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Passos: "Qualquer dia temos mais gente a sair de Portugal porque não têm incentivo suficiente à poupança"

O líder social-democrata diz que o Governo terá de escolher entre o populismo de abrir mais os cordões à bolsa ou o reconhecimento da credibilidade. O alargamento da isenção do IRS, defendeu, vai "onerar aqueles que já suportam a receita fiscal".

Miguel Baltazar/Negócios
07 de Setembro de 2017 às 19:14
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O presidente do PSD considerou hoje que o primeiro-ministro está a "pagar um preço elevado" pelo optimismo criado aos partidos que apoiam o Governo e alertou que o Orçamento deverá ser mais "dentro das possibilidades" do país.

"O primeiro-ministro tem incentivado um pouco o excesso de optimismo sobre as possibilidades orçamentais e está a pagar um preço elevado por ter criado essas expectativas e há outros partidos, que suportam o Governo, que estão a reclamar esse tipo de abordagem", afirmou Pedro Passos Coelho aos jornalistas à margem de uma visita a uma empresa de produção e comercialização de abóboras, no concelho da Lourinhã.

Para o líder do PSD, "é indispensável que possamos manter o exercício orçamental" dentro das possibilidades do país.

Caso contrário, acrescentou, terá que se "ir buscar à economia, em receita fiscal, mais ainda".

"E, quando se vai buscar essa receita, é preciso que ela tenha, na despesa que é gerada, um sentido útil, produtivo e justo", sublinhou.

Apologista de "mais ponderação e equilíbrio" no Orçamento de Estado para o próximo ano, Pedro Passos Coelho considerou que tudo vai depender do que sair das negociações entre PS, PCP e BE.

"Está nas mãos do Governo e dos seus parceiros fazer a ponderação no sentido de, no curto prazo, alargar mais os cordões à bolsa e continuar com esta abordagem um pouco mais populista e demagógica ou pensar mais no médio prazo e amealhar um maior reconhecimento de credibilidade para a política económica", considerou.

O líder social-democrata admitiu que "do ponto de vista da recuperação do rendimento, as escolhas [do Governo] têm funcionado bem".

Pelo contrário, criticou, "do lado das políticas públicas tem havido uma deterioração".

De acordo com Passos Coelho, "isso não é susceptível de se repetir eternamente", justificando que "não pode suspender a respiração e dizer que não se gasta aqui ou ali em matérias indispensáveis, porque vai haver um dia em que a despesa tem mesmo de ser feita".

Passos Coelho alertou que "é muito importante continuar a sustentar o crescimento da economia, controlando o défice público e a dívida pública", sustentando que, "na ausência destes resultados, aquilo que é a expectativa de melhoria do rating da República poderá não ocorrer".

Sobre o alargamento da isenção do pagamento do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas (IRS) no OE2018, já anunciado pelo Governo, o líder do PSD considerou que terá como consequências "onerar aqueles que já suportam a receita fiscal".

"Qualquer dia temos mais gente a sair de Portugal porque não têm incentivo suficiente à poupança", disse.

Passos Coelho respondia a um jovem agricultor que o questionou sobre o facto de pagar demasiado IRS.
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