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PS desafia Assis a debater actual momento político nos órgãos do partido

Pedro Nuno Santos reage a artigo de opinião do eurodeputado socialista. Dirigente do PS - e também secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares - acusa Assis de estar a defender o que nem PSD e CDS pedem: eleições antecipadas.

Miguel Baltazar
19 de Janeiro de 2017 às 12:43
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O dirigente socialista Pedro Nuno Santos acusou esta quinta-feira o eurodeputado do PS Francisco Assis de antecipar-se ao PSD/CDS-PP a pedir eleições antecipadas e negou qualquer crise à esquerda, manifestando-se confiante que o Governo vai até 2019.

Pedro Nuno Santos, também secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, falava à agência Lusa enquanto dirigente nacional do PS, depois de Francisco Assis, tanto em entrevista à Antena 1, como num artigo no jornal "Público", ter classificado como esgotada a actual solução de Governo, colocando inclusivamente o cenário de eleições legislativas antecipadas.

"Gostaria que Francisco Assis viesse à próxima reunião da Comissão Nacional do PS para, entre camaradas, podermos discutir o actual momento político em Portugal. É minha convicção de que a esmagadora maioria dos militantes do PS está realizada com o papel que o partido desempenha no Governo - e Francisco Assis pode ter a certeza que este Governo vai durar até ao fim da legislatura", reagiu o líder da Federação de Aveiro do PS e membro do Executivo.

Para Pedro Nuno Santos, nas suas mais recentes posições, o eurodeputado e ex-líder parlamentar do PS nos executivos de António Guterres e de José Sócrates "conseguiu a proeza de se antecipar ao PSD e ao CDS no pedido de eleições legislativas antecipadas, o que a acontecer, efectivamente, como é fácil perceber, provocaria instabilidade política".

"Isto, quando o factor estabilidade política é a mais valia que Portugal apresenta no actual contexto europeu e mundial de elevada instabilidade", salientou o membro do executivo.

Ainda em relação às posições de Francisco Assis, Pedro Nuno Santos aludiu ao facto de o eurodeputado socialista se "queixar que a actual solução de Governo impossibilita fazer reformas".

"De facto, a actual solução de Governo não permite as reformas que a direita quer, como a privatização da Segurança Social. Se é dessas reformas que Francisco Assis está a falar, essas, na realidade, não são possíveis com este Governo - e não são possíveis não por causa do PCP ou do Bloco de Esquerda, mas porque o PS não as quer", frisou ainda Pedro Nuno Santos.

Nas suas declarações à agência Lusa, o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares procurou ainda deixar mais uma garantia: "Trabalho todos os dias com o Bloco de Esquerda, PCP e "Os Verdes", sei o que estamos a trabalhar e sei que a intenção de todos é termos Governo até 2019".

Pedro Nuno Santos, neste contexto, tentou em seguida desdramatizar a divergência entre PS, Bloco de Esquerda, PCP e PEV a propósito da descida em 1,25 pontos percentuais da Taxa Social Única (TSU) para os empregadores, como compensação para o aumento do salário mínimo para 557 euros.

O membro do Governo defendeu então que essa oposição à descida da taxa manifestada pelos parceiros de esquerda "era já conhecida há um ano" e que a divergência agora registada em torno da TSU "é idêntica àquela que se verificou logo no início do ano passado por causa da resolução do Banif".

"O segredo desta solução governativa é que as diferentes forças políticas conseguem entender-se em torno daquilo que é estruturante para a governação e para a estabilidade governativa. Ao mesmo tempo, cada um dos partidos preserva a sua identidade política", sustentou Pedro Nuno Santos.

Na perspectiva do secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, "a solução do actual Governo está tão sólida como no início da presente legislatura".

"Sabemos todos que temos muito trabalho pela frente - trabalho que está a ser feito todos os dias. Ao fim de um ano, com reposição de direitos e de salários, temos resultados para apresentar: A economia está a crescer, as exportações aumentam, o desemprego desce e o défice em 2016 não será superior a 2,3%", acrescentou.

Na segunda-feira, tal como a agência Lusa noticiou, durante a reunião da Comissão Política do PS, o dirigente da UGT José Abraão confrontou o líder socialista, António Costa, com a alegada existência de indícios claros de ruptura entre os parceiros de esquerda no parlamento e o Governo.

O primeiro-ministro rejeitou essa interpretação, desdramatizou as divergências em torno da TSU e defendeu que as relações do Governo com o PCP, Bloco de Esquerda e PEV "continuam boas".



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