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Rajoy deixa Sánchez de mão estendida num prenúncio de acordo impossível

Rajoy rejeitou cumprimentar Sánchez, enquanto o líder socialista reiterou não aceitar fazer pactos com o PP. O líder do PSOE anunciou querer apresentar-se à tentativa de investidura como primeiro-ministro no início de Março.

Reuters
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Esperava-se que a reunião entre Mariano Rajoy e Pedro Sánchez fosse inconsequente. E foi. Mas foi mais do que isso. A curta duração da mesma, a linguagem corporal dos intervenientes e também as garantias deixadas após o encontro pelo secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez, tornaram claro que será praticamente impossível a obtenção de um acordo entre PP e PSOE.

 

No entanto, o acontecimento mediático que está a ser realçado pela imprensa espanhola passa pelo facto de, no início do encontro, o secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez, ter estendido a mão para cumprimentar o presidente do PP, Mariano Rajoy, que acabaria por deixar o seu congénere de braço estendido.

 

No final do encontro, Sánchez tentou relativizar a situação. Garantiu que se tinham cumprimentado em privado e explicou que Rajoy não "terá dado conta de que lhe estendia a mão". Já Rajoy ironizou dizendo não ter tido nenhum problema em apertar a mão de Sánchez à saída do encontro.

 

Pedro Sánchez também desvalorizou o tweet publicado pelo PSOE que, além de recuperar o adjectivo "indecente", utilizado pelo líder socialista para se referir a Rajoy no único debate realizado entre os dois antes das eleições gerais de 20 de Dezembro, classificou Rajoy de "mal-educado". Fontes do PP também disseram depois, ao El País, que ambos já se tinham cumprimentando antes da entrada na sala onde estavam os jornalistas.

 

Em relação às conversações propriamente ditas, que duraram uns escassos 25 minutos, o líder socialista admitiu que Rajoy lhe propôs, como já tinha anteontem anunciado, uma proposta de Governo a três – PP, PSOE e Cidadãos. Sánchez revelou ter-lhe respondido que "o PSOE não fará parte de nenhum Governo com o PP", ideia repetida logo após as eleições, quando o líder socialista se prontificou a afiançar que o PSOE não viabilizaria nenhum Executivo do qual façam parte os populares.

 

"O PSOE já decidiu, e quer a mudança", atirou Sánchez que tem falado na chegada de um novo tempo político a Espanha e que disse esperar que se o PP passar à oposição tenha "a mesma lealdade" proporcionada pelo PSOE ao longo da última legislatura. Já Mariano Rajoy, que permanece como primeiro-ministro em funções, confirmou ter apresentado o plano dos populares anunciado na quarta-feira e que assenta em cinco pilares a prosseguir na próxima legislatura.

 

Contudo, a versão apresentada por Rajoy aos jornalistas contraria a garantia de Sánchez, que diz ter comunicado ao líder do PP a recusa dos socialistas em viabilizar tal aliança. "Não emitiu nenhum juízo de valor sobre o assunto, nem eu o pedi", tinha dito Rajoy.

Sánchez quer apresentar-se no Congresso no início de Março

 

O líder socialista também disse esperar chegar a acordo com outras formações políticas até ao fim deste mês, de forma a apresentar-se perante o Congresso (equivalente à Assembleia da República) para tentar ser investido como primeiro-ministro no início de Março.

 

Depois de ter recebido do rei Felipe VI a responsabilidade de formar Governo, Sánchez avisou que precisaria de três a quatro semanas de negociações com os restantes partidos com assento parlamentar antes de se enfrentar as votações para a sua investidura.


Contudo, também Rajoy, apesar de ter inicialmente recusado ser incumbido pelo rei com a responsabilidade de formar Governo, por considerar não dispor do apoio parlamentar necessário, mantém a intenção de vir a apresentar-se perante o Congresso. "Não me arrependo de ter dito não ao rei", começou por referir Rajoy que garante "não descartar" tentar ser investido como primeiro-ministro. 



Nos últimos dias, o próprio Rajoy admitiu publicamente não saber o que iria fazer ao encontro pedido pelo PSOE, uma vez que os socialistas sempre garantiram um voto contra um possível Governo popular. Mas o ainda chefe de Executivo avisa que o PP "continuará a trabalhar para que o PSOE facilite um Governo do PP porque nós temos mais deputados e porque fomos nós o partido mais votado e é isso que é mais democrático". O Cidadãos, com quem Rajoy se reuniu na última quinta-feira, também é favorável a um pacto entre os partidos que têm mais a uni-los do que a separá-los. 


Intenção contrária aos intentos do PSOE: "Gostaria que acabasse a campanha do medo, que não se passe a ideia de que se o PP sair do Governo começam os problemas. No PSOE pensamos que os problemas se devem precisamente à presença do PP no executivo", disse Pedro Sánchez, à saída do encontro, criticando as políticas seguidas pelos populares e os fenómenos de corrupção que envolvem proeminentes figuras do partido.

Sem o PP, e sabendo-se que Cidadãos e Podemos rejeitam mutuamente fazer parte de um Governo com ambos os partidos, Sánchez só poderá chefiar o próximo Executivo mediante um acordo com o Podemos e os pequenos partidos independentistas. Cenário que mesmo no seio do PSOE provoca grandes dúvidas e críticas.

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