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PS: "Crescimento anémico" e "assente no consumo privado" é insustentável
O PS sublinhou esta quinta-feira que Bruxelas continua a discordar do Governo quanto ao cumprimento do défice orçamental e que o crescimento do consumo privado a um ritmo superior ao do PIB é "insustentável" para a economia.
As declarações do secretário nacional do PS foram proferidas à margem da reunião do grupo parlamentar socialista, a propósito das previsões económicas de inverno divulgadas esta quinta-feira, 5 de Fevereiro, pela Comissão Europeia.
João Galamba (na foto à direita) assinalou que "a causa principal" da revisão em alta do produto interno bruto (PIB) de toda a Zona Euro e de Portugal "é a descida do preço do petróleo e a desvalorização do euro, que têm um impacto positivo na economia europeia e portuguesa".
O deputado do PS referiu que Bruxelas "continua a dizer que Portugal não cumprirá os objectivos de ficar abaixo dos 3%" de défice orçamental e manifestou preocupação relativamente aos "valores anémicos do investimento económico".
"A Comissão revê um pouco em alta os valores do investimento, mas o investimento líquido continua a ser negativo, ou seja, os valores de investimento previsto não permitem a depreciação do 'stock' de capital, até cerca de 2018 vamos ter um investimento líquido negativo na economia portuguesa", frisou.
João Galamba disse que este é o principal motivo do debate de urgência agendado pelos socialistas para 18 de Fevereiro sobre a situação económica e social do país, porque "sem investimento Portugal não conseguirá dar a volta e sair da crise em que se encontra".
O dirigente socialista observou ainda que o aumento do rendimento disponível e consequentemente do consumo privado assenta no essencial "na devolução de rendimentos de pensionistas e funcionários públicos" e também na queda do preço do petróleo.
"Quando o consumo privado cresce mais do que o PIB isso é insustentável, obviamente que é positivo que a economia cresça mas a composição desse crescimento é da maior importância e regressar a um crescimento anémico, assente no consumo interno, sem investimento, não augura nada de bom para o futuro da economia portuguesa", reforçou.
Segundo Galamba, este crescimento "não corresponde a nenhuma transformação estrutural da economia portuguesa".
"Para uma verdadeira transformação estrutural da economia que garanta que há redução do desemprego, crescimento económico e um não agravamento do défice externo, precisamos que o investimento aumente, porque sem investimento não há uma verdadeira transformação do tecido produtivo e esse é o objectivo de Portugal, Portugal se quer ter crescimento sustentável no futuro tem de mudar o seu perfil produtivo", insistiu.
No seu boletim de inverno, a Comissão Europeia prevê que o défice orçamental de Portugal seja de 3,2% em 2015, uma ligeira melhoria face às últimas previsões, mas continua a estar mais pessimista do que o Governo, que antecipa um défice de 2,7%.
Já em relação ao défice orçamental de 2014, Bruxelas aponta para 4,6% do PIB, devido à "sólida recolha de impostos" e à "contenção efectiva da despesa", sendo uma meta mais optimista que a do Governo.