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Passos Coelho diz ter "quase a certeza de que haverá uma nova crise" na Europa

O presidente do PSD disse hoje num debate sobre o Futuro da Europa e o Plano Juncker ter "quase a certeza de que haverá uma nova crise" por existirem "muitas vulnerabilidades financeiras e económicas na Europa e na zona Euro".

16 de Dezembro de 2016 às 13:30
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"Temos quase a certeza de que haverá uma nova crise, não sabemos quando, mas sabemos que haverá. Nós gostaríamos de estar bem preparados quando ela acontecer e ainda não estamos, não se tem sentido devidamente a acuidade que este problema tem", disse Pedro Passos Coelho, que falava no Porto.

 

"Em Portugal estamos a perder tempo, neste momento. Durante alguns anos aproveitamos, às vezes em circunstâncias muito difíceis, o tempo que nos deram para fazer reformas e agora aquilo que vemos é reversão atrás de reversão de reformas", considerou.

 

"As próximas são as leis laborais. Nós que quisemos fazer, até ao contrário da Espanha, uma reforma das leis laborais em contexto de negociação e de concertação social, fizemos mesmo um acordo estratégico de concertação social para suportar a reforma laboral que fizemos, só não esteve lá a CGTP, que nunca está para acordo estratégico nenhum, tirando isso todos os parceiros sociais acordaram nesta reforma, e o que está em agenda é a reversão dessa reforma", referiu.

 

Passos Coelho prosseguiu: "os membros do Governo e o ministro Vieira da Silva dizem que é para reequilibrar as coisas. Quando nós pensávamos que isto estava justamente muito desequilibrado e era por estar muito desequilibrado que o desemprego era grande, que os jovens não tinham oportunidades, que o mercado laboral não tinha o dinamismo suficiente e que o crescimento da economia não suportava a atracção suficiente do investimento directo externo que nós precisamos para crescer".

 

"Se vamos reverter também estas reformas, os resultados não vão ser bons para Portugal e se não forem bons para Portugal também não serão bons para a Europa, mas os mesmos que estão a preparar estas reversões serão aqueles que vão culpar o euro e o projecto europeu do fracasso da política económica que estará no final da rua desta decisão e desta orientação política", considerou.

 

Em seu entender, "o futuro da Europa que queremos não é muito diferente do futuro da Europa que era desejado há 40 ou 50 anos quando todo este caminho começou: poder ter confiança no futuro, ver prosperidade e uma igualdade de oportunidades para que todos posam livremente, desde que respeitando a liberdade dos outros, fazer as suas escolhas, melhorar a sua situação, ter mobilidade para futuro, ter paz e segurança".

 

"Isso é essencial para combater os populismos mas, para isso, a Europa ainda tem de fazer reformas importantes e cada um que embarcou no projecto europeu, e foram sempre cada vez mais ao longo dos últimos anos, tem de assumir também as suas responsabilidades", disse Passos Coelho.

 

Considerou que "a Europa do futuro a que estamos ligados depende e muito daquilo que soubermos fazer por nós próprios e pela Europa em conjunto e esse papel não se faz com demagogias faz-se muito pragmaticamente tomando as decisões de política que são necessárias, política económica, de política social, mas também na aposta dos valores e pelos princípios que nos orientam dentro da Europa. E a afirmação desses valores e desses princípios é hoje crucial para que a Europa que desejamos no futuro seja esta Europa de paz, de prosperidade e de confiança".

 

O debate sobre o Futuro da Europa e o Plano Juncker foi organizado pelos eurodeputados Paulo Rangel e José Manuel Fernandes, no Palácio da Bolsa, no Porto.

Governo "falhou rotundamente no investimento e crescimento"

 

O eurodeputado social-democrata Paulo Rangel acusou hoje  o Governo do PS e da "extrema-esquerda populista" de "falharem rotundamente" nas questões do investimento e do crescimento, "apesar de disporem de instrumentos importantes como o plano Juncker".

 

"Há uma coisa que é evidente, se há um ponto em que o Governo do PS e das extremas-esquerdas populistas antieuropeia, anti-euro e anti-NATO - PCP e BE -, se há um ponto em que eles falharam rotundamente foi o investimento e o crescimento, mas em particular a questão do investimento. E nós temos instrumentos importantes como o plano Juncker que podíamos estar a aproveitar muito melhor", disse Paulo Rangel.

 

"Num mundo e numa Europa que estão marcados pelo signo da instabilidade e da imprevisibilidade, é isso que nós temos para 2017, gostemos ou não, só há uma solução para o país e essa solução é promover o crescimento económico", considerou, referindo que o debate que decorreu no Palácio da Bolsa foi um contributo do PSD para ajudar a encontrar soluções, por considerar que "só o crescimento poderá reduzir de alguma maneira a incerteza a que estamos sujeitos".

 

Segundo Paulo Rangel, "o principal desafio na Europa é reduzir a incerteza, que neste momento é um desafio ocidental e global. Com as eleições em França, na Alemanha, na Holanda, provavelmente, na Itália, e na provável alteração na liderança das instituições europeias, toda a Europa estará num ciclo que só terminará por Outubro/Novembro, quando se realizarem as eleições alemãs".

 

"E, portanto, não sabemos o que esperar, especialmente com a subida claríssima dos movimentos populistas, com o 'Brexit' [saída do Reino Unido da União Europeia] que terá o seu início de negociação e finalmente temos Donald Trump, que é o grande factor de imprevisibilidade", sustentou.

 

Questionado pelos jornalistas, Paulo Rangel disse que "a sustentabilidade do euro não está em causa", mas frisou que a prioridade neste momento para a Europa é a estabilização do sistema financeiro".

 

"Portanto, uma crise na banca italiana é expectável, tem de ser rapidamente resolvida porque ela irá alastrar-se à Alemanha e terá um impacto muito sério sobre os países periféricos, entre os quais está Portugal, a Grécia e outros", disse.

 

"Mesmo resolvendo a crise italiana, a desconfiança sobre os países periféricos vai aumentar. Com o tipo de políticas que tem feito [o primeiro-ministro] António Costa e os partidos da extrema-esquerda, a vulnerabilidade e fragilidade de Portugal é enorme. Estamos naquelas águas calmas, no tempo muito calmo, que por vezes antecede as tempestades. E é justamente para tentar prevenir esta tempestade que estamos aqui a fazer esta reflexão hoje", sublinhou.

 

Com o debate, cuja organização esteve a cargo do Paulo Rangel e José Manuel Fernandes, o objectivo "não é apenas fazer oposição".

 

"É servir o país, sem retórica, sem ataques pequenos, sem a mesquinhez que vemos, sem essa revisão da historia a que infelizmente estamos a assistir diariamente no panorama político português, promovido pelo Governo e pelo seu suporte que, como eu digo, nunca se esqueçam, todos falam do populismo, mas o populismo está entre nós, está no BE e no BE", acrescentou.

 

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