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Já começou a "transição tranquila" com Leão nas Finanças
A nova equipa das Finanças tomou posse numa cerimónia sem convidados e apertos de mão. Costa fala numa "transição tranquila" e agradece a Leão "assumir responsabilidades num momento tão desafiante para o país".
O famoso "ciclo" de Mário Centeno no Ministério das Finanças terminou oficialmente esta segunda-feira, 15 de junho, com o Presidente da República a dar posse ao sucessor, João Leão, o "economista completo" que come polvo e foge dos holofotes.
Pouco mais de meio ano após ter sido formado por António Costa, esta é a primeira remodelação no Executivo socialista. Foi desencadeada pela já esperada demissão de Centeno, que Marcelo Rebelo de Sousa diz que "fica para a história" pela gestão das contas públicas nos últimos anos.
Numa cerimónia sem convidados além das individualidades previstas no protocolo do Estado, como primeiro-ministro e o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, João Leão e os quatro secretários de Estado da equipa leram o curto juramento e assinaram o livro. Com um metro de distância entre eles, nem sequer houve os tradicionais abraços e apertos de mão.
Em declarações aos jornalistas no final da sessão, António Costa expressou "gratidão" aos membros que estão de saída, "em particular" a Mário Centeno. E agradeceu a João Leão o facto de ter aceitado "assumir responsabilidades num momento tão desafiante para o país".
"Esta transição tranquila é a melhor forma de transmitirmos um sinal de continuidade quanto à política económica e financeira [seguida desde 2015]. Deu boas provas no passado, tem permitido a margem necessária para estarmos a enfrentar esta crise", resumiu o governante.
Leão completou que "é um motivo de maior honra continuar a servir o país, agora com responsabilidades acrescidas". "Espero continuar com a nova equipa e a partir de hoje com o mesmo espírito de compromisso e responsabilidade para com os portugueses que tivemos desde 2015. Estou convicto que, uma vez ultrapassada esta crise da pandemia, vamos conseguir voltar a colocar Portugal no caminho do crescimento da economia, do emprego, da confiança e da sustentabilidade", frisou.
O novo titular da pasta das Finanças sublinhou que "é sempre importante – e os portugueses entendem isso – gerir o país com rigor e responsabilidade" e que "só assim [há] recursos para garantir a recuperação de rendimentos". "Não podemos dar passos maiores do que a perna. Temos de gerir as contas com rigor para garantir estabilidade para todos", finalizou.
Equipa com três novos secretários de Estado
João Leão
António Mendonça Mendes
Miguel Cruz
Nesta recomposição, que não altera a dimensão do Governo, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes, que é casado com a atual líder parlamentar do PS, Ana Catarina Mendes, é o único elemento que se mantém no Terreiro do Paço, sendo promovido a adjunto do novo ministro.
Com a subida de Leão a ministro, a secretaria de Estado do Orçamento passou a ser ocupada por Cláudia Joaquim, que tutelou a pasta da Segurança Social com Vieira da Silva. É o regressa ao Governo desta licenciada em Economia e mestre em Políticas Públicas, vogal da mesa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que desde 2001 é técnica superior do Instituto da Segurança Social.
Para substituir Ricardo Mourinho Félix, na secretaria de Estado das Finanças entrou João Nuno Mendes, que liderava desde maio as negociações da ajuda de Estado ao Grupo TAP. No seu percurso político, destaca-se o exercício das funções de secretário de Estado do Planeamento entre 1999 e 2002 no Executivo de António Guterres.
Álvaro Novo entregou a pasta de secretário de Estado do Tesouro a Miguel Cruz, que é o único membro da equipa de João Leão sem qualquer experiência governativa. Doutorado em Economia pela London Business School, licenciado e mestre em Gestão pela Universidade Católica, foi presidente da Parpública e do IAPMEI.