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Negociação em Espanha começa "bem" mas será difícil
O secretário-geral socialista iniciou a maratona negocial para tentar encontrar apoios para ser investido como primeiro-ministro. Mas este é um processo complexo e, neste momento, totalmente imprevisível.
Pedro Sánchez, secretário-geral do PSOE, iniciou esta quarta-feira as negociações tendo em vista a recolha dos apoios necessários à sua investidura como primeiro-ministro de Espanha. "Isto começou bem", afirmou após o primeiro dia de conversações com as forças com assento parlamentar, iniciadas depois de na terça-feira o rei Felipe VI ter incumbido o líder do PSOE da tarefa de formar Governo.
Depois das reuniões com a Coligação Canária, Esquerda Unida-Unidade Popular e a coligação "Compromís", aliança apoiada pelo Podemos na comunidade valenciana, Sánchez destacou a boa "sensação" decorrente de conversas em que não se falou "de com quem, mas de para quê".
No entanto, o optimismo demonstrado pelo líder socialista contrasta com a complexidade deste processo e nem a escolha de uma equipa negocial de moderados poderá garantir certezas prévias à negociação agora iniciada.
De um lado, o Podemos mantém-se intransigente. O líder parlamentar do partido, Iñigo Errejón, insiste que o PSOE terá de "decidir-se" entre uma aliança com PP e Cidadãos para que tudo fique na mesma, e um Governo "com responsabilidades partilhadas" com o partido liderado por Pablo Iglesias.
Já Albert Rivera, líder do Cidadãos, anunciou que "em 24 ou 48" horas sentar-se-á à mesa com o PSOE, mas avisou que é preciso manter aberta a via de diálogo com o PP, "que tem um papel importante porque se não permitisse um Governo, bloquearia a situação". Com estas palavras, Rivera reiterou a rejeição do Cidadãos em participar de uma aliança que integre o Podemos.
Mas apesar de Pedro Sánchez ter garantido que também dialogará com os populares, recusa que o partido do primeiro-ministro em funções, Mariano Rajoy, integre um Governo por si liderado. Pelo seu lado, Rajoy mantém a expectativa de liderar o próximo Executivo, e garante que não sairá da presidência do PP para facilitar um acordo, porque foi nele que os espanhóis votaram nas eleições gerais de 20 de Dezembro.
Enquanto isso, Sánchez dará preferência ao Cidadãos, com quem conversará primeiro, relegando o Podemos para segundo plano. Sánchez quer três a quatro semanas para negociar, e o presidente do Congresso, o socialista Patxi López, já inviabilizou o pedido de encurtamento deste período, curiosamente feito pelo PP e pelo Podemos. Nada garante que daqui a um mês Sánchez passe numa das duas votações a que tem direito para ser investido como chefe de Governo. Rajoy está à espreita e novas eleições são cenário plausível.