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O ruído da bolha, os golos na própria baliza e os queques que guincham. A entrevista de Costa

Rejeita a ideia de cansaço e aponta o desgaste da oposição. Diz que o melhor é que os partidos se habituem à ideia de quatro anos de maioria, garantindo que fica até ao fim. Dos casos em nove meses de Governo o mais grave foi o que envolveu Pedro Nuno Santos.

Aaron Chown
15 de Dezembro de 2022 às 19:37
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É um tom pouco habitual numa entrevista de um primeiro-ministro. António Costa utiliza palavras e expressões de apoucamento da oposição e desvaloriza os diversos casos que surgiram ao longo de nove meses de maioria absoluta.

Na entrevista à revista Visão, António Costa adota um tom mais agressivo, elevando mais uns degraus o timbre dos últimos debates parlamentares. Diz que o PSD "está furioso" e que ainda não "digeriu a fúria" da derrota nas eleições legislativas antecipadas de 30 de janeiro e que os sociais-democratas continuam a "remoer". E aqui surge uma das ideias-chave desta entrevista: "Vão ser quatro anos e habituem-se a viver com a escolha dos portugueses", afirmou o primeiro-ministro.


De resto, sobre os partidos da oposição deixa a ideia de sobrevivência a quase todos os líderes para recusar a ideia de cansaço depois de sete anos de governação. "Desde as eleições, quem se cansou foi um líder do PSD, um líder da Iniciativa Liberal (IL) e um líder do PCP", declarou.


Mais hostil quando se refere a João Cotrim Figueiredo que está de saída da liderança da Iniciativa Liberal. Num ensaio sobre a decisão, indica que "Cotrim Figueiredo não conseguiu adaptar-se a este novo estilo histriónico que a IL quer ter, de guinchar um bocadinho mais alto do que o Chega". "Fica ridículo", afirma porque "os queques quando tentam guinchar ficam ridículos perante o vozeirão popular que o [André] Ventura consegue fazer".


Reduz muitas vezes o debate a soundbites e ao "ruído da bolha mediática" que recusa servir como guia da governação. "Se um governo se distrai com o ruído da bolha mediática, passa a governar para a bolha mediática", afirma.


Os "casos e casinhos"


Na entrevista admite que houve golos na própria baliza, mas defende o resultado global, para limitar algumas questões a casos sem significado e recusa "polémicas" com as remodelações forçadas e mexidas na orgânica do Executivo.


Ao longo de nove meses acumularam-se casos ou polémicas como o caos nas urgências, a contratação do ex-jornalista Sérgio Figueiredo para consultor externo das Finanças, o caso do ex-secretário de estado Adjunto, Miguel Alves, ou o despacho sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa.


De todos, Costa considera que o mais grave foi o do polémico despacho de Pedro Nuno Santos. "Esse é o único caso verdadeiramente grave que aconteceu" declarou, mas já está "ultrapassado" e mais não diz mesmo quando questionado sobre o que aconteceu quando se justificou com "uma falha de comunicação".


Sobre o futuro, António Costa é perentório ao dizer não a Belém. Quanto a um cargo executivo na Europa, responde que por inerência já o tem como membro do Conselho Europeu e que o mandato termina em outubro de 2026. Saída em 2024? Responde que "nenhum médico disse que tinha de sair" nesse ano e "espera estar de ótima saúde para continuar".

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