Notícia
Segunda vaga de covid atira Portugal para recessão de 11,3%, diz OCDE
A OCDE traça dois cenários "igualmente prováveis": um apenas com a primeira vaga de covid-19, e outro que presume uma segunda vaga, no final do ano. Nos dois casos, o desemprego, o défice e a dívida disparam.
A recessão que a economia portuguesa está a enfrentar este ano pode atingir os 11,3%, caso se venha a verificar uma segunda vaga de covid-19, no final de 2020. Admitindo que tal não acontece, e que a doença fica relativamente contida, o PIB deverá encolher, ainda assim, 9,4%. As projeções são da OCDE e são as mais pessimistas reveladas até ao momento.
"A covid-19 é a pior crise económica e sanitária desde a Segunda Guerra Mundial, prejudicando a saúde, o bem estar, os empregos e criando uma incerteza extraordinária", sublinha a organização liderada por Ángel Gurría (na foto). Tendo em conta a dificuldade de antever a evolução da pandemia, a OCDE apresenta dois cenários de previsões: um em que presume que não haverá mais nenhuma vaga de contágio do vírus, e outro em que assume que haverá uma segunda vaga, no final deste ano.
O relatório sublinha que os dois cenários são "igualmente prováveis", mas começa a explicação pelo segundo, o mais pessimista. No caso de uma segunda vaga de covid-19, Portugal torna-se a terceira economia com a maior recessão da zona euro, só ultrapassada por Espanha (com uma contração de 14,4%) e pela República Checa (que cai 13,2%).
A explicar a queda está uma contração de 12,5% do consumo privado este ano, de 13,9% do investimento e de 18,5% das exportações. As importações também contraem, embora um pouco menos (16,6%) e só o consumo público aumenta (3,8%). A procura doméstica total encolhe 10,4%. As consequências no mercado de trabalho são duras, com a taxa de desemprego a subir para 13% este ano.
Apesar da brutalidade da queda prevista, a recuperação em 2021 não é, ainda assim, muito vigorosa. A OCDE diz que neste caso a economia vai crescer 4,8% no próximo ano, confirmando a mensagem geral para todas as economias analisadas: "A recuperação vai ser lenta e a crise vai ter impactos de longo prazo, afetando de forma desproporcionada as pessoas mais vulneráveis."
É que uma segunda vaga tem "consequências mais severas", avisam os peritos internacionais, explicando que nesse caso haverá "mais falências, consequências mais duradouras no desemprego e uma incerteza acentuada, o que adiará ainda mais as decisões de investimento". A taxa de desemprego baixa apenas para 11,8%.
No caso de não se repetir uma vaga de covid-19, a crise será um pouco menos intensa, mas igualmente grave: depois da queda de 9,4% do PIB este ano, o crescimento em 2021 será de 6,3%. A taxa de desemprego ficará em 11,6% e recuará no próximo ano para 9,6%.
Estas previsões são, ainda assim, mais pessimistas do que as assumidas pelo Governo português, na preparação do Orçamento retificativo, aprovado na terça-feira em Conselho de Ministros. No dia em que se demitiu, Mário Centeno entregou uma proposta de alteração à lei do Orçamento do Estado que presume uma contração de 6,9% do PIB e prevê uma subida do desemprego para 9,6% este ano. O Executivo não apresentou projeções para 2021.
Défice alto veio para ficar
Uma das consequências mais duradouras da crise pandémica será sentida nas contas públicas, antecipa a OCDE. Para os peritos, o défice orçamental este ano atingirá os 9,5%, caso se concretize a segunda vaga de covid. Se a pandemia se ficar pela primeira vaga, ainda assim o buraco das contas públicas ficará em 7,9%.
Mais: no próximo ano Portugal vai continuar a apresentar contas desequilibradas, com um défice orçamental acima do limite de 3% do PIB, previsto no Pacto de Estabilidade e Crescimento. Mesmo no cenário em que haverá apenas uma vaga de covid-19, o défice em 2021 será de 4,7%, antecipa a OCDE. No cenário mais negativo, o défice será de 7,4%.
Estas projeções contrastam com as do FMI e da Comissão Europeia, que esperam que o desequilíbrio das contas fique praticamente resolvido, com o défice a regressar a valores inferiores a 2% já no próximo ano. Das instituições que já apresentaram projeções para 2021, só o CFP antecipa um défice acima de 3%, mas por pouco: 3,3%.
Outra consequência duradoura será para a dívida pública. A OCDE diz que a dívida vai subir para 139,9% este ano, no cenário de duas vagas; ou 135,9%, no cenário de vaga única.
"A covid-19 é a pior crise económica e sanitária desde a Segunda Guerra Mundial, prejudicando a saúde, o bem estar, os empregos e criando uma incerteza extraordinária", sublinha a organização liderada por Ángel Gurría (na foto). Tendo em conta a dificuldade de antever a evolução da pandemia, a OCDE apresenta dois cenários de previsões: um em que presume que não haverá mais nenhuma vaga de contágio do vírus, e outro em que assume que haverá uma segunda vaga, no final deste ano.
A explicar a queda está uma contração de 12,5% do consumo privado este ano, de 13,9% do investimento e de 18,5% das exportações. As importações também contraem, embora um pouco menos (16,6%) e só o consumo público aumenta (3,8%). A procura doméstica total encolhe 10,4%. As consequências no mercado de trabalho são duras, com a taxa de desemprego a subir para 13% este ano.
Apesar da brutalidade da queda prevista, a recuperação em 2021 não é, ainda assim, muito vigorosa. A OCDE diz que neste caso a economia vai crescer 4,8% no próximo ano, confirmando a mensagem geral para todas as economias analisadas: "A recuperação vai ser lenta e a crise vai ter impactos de longo prazo, afetando de forma desproporcionada as pessoas mais vulneráveis."
É que uma segunda vaga tem "consequências mais severas", avisam os peritos internacionais, explicando que nesse caso haverá "mais falências, consequências mais duradouras no desemprego e uma incerteza acentuada, o que adiará ainda mais as decisões de investimento". A taxa de desemprego baixa apenas para 11,8%.
No caso de não se repetir uma vaga de covid-19, a crise será um pouco menos intensa, mas igualmente grave: depois da queda de 9,4% do PIB este ano, o crescimento em 2021 será de 6,3%. A taxa de desemprego ficará em 11,6% e recuará no próximo ano para 9,6%.
Estas previsões são, ainda assim, mais pessimistas do que as assumidas pelo Governo português, na preparação do Orçamento retificativo, aprovado na terça-feira em Conselho de Ministros. No dia em que se demitiu, Mário Centeno entregou uma proposta de alteração à lei do Orçamento do Estado que presume uma contração de 6,9% do PIB e prevê uma subida do desemprego para 9,6% este ano. O Executivo não apresentou projeções para 2021.
Défice alto veio para ficar
Uma das consequências mais duradouras da crise pandémica será sentida nas contas públicas, antecipa a OCDE. Para os peritos, o défice orçamental este ano atingirá os 9,5%, caso se concretize a segunda vaga de covid. Se a pandemia se ficar pela primeira vaga, ainda assim o buraco das contas públicas ficará em 7,9%.
Mais: no próximo ano Portugal vai continuar a apresentar contas desequilibradas, com um défice orçamental acima do limite de 3% do PIB, previsto no Pacto de Estabilidade e Crescimento. Mesmo no cenário em que haverá apenas uma vaga de covid-19, o défice em 2021 será de 4,7%, antecipa a OCDE. No cenário mais negativo, o défice será de 7,4%.
Estas projeções contrastam com as do FMI e da Comissão Europeia, que esperam que o desequilíbrio das contas fique praticamente resolvido, com o défice a regressar a valores inferiores a 2% já no próximo ano. Das instituições que já apresentaram projeções para 2021, só o CFP antecipa um défice acima de 3%, mas por pouco: 3,3%.
Outra consequência duradoura será para a dívida pública. A OCDE diz que a dívida vai subir para 139,9% este ano, no cenário de duas vagas; ou 135,9%, no cenário de vaga única.