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Portugal sobe dois lugares e “compete” em 37.º no ranking mundial
Após cair seis posições, a economia portuguesa recupera competitividade com as exportações e as receitas do turismo. Impostos altos e más práticas de gestão prejudicam o país, que surge abaixo da Tailândia ou da Estónia.
Portugal ascendeu ao 37.º lugar no ranking mundial de competitividade elaborado pela escola de negócios IMD (International Institute for Management Development), divulgado esta terça-feira, 16 de junho, na Suíça. Composta por um total de 63 economias, esta lista volta a ser liderada por Singapura.
Apresentando como "maiores forças" a taxa de inflação, a exportação de mercadorias e as receitas turísticas, a economia portuguesa sobe duas posições face ao ano passado. Ou seja, consegue recuperar apenas parcialmente da queda de seis lugares que tinha registado na edição de 2019, ano em que a carga fiscal se manteve em máximos históricos.
Portugal continua assim na segunda metade da tabela neste ranking que avalia fatores como o desempenho económico, a eficiência das empresas, o nível das infraestruturas e a atuação do Governo. Quase a par da Espanha e da Eslovénia e abaixo de países como a Lituânia, Chipre, Tailândia ou Estónia. E considerando só os 34 que têm menos de 20 milhões de habitantes, fica-se pelo 23.º lugar.
"O resultado seria francamente melhor se não fossem alguns pontos fracos que continuam a prejudicar a nossa competitividade, vindos tanto das políticas públicas (53.º em matéria de política tributária) como das empresas (52ª em práticas de gestão). Ajudam também muito pouco os baixíssimos níveis tanto de poupança como de investimento", sublinha Daniel Bessa.
O economista e antigo "dean" da Porto Business School (PBS), a entidade nacional parceira neste estudo e que acaba de regressar às aulas sem papel e tabaco à porta, sustenta que da conjugação destes elementos resulta "uma expectativa de crescimento económico futuro muito baixo". Por outro lado, a mão-de-obra qualificada (76%), os custos competitivos (65%) e a confiabilidade das infraestruturas (61%) continuam a ser os principais indicadores de atratividade.
No capítulo da performance económica, os melhores resultados são obtidos em matéria de preços (30.º) e na área do comércio internacional (31.º). Melhor, em termos comparativos, só as pontuações obtidas nas categorias de legislação empresarial (22.º) e das infraestruturas educativas e de saúde e ambiente (24.º).
A informação incluída na ficha do país, escrita pela PBS e consultada pelo Negócios, inclui nos desafios para 2020 a adoção de um quadro orçamental "amigo das empresas e do investimento", o reforço da estratégia nacional para a transformação digital e a assinatura de um acordo entre partidos para a área da educação, além da já habitual redução da burocracia e do aumento da eficiência do sistema judicial.
EUA e China em queda competitiva
Na 32.ª edição do "IMD World Competitiveness Yearbook", Singapura continua a liderar o ranking mundial, agora acompanhada no pódio pela Dinamarca e pela Suíça. Os Estados Unidos da América protagonizam uma das maiores quedas competitivas no espaço de um ano, de 3.º para fechar o top 10, agora atrás da Suécia, Noruega, Canadá, Emirados Árabes Unidos.
Motor europeu, a Alemanha manteve a 17ª posição e o Reino Unido escalou quatro lugares e é agora 19.º, o que é atribuído pelos autores à "perceção criada pelo Brexit de um ambiente mais favorável e propício para as empresas". Por outro lado, a China, a segunda maior economia do mundo, segue o rival liderado por Donald Trump e também tropeça três lugares, para o 20.º posto.
Estas movimentações levam os analistas do IMD a constatar o "declínio das grandes potências", em contraponto com a ascensão de economias mais pequenas, sobretudo do Norte da Europa. E a questionar mesmo "o futuro da globalização e o que se avizinha para o quadro económico-financeiro mundial". O tema vai estar em análise esta tarde no debate virtual "Small economies, sound politics: is globalization dismantled?".