Notícia
PCP "não entra na competição à esquerda"
Em entrevista à TSF, o líder parlamentar dos comunistas, João Oliveira, diz que há situações em que "a forma parece ser mais relevante que a substância", mas recusa que o seu partido entre em competições com outros grupos parlamentares.
O PCP não entra na "competição à esquerda", declarou esta sexta-feira, 23 de Setembro, o deputado comunista João Oliveira numa entrevista à TSF. O também líder da bancada parlamentar do PCP assegura: "Nós não encaramos estas coisas como uma competição com os grupos parlamentares ou com outros partidos. Às vezes, somos confrontados com circunstâncias em que a forma parece ser mais relevante do que a substância e em que a alguma encenação acaba por sobrepor-se a alguns critérios mais substanciais de apreciação política".
Durante a última semana, depois de o Negócios ter noticiado que o Governo preparava a criação de um novo imposto sobre o património imobiliário, que se instalou a polémica sobre o crescente protagonismo do Bloco de Esquerda, que veio a lume defender acerrimamente a nova medida.
Já ontem, 22, João Oliveira escrevera, num artigo de opinião publicado no Jornal Avante!, órgão oficial do PCP, que entre os partidos que suportam o governo no Parlamento, às vezes parece que "andam uns a juntar com o bico e outros a espalhar com as patas".
À TSF, o deputado concretizou: "Ao anunciar a criação de um imposto cujos principais elementos estavam ainda em discussão - incluindo entre o PCP e o Governo -, o BE procurou, uma vez mais, antecipar-se no anúncio de uma medida de forma a chamar a si os créditos pela aprovação daquilo que não depende apenas da sua vontade ou intervenção."
Por outro lado, acrescentou, "a confirmação pelo PS, ainda que admitindo a indefinição de alguns dos elementos do imposto, contribuiu para o que veio a acontecer ao longo dos últimos dias".
Recorde-se que, depois de, na passada quinta-feira, 15 de Setembro, o Negócios ter avançado em primeira mão a criação do novo imposto, o Bloco de Esquerda e o PS, através de Mariana Mortágua e de Eurico Brilhante Dias, respectivamente, vieram prestar declarações aos jornalistas, confirmando que a matéria estava a ser negociada entre os dois partidos com vista ao Orçamento do Estado (OE) para 2017.
No mesmo dia, o PCP vaio afirmar que entende que o novo imposto deve abranger não só o património imobiliário, mas também o mobiliário e que estava também a negociar essa modalidade com o Governo e que esperava alguma concretização também já no OE 2017.
Agora, na entrevista à TSF e ainda que falando em termos gerais, João Oliveira avisa que "o PCP mantém os objectivos programáticos". E sublinha: "Julgo que quem esteja à espera que o PCP aligeire alguma coisa enganar-se-á redondamente."