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“Dei-lhe um beijinho, dei-lhe beijinho!!!” Marcelo "superstar" invade o bairro do Cerco

O Presidente da República cumpriu a promessa de visitar o bairro portuense, um dos mais degradados da cidade. Foi recebido em êxtase por centenas de moradores, por uma banda de hip-hop e por... Tino de Rãs.

11 de Março de 2016 às 19:21
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"Dei-lhe um beijinho, dei-lhe um beijinho! Sou pequenina, mas dei-lhe um beijinho". E é verdade. Ernestina, com 76 anos, mede certamente menos de 1,60 metros, mas isso não a impediu de furar por entre a multidão que literalmente "arrastou" Marcelo Rebelo de Sousa pelo bairro do Cerco, um dos mais degradados do Porto, escolhido pelo Presidente para encerrar a sua visita à Invicta.


Foi com um aparato de estrela de cinema que Marcelo entrou no bairro, ao som do "hip hop" de uma banda do Cerco, os "OUPA", uma expressão portuense que significa, grosso modo, "anda lá, despacha-te!". Não foi o primeiro banho de multidão do novo Presidente da República no Porto, mas foi, certamente, o mais intenso.

cotacao "Dei-lhe um beijinho, dei-lhe um beijinho! Sou pequenina, mas dei-lhe um beijinho!!" Ernestina  76 anos, moradora

O pequeno concerto, a que Marcelo chegou por volta das 15:30 horas desta sexta-feira, dia 11 de Março, fez com que o bairro em peso saísse à rua, enchendo o chamado, por uma coincidência feliz para Marcelo, "largo dos Afectos", e acotovelando-se nas varandas das casas degradadas, uma imagem de marca desta zona do Porto, muitas vezes com má fama nas notícias.

Na recepção no bairro do Cerco, acotovelando-se nas varandas das casas degradadas para ver o Presidente Marcelo.
Na recepção no bairro do Cerco, acotovelando-se nas varandas das casas degradadas para ver o Presidente Marcelo. Ricardo Castelo


Mas esta sexta-feira, o Cerco vestiu-se (quase) a rigor para receber o Presidente, acompanhado pelo autarca Rui Moreira, e deu-lhe as boas-vindas com gritos de "Marcelo, Marcelo" (com o ocasional "Martelo" pelo meio, culpa da Contra-Informação), beijinhos, aplausos e alguma histeria.


E como o mundo é pequeno, o Negócios encontrou, no meio da multidão, uma conterrânea de Marcelo. "Sou de Celorico", contou Maria Magalhães, 69 anos, que apesar de não morar no Cerco foi dar o seu apoio. "Temos um Presidente que é dos melhores", referiu, salientando que ele conhece "toda a gente" na terra. "Os portugueses têm que aproveitar" as capacidades de Marcelo, disse entusiasticamente.


"O Cerco sou eu, o Cerco somos nós", ouvia-se no palco e na plateia, e mesmo Marcelo atreveu-se a fazer um "rap" improvisado no final da actuação, sem se atrapalhar com os cortes de som, que tornaram os versos mais ou menos ininteligíveis.

Marcelo no bairro do Cerco no Porto

Marcelo Rebelo de Sousa recebido no bairro do Cerco, no Porto, com "afectos" e "hip hop". A jornalista do Negócios, Alexandra Noronha, esteve lá. Veja o vídeo.

Posted by Jornal de Negócios on Friday, March 11, 2016


Os sapatos de Tino de Rãs


O Presidente seguiu depois para o Centro de Dia do Bairro do Cerco, onde tinha um coro de crianças à sua espera e não só. Tino de Rãs apareceu de surpresa, uma estrela quase tão brilhante como Marcelo. Deu entrevistas, tirou "selfies" com os moradores e ofereceu dois pares de sapatos ao Presidente, que veio de propósito entregar ao bairro.

"Foi o meu amigo Manel, de Guimarães, que mandou", contou o candidato a Presidente, que, por acaso, até sabia que Marcelo calça 41. "O que é nacional é bom e quero que ele saiba isso", contou Tino de Rãs.

Tino de Rãs também apareceu no bairro do Cerco e ofereceu sapatos.
Tino de Rãs também apareceu no bairro do Cerco e ofereceu sapatos. Ricardo Castelo
cotacao O que é nacional é bom. Quero que ele [Marcelo] saiba isso. 
Tino de rãs Ex-candidato a Presidente, levou dois pares de sapatos para Marcelo


"Surpreendeu-me a adesão afectiva. Foi superior à esperada e há um ambiente de alguma esperança, que faz a diferença, e é preciso alimentá-la. Estar junto das pessoas não é trabalho, mas significa o que é a função do Presidente da República", salientou Marcelo Rebelo de Sousa, no final da visita. "Quis que isto tivesse uma dimensão nacional, que não só em Lisboa", explicou, numa curta declaração.


Antes de ir ao Cerco, Marcelo falou com algumas pessoas nos jardins do Palácio de Cristal, a caminho da Galeria Municipal Almeida Garrett, onde viu a exposição "P.- Uma homenagem a Paulo Cunha e Silva, por extenso", que recorda o falecido vereador da Cultura do Porto. Desempregados, pensionistas e trabalhadores em situação precária aproximaram-se do Presidente para expor as suas dificuldades.


"Falaram-me de problemas sociais, mas o que há, ao mesmo tempo, é uma vontade de olhar para o futuro com maior esperança. Isso é muito importante, é um começo de mudança", referiu Rebelo de Sousa no final da visita ao Cerco. "Eu acredito em Portugal e é preciso que os portugueses acreditem em Portugal", manifestou, antes de entrar no carro que o levaria embora, encerrando definitivamente as cerimónias de tomada de posse, que estendeu ao Porto.

cotacao Eu acredito em Portugal e é preciso que os portugueses acreditem em Portugal.  Marcelo Rebelo de sousa Presidente da República


Nessa mesma altura, enquanto Tino de Rãs tirava as últimas fotos, e a forte presença policial começava a desmobilizar, a vida regressava ao normal no Cerco. O palco onde actuaram os OUPA desapareceu num ápice e a abertura dos residentes foi-se transformando em desconfiança. Sinais de que há muito a fazer para resolver os problemas sociais do bairro. 

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