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Iglesias aceita negociar a quatro com PSOE, Compromís e Esquerda Unida

O secretário-geral do Podemos aceita encetar negociações a quatro com vista à formação de um "Governo progressista". Já Pedro Sánchez diz que "estamos muito próximos do acordo", mas recorda que o Podemos "ainda não dialogou connosco".

Reuters
18 de Fevereiro de 2016 às 17:36
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Continua indefinido o clima de negociações para a formação do próximo Governo de Espanha. Esta quinta-feira, 18 de Fevereiro, Pablo Iglesias, secretário-geral do Podemos, disse estar disponível para estabelecer conversações a quatro com o PSOE, a Esquerda Unida (IU) e o movimento Compromís, candidatura apoiada pelo Podemos na comunidade valenciana.

 

Alberto Garzón, porta-voz da candidatura Unidade Popular, que junta a IU a outros pequenos partidos, propôs que fossem iniciadas negociações entre os partidos da esquerda tendo em vista a formação de um "Governo progressista". Numa carta enviada aos líderes das restantes três formações, Garzón sustentou ser "intolerável" que quase dois meses depois das eleições gerais de 20 de Dezembro, Podemos e PSOE ainda não tenham começado a dialogar.

 

"A sociedade espanhola de esquerda não entenderia a ida a novas eleições por falta de acordo entre as forças progressistas", explicou Garzón que defende que "os partidos progressitas têm a necessidade moral de explorar todas as vias possíveis para a formação de um Governo alternativo".

 

Até aqui intransigente na exigência de que os socialistas cessem o processo negocial em curso com o Cidadãos, esta manhã Pablo Iglesias considerou de "sensata" a proposta da IU, demonstrando ainda disponibilidade para encetar conservações a quatro. 

 

Em paralelo a estes desenvolvimentos, o secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez, garante que o diálogo empreendido por socialistas com o Cidadãos, a IU, o Compromís, a Coligação Canária e o Partido Nacionalista Basco (PNV) segue a bom ritmo. À chegada a Bruxelas, onde estará reunido com os colegas do Partido Socialista Europeu (PSE), Sánchez afiançou que "estamos muito próximos do acordo" e lamentou que até ao momento o Podemos "seja o único partido que até agora não dialogou connosco". As mais recentes declarações de Pedro Sánchez deixam no ar a ideia de que será muito difícil uma aliança entre PSOE e Podemos

Todavia, recordando que desde que recebeu do rei Felipe VI a responsabilidade de tentar ser investido como primeiro-ministro, Pedro Sánchez agradeceu a proposta hoje endereçada pela IU, salientando que Pablo Iglesias tem "a porta aberta para falar connosco e tentar chegar a um acordo progressista e reformista".

 

O problema neste momento é que as conversações que Pedro Sánchez garante estarem bem encaminhadas, avançadas e com possibilidade de estarem concluídas até ao final desta semana, incluem o Cidadãos, partido que só aceitaria estabelecer um pacto com o PSOE do qual não fizesse também parte o Podemos. Também o Podemos rejeita aliar-se ao Cidadãos. Albert Rivera, líder do Cidadãos, também rejeita vir a fazer parte de qualquer elenco governativo.

 

PP oferece vice-presidência do Governo a Sánchez

 

Enquanto todo o processo negocial continua debaixo de uma densa nebulosa, o PP insiste na formação de uma grande aliança com os outros dois partidos considerados moderados: PSOE e Cidadãos. E para o conseguir, o partido presidido pelo ainda primeiro-ministro em funções, Mariano Rajoy, oferece os cargos de vice-primeiros-ministros a Sánchez e a Rivera. Na proposta de Governo apresentado pelo Podemos ao PSOE, e que os socialistas consideraram uma provocação, aquele partido de extrema-esquerda exige a vice-chefia do Governo para Iglesias e pastas relevantes como a da Economia.

 

Na semana passada, Rajoy chegou mesmo a apresentar uma proposta assente em cinco objectivos essenciais sobre os quais deveria assentar um eventual Governo composto pelo PP, PSOE e Cidadãos. Contudo, Pedro Sánchez continua a rejeitar participar de qualquer solução que inclua o partido de Rajoy.

O secretário-geral socialista está verdadeiramente metido numa camisa-de-onze-varas. Mesmo que alcance um acordo com o Cidadãos, que seria viabilizado no Congresso (equivalente à Assembleia da República) pelo partido de Rivera, precisaria da abstenção do Podemos, do PP, ou de ambos, para conseguir a aprovação da sua investidura como chefe de Governo. Não se perspectiva que alguma destas possibilidade se possa verificar. Além de que em Espanha vários analistas políticos consideram que o objectivo primordial do Podemos passa por inviabilizar qualquer solução de Governo e provocar novas eleições gerais, acreditando poder alcançar mais votos do que em Dezembro.

Por outro lado, mesmo que chegasse a acordo com o Podemos e a IU para uma "solução à portuguesa" e a concretização de um Governo das esquerdas, precisaria do suporte parlamentar dos pequenos partidos regionalistas e independentistas. Partidos que tal como o Podemos defendem a realização de referendos sobre a independência das regiões autonómicas, nomeadamente da Catalunha e do País Basco. Esta solução também se apresenta como improvável, isto se for tida em conta a garantia dada por Sánchez de que não aceita colocar em causa a integridade do reino espanhol, e a oposição das principais figuras socialistas relativamente a uma aliança com as forças soberanistas.

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