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Marcelo pede aos políticos que não se tornem inimigos

O Presidente da República pediu hoje para serem evitadas "irreversíveis animosidades" no plano político-partidário e que "os adversários continuem a não se transformar em inimigos", insistindo em acordos interpartidários.

Miguel Baltazar
15 de Março de 2017 às 20:54
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Marcelo Rebelo de Sousa, que falava no encerramento da conferência "Investimento em Portugal", uma iniciativa sua, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, apelou a uma "visão de médio e longo prazo que convide a acordos interpartidários para além de cada legislatura", como factor de confiança.

 

Segundo o chefe de Estado, deve haver acordos "incluindo no domínio dos investimentos públicos estruturais e estruturantes", como defendeu o primeiro-ministro, António Costa, mas também devem ser mantidos ou reforçados os consensos "em política externa, em política de defesa, em política de segurança, em política europeia, em política financeira".

 

"E no mais amplo domínio das áreas sociais, nomeadamente da saúde", acrescentou.

 

O Presidente da República ressalvou que, "para além desses consensos, que se deseja concretizados e reforçados, é óbvio que existem dois caminhos muito diversos quanto ao Governo de Portugal e que são corporizados por hemisférios políticos diferentes, e mesmo opostos, o que é salutar para a democracia portuguesa".

 

Marcelo Rebelo de Sousa referiu também que "em anos eleitorais como este e o de 2019, em que haverá eleições europeias e legislativas, o confronto partidário sobe e subirá de tom", considerando que "faz parte da natureza das coisas".

 

"Mas o que importa à tão necessária confiança é que adversários continuem a não se transformar em inimigos e que as salutares discussões de ideias e de poder nunca venham em irreversíveis animosidades pessoais, ou indesejável voragem de terra queimada. À escalada das palavras deve continuar a sobrepor-se o peso da razão e a ponderação do interesse nacional", advogou.

 

Segundo o Presidente da República, assim "tem feito o povo português, que, distendido, olha de quando em vez com incompreensão e com distanciamento uma ou outra dessas pugnas verbais, como se respeitassem a um mundo que lhe aparece como longínquo, para não dizer indecifrável".

 

"Ao fim e ao cabo é ele, o povo português, que arrostou e arrosta com os sacrifícios da crise e da sua saída, é esse povo quem tem razão: a serenidade, a convivialidade, a separação entre o essencial que perdura e o acessório que passa criam confiança, que é o que nós precisamos de criar em Portugal. E é o que nos diz a nossa história de quase nove séculos", argumentou.

 

"Saibamos pensar no essencial, e tudo, mas tudo, fazer para que ele e só ele vingue, a pensar em Portugal", concluiu.

 

Nesta intervenção, o chefe de Estado deixou outro recado aos partidos, a propósito de "temas sensíveis como o da dívida pública e privada externa ou da banca", defendendo que deve "evitar-se convertê-los em instrumento de luta política circunstancial ou versá-los acenando com pistas que sabemos inviáveis".

 

O Presidente da República insistiu na necessidade de "visão de médio e longo prazo", sustentando que o investimento privado e o consequente crescimento se atingem "com inovação, espírito reformista, flexibilidade, criatividade, dinamização do tecido empresarial, consolidação do sistema financeiro, visão de médio e longo prazo, ultrapassagem da gestão do dia a dia".

 

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