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FT: Grécia paira sobre as eleições em Portugal

O Financial Times escreve que a campanha eleitoral em Portugal é a "antítese" da que terminou agora na Grécia. O país teve cinco eleições em seis anos enquanto Portugal teve quatro anos de estabilidade sob a liderança de Passos Coelho.

Pedro Catarino/Correio da Manhã
22 de Setembro de 2015 às 14:03
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Num artigo publicado esta terça-feira, 22 de Setembro, o Financial Times escreve que a batalha política em Portugal, onde um primeiro-ministro de centro-direita luta pela reeleição, com um histórico de cooperação total com os credores internacionais, é a "antítese" da campanha eleitoral que acaba de terminar na Grécia.

 

"Depois de quatro anos de estabilidade, estamos a preparar-nos para fortalecer a nossa recuperação económica e criar mais postos de trabalho, um futuro muito diferente do da Grécia que, infelizmente, enfrenta outro difícil programa [de resgate] e mais austeridade", afirmou Pedro Passos Coelho, na campanha eleitoral, citado pelo Financial Times. "Nós já dissemos adeus à troika", acrescentou Paulo Portas. "Na Grécia, ainda lá está".

 

O jornal britânico sublinha que as suas reacções à reeleição do líder do Syriza, Alexis Tsipras, reflectem a forma como a Grécia se tornou "a pedra de toque" da campanha eleitoral em Portugal, "outro país em dificuldades do sul da Europa, onde as duas principais forças políticas estão taco a taco nas sondagens".

 

"A Grécia tem relevância para as eleições em Portugal", defende António Barroso, analista político da Teneo Intelligence, citado pelo Financial Times. "O facto de, ao contrário da Grécia, Portugal ter sido capaz de sair do seu programa de ajustamento no tempo previsto e crescer novamente é um dos principais pontos de venda da coligação".

 

A publicação cita também António Costa Pinto, professor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, que defende que "a coligação tem feito um grande esforço para colar o PS ao Syriza, enquanto os socialistas têm feito o possível para se demarcarem do exemplo da Grécia".  

 

António Costa, líder do Partido Socialista saudou a vitória do Syriza nas eleições de Janeiro e elogiou os gregos por recusarem a pressão dos credores internacionais. Contudo, o socialista tem moderado a sua postura desde então, tendo referido, no domingo, que os eleitores gregos "ratificaram a solução negociada com a Europa".  

 

Costa acrescentou que os eleitores rejeitaram manifestamente "o retorno de um governo de direita" e que, pessoalmente, esperava que a vitória do Syriza contribuísse para "virar a página da austeridade na Zona Euro".

 

O Financial Times recorda que, ao contrário da Grécia, que teve cinco eleições em seis anos, Portugal teve quatro anos de estabilidade sob a liderança de Passos Coelho.

 

Bloomberg: Sondagens políticas estão em crise

 

As eleições na Grécia dão o mote para uma análise realizada pela agência Bloomberg, que conclui que as sondagens políticas "estão em crise".  

Isto porque, após várias sondagens que colocavam o Syriza e o Nova Democracia muito próximos nas intenções de voto, os eleitores gregos surpreenderam no último domingo, dando vitória a Alexis Tsipras por uma margem que pucos haviam previsto.

"Na sequência dos resultados surpreendentes nas eleições do Reino Unido, em Maio e na Indonésia, no ano anterior, o resultado grego é mais uma prova de que as sondagens políticas estão em crise", escreve a agência noticiosa.

A Bloomberg destaca que as consequências vão muito além da arena política. "As sondagens movem os mercados financeiros – pensemos na libra na altura do referendo sobre a independência da Escócia".

"Um dos maiores desafios que enfrentamos é prever se as pessoas vão realmente votar", refere Ben Page, director executivo da Ipsos Mori, citado pela Bloomberg. Um declínio generalizado na lealdade para com as forças políticas estabelecidas torna as coisas ainda mais complexas. "Sucessivamente, cada geração se tornou menos propensa a votar sempre no mesmo partido".

 

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