que a empresa garante cenários, decoração de salas, cadeiras, bancadas, palco, som, luz em eventos, o que representa uma parcela muito significativa das contas.
Ainda segundo o Público, a AEDIS – Assessoria e Estudos de Imagem facturou ao PS cerca de 4 milhões de euros nas eleições realizadas entre 2009 e 2011. E seis das 17 empresas de que Domingos Ferreira é sócio tiveram nos últimos anos contratos com o Estado avaliados em 1,4 milhões de euros.
Do lado da coligação PSD-CDS o jornal destaca os 475 mil euros pagos a André Gustavo, um publicitário brasileiro, pelos seus serviços de aconselhamento na campanha. Gustavo já havia trabalhado com PSD em 2011, e foi recentemente mencionado nas investigações da operação Lava Jato no Brasil, escreve o Público. O valor pago é mais que duplica 184 mil euros pagos à Pitagórica por 66 estudos de mercado.
O Público destaca elementos das despesas das outras campanhas, onde se encontram uma multa de três euros de estacionamento do Livre (o PSD também teve a sua multa de trânsito de 120 euros), 128 mil euros gastos pelo PCP em autocarros, 2650 euros despendidos pelo Bloco de Esquerda num helicóptero que sobrevoou a Arrábida e vários restaurantes do PAN.