Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Marcelo e Santana garantem possuir perfil presidencial definido por Cavaco

No prefácio dos Roteiros IX, Cavaco Silva disse que o seu sucessor deve ser alguém com experiência ao nível da política externa. Em plena corrida inconfessa às presidenciais, Rebelo de Sousa e Santana Lopes garantem cumprir os requisitos definidos pelo Presidente da República. Já Freitas do Amaral prefere criticar a interpretação monárquica do cargo feita por Cavaco.

Miguel Baltazar/Negócios
09 de Março de 2015 às 19:23
  • 27
  • ...

As próximas eleições presidenciais voltaram esta segunda-feira a preencher a agenda política nacional. O responsável foi o próprio Presidente da República, Cavaco Silva, que depois de definir o perfil ideal daquele que lhe venha a suceder, viu Marcelo Rebelo de Sousa, professor de Direito, e Santana Lopes, presidente da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, rapidamente garantirem que preenchem os requisitos definidos pelo residente do Palácio de Belém.

 

No prefácio dos Roteiros IX, Cavaco Silva sustenta que houve nos últimos anos "um reforço do papel do Presidente no domínio da política externa de tal forma que esta é hoje uma das suas principais funções". Cavaco conclui a ideia dizendo que para um Presidente cumprir "eficazmente" as suas funções é necessário "que tenha alguma experiência no domínio da política externa e uma formação, capacidade e disponibilidade para analisar e acompanhar os dossiês relevantes para o país".

 

Santana, que recentemente afirmou considerar importante que a política portuguesa se concentre nas próximas legislativas, que classifica de mais relevantes, adiando o debate sobre candidaturas a Belém para depois das eleições para primeiro-ministro, não quis perder a oportunidade de se colocar no perfil traçado pelo Presidente da República.

 

"Passe a imodéstia", Santana Lopes disse estar incluído no lote de candidatos presidenciáveis segundo os predicados definidos por Cavaco. Contudo, em declarações à Rádio Renascença, o ex-primeiro-ministro achou "curioso" que Cavaco Silva tenha excluído o seu conselheiro de Estado Marcelo Rebelo de Sousa.

 

Lembrando a sua experiência enquanto chefe de Governo e secretário de Estado da Cultura, Santana disse que, segundo as palavras de Cavaco, também os socialistas António Vitorino e António Guterres se incluem no perfil definido pelo Presidente. Santana acrescenta ainda o nome de Durão Barroso, mas nota que o ex-Presidente da Comissão Europeia "afastou-se ele próprio" da corrida presidencial.

 

Para o presidente da Santa Casa, "se fosse Cavaco Silva a escolher, alguns nomes estariam eliminados à partida". Além de Marcelo, Santana diz que o perfil delineado por Cavaco Silva exclui também os nomes de Rui Rio, Sampaio da Nóvoa e Carvalho da Silva, os dois últimos candidatos do especto político mais à esquerda.

 

Mas apesar de não assumir a intenção de se candidatar a Presidente da República, Rebelo de Sousa não deixou que Santana lhe fechasse a porta. Em afirmações concedidas ao Diário Económico, o ex-líder do PSD realçou ter tido a "sorte em fazer política" em momentos cruciais da política externa portuguesa, reconhecendo que "se não tivesse tido essa experiência, seria uma limitação".

 

Tal como Santana Lopes, também Rebelo de Sousa discorreu sobre o seu passado para assim se incluir nas características elencadas por Cavaco Silva. O comentador da TVI realça a "experiência" na liderança social-democrata durante o período de adesão ao euro, o que lhe permitiu "com António Guterres uma espécie de acordo de regime para viabilizar três orçamentos" que asseguraram a adesão à moeda única europeia.

 

O professor lembra ainda ter ocupado a vice-presidência do Partido Popular Europeu aquando do alargamento da União Europeia a Leste. Partido este a que o PSD aderiu em 1996, durante a sua própria liderança, sublinha.

 

Portanto, conclui, "não sinto que me tenha excluído" porque aquilo que Cavaco Silva disse é que "é preciso ter experiência internacional, e eu tenho". Contrariamente a Santana Lopes, Marcelo Rebelo de Sousa não acha que Cavaco tenha afastado nenhum dos nomes habitualmente apontados à corrida a Belém. "Ninguém foi excluído. Todos os nomes em questão já foram protagonistas em acções internacionais".

 

No ano passado, o primeiro-ministro Passos Coelho, na moção que levou ao Congresso do PSD, disse não pretender que o candidato presidencial apoiado pelos partido que lidera seja "um cata-vento de opiniões", numa mensagem encarada por muitos como um recado no sentido de excluir Marcelo Rebelo de Sousa da corrida presidencial.

 

Freitas do Amaral discorda de Cavaco

 

Freias do Amaral, ex-presidente do CDS e ministros dos Estrangeiros no primeiro Governo liderado por José Sócrates, em declarações ao Diário Económico,  defendeu "que só nas monarquias é que o rei podia designar o seu sucessor", lembrando que Portugal já celebrou 100 anos de República".

 

No entender de Freitas do Amaral, ao próximo Presidente "basta" possuir "conhecimentos sobre a vida internacional". 

Ver comentários
Saber mais Presidente da República Cavaco Silva Marcelo Rebelo de Sousa Santana Lopes Roteiros Freitas do Amaral
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio