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Direita exige saída de Cabrita, Costa vive "muito bem com ele"

O Presidente da República deu o tiro de partida e os partidos de direita aproveitaram a boleia de Marcelo para um ataque cerrado à atuação do ministro da Administração Interna não só no caso de Odemira, mas também no SEF ou no SIRESP.

Tiago Petinga
12 de Maio de 2021 às 17:18
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Se na terça-feira Marcelo Rebelo de Sousa apontou a necessidade de serem retiradas "consequências políticas" do sucedido em Odemira, o Presidente da República acrescentou esta manhã que, a propósito dos festejos do Sporting ontem em Lisboa, "quem deve prevenir não conseguiu prevenir".

Se à primeira ficaram dúvidas quanto ao alvo de Marcelo, à segunda ficou a certeza de que era Eduardo Cabrita. Certeza que, no debate bimensal sobre política geral que tem lugar na Assembleia da República, encontrou unanimidade entre as forças de direita, que além das críticas feitas ao ministro da Administração Interna Cabrita exigiriam ainda a sua demissão.

Considerando que o "Governo está a perder o discernimento", o presidente do PSD, Rui Rio, usou como exemplo disso mesmo a forma como os trabalhadores migrantes foram para o empreendimento do Zmar: o MAI "invade propriedade privada a meio da noite com forte dispositivo policial, o mesmo dispositivo policial que ontem, a propósito dos festejos, foi incapaz de fazer aquilo que lhe competia fazer".

E se, por falta de tempo, Catarina Martins deixou a questão de Odemira para ronda posterior, Telmo Correia perguntou ao primeiro-ministro se "tem alguma ideia [sobre] a quem o Presidente da República se estaria a referir".

Recorrendo a um trocadilho, o deputado do CDS afirmou que "em relação à Administração Interna já nada nos ‘odemira’" e perguntando se "haverá consequências, ou não", recordou a atuação de Cabrita na extinção do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e no SIRESP, "sem contrato a dois meses da época de incêndios".

Sem surpresa, o presidente do Chega, André Ventura, ajudou António Costa a identificar em Cabrita o maior "problema" do Governo e perguntou diretamente se "vai manter, ou não, o ministro Eduardo Cabrita".

"Quem me dera que o meu problema fosse o ministro da Administração Interna porque tenho um excelente ministro e vivo muito bem com ele", respondeu António Costa numa clara tentativa de arrumar uma demissão que, a passos, vem sendo exigida de forma recorrente.

Sem escapar ao movimento anti-Cabrita, João Cotrim Figueiredo quis saber se o primeiro-ministro continua a segurar Eduardo Cabrita por terem sido colegas de escola (Costa e Cabrita foram colegas de faculdade).

"Falta saber quem andou consigo na escola para sabermos quem é inimputável", acusou o deputado e presidente da Iniciativa Liberal.

António Costa ironizou dizendo que Eduardo Cabrita "ficará muito satisfeito" por saber que "não será ministro" num Governo liderado por Cotrim Figueiredo, e chutou para canto ao recordar que o deputado Telmo Correia também foi seu colega na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

Sendo certo que as críticas mais duras a Eduardo Cabrita vieram da direita, a líder da bancada parlamentar do PAN, Inês Sousa Real, quis saber "o que está a ser feito" pelo ministro da Administração Interna para que o processo de reforma do SEF não fique bloqueado.

MAI pediu inquérito à festa dos sportinguistas
À torrente de críticas feitas a Eduardo Cabrita, em particular quanto à forma como foram preparados os festejos do Sporting, António Costa adiantou que o ministro "já fez um despacho a pedir informações" no que concerne à "articulação do planeamento com as entidades envolvidas", designadamente o próprio clube, a Direção-Geral de Saúde e a Câmara de Lisboa, tendo ainda solicitado um inquérito à atuação da PSP. 

O primeiro-ministro rejeita atirar pedras seja ao Sporting, seja à polícia ou aos adeptos e respetivos excessos após 19 anos de espera. Assim sendo, Costa remete-se a "aguardar o esclarecimento dos factos para retirar as responsabilidades devidas". 

Além do respaldo dado por António Costa, Cabrita pôde ainda contar com o apoio e reconhecimento da bancada do PS que, pela voz da deputada Telma Guerreiro, frisou que os socialistas precisam de "reconhecer, e reconhecem, a ação" do ministro da Administração Interna.

"As consequências políticas devem ser enfrentadas com ação, resposta e garantias para o futuro. Foi isso que o primeiro-ministro foi fazer a Odemira. Levar esperança", sustentou a parlamentar socialista numa resposta à exigência feita pelo Presidente da República.

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