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Juiz revela que Partido Popular espanhol manteve contabilidade paralela durante 18 anos

Um juiz da Audiência Nacional deu como provado que o Partido Popular espanhol manteve uma contabilidade paralela ao longo de 18 anos, e propôs que três ex-responsáveis do partido sejam levados a tribunal por delitos fiscais.

23 de Março de 2015 às 19:01
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Os responsáveis do PP acusados são os ex-tesoureiros Luis Bárcenas e Alvaro Lapuerta, e o dirigente Cristóbal Páez, indica um auto da Audiência Nacional ao qual a Lusa teve acesso.

 

O juiz da Audiência Nacional - um tribunal especial espanhol com jurisdição em todo o país e especializado em crimes graves como corrupção, crime económico e terrorismo - deu como provado que o PP pagou 1,55 milhões de euros a uma empresa - a UNIFICA - através de uma "caixa b" pelas obras realizadas na sede do PP em Madrid.

 

No documento, o juiz Pablo Ruz considera que entre 1990 e 2008 o PP serviu-se de "diversas fontes de financiamento alheias ao circuito económico legal", fazendo operações "com vários sistemas de contas que registaram entradas e saídas de dinheiro à margem da contabilidade oficial declarada pelo partido e apresentada ao Tribunal de Contas".

 

Pablo Ruz especifica que essas contas funcionavam "como uma contabilidade paralela, caixas de dinheiro em numerário ou caixas B".

 

Num acórdão de 190 páginas que enviou hoje a um tribunal de Toledo, o magistrado da Audiência Nacional também responsabiliza e propõe levar a julgamento os responsáveis da empresa UNIFICA, o atelier de arquitectura responsável pela recuperação da sede do PP em Madrid, paga com dinheiros à margem das Finanças.

 

O juiz também considerou o PP responsável por um delito fiscal, devido a não ter apresentado a tributação donativos ilegais recebidos em 2008. Nesta decisão, Pablo Ruz contraria a interpretação da Agência Tributária, que ao longo de toda a instrução sempre afirmou que os donativos aos partidos que excedam os limites legais estão isentos de tributação.

 

O PP, presidido pelo actual chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, tem alegado desconhecimento da contabilidade paralela no partido de 1990 a 2008, afirmando que os responsáveis agora acusados ocultaram essa prática dos restantes dirigentes.

 

Em finais de Janeiro, no mesmo dia em que foi libertado de uma prisão preventiva que durou 19 meses, o antigo tesoureiro Luis Bárcenas declarou que o líder do governo e presidente do partido, Mariano Rajoy, sabia da existência da contabilidade paralela.

 

Bárcenas disse que Rajoy "conhecia a existência da contabilidade B no PP desde o princípio", considerando por isso mesmo "absurdo" que o partido o culpabilize apenas a ele.

 

O PP e Mariano Rajoy têm estado na mira da oposição por causa deste caso em quase todas as vezes que há plenário no Congresso dos Deputados, especialmente no debate sobre o Estado da Nação em Fevereiro.

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