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Costa faz apologia da geringonça no debate do Estado da Nação

Na abertura do debate do Estado da Nação, o primeiro-ministro aproveitou para lamber as feridas abertas no seio da geringonça e "saudar" os parceiros da esquerda "por terem ousado derrubar um muro anacrónico e assumido a responsabilidade" de formar uma maioria alternativa de Governo.

Lusa
10 de Julho de 2019 às 14:58
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A tensão que enferma a geringonça nas últimas semanas não esteve presente na intervenção com que o primeiro-ministro abriu o debate sobre o Estado da Nação que decorre esta quarta-feira, 10 de julho, no Parlamento.


Depois de salientar que a "democracia vive das alternativas" e de frisar que "há sempre a possibilidade de fazer diferente", António Costa fez questão de "saudar" Bloco de Esquerda, PCP e Verdes "por terem ousado derrubar um muro anacrónico e assumido a responsabilidade" de forjar uma maioria parlamentar alternativa.

O também secretário-geral do PS lembrou ainda que esta solução de Governo "provou ser estável e duradoura" e foi capaz de garantir "estabilidade política, previsibilidade das políticas, normalidade institucional e respeito pela Constituição". Em resumo, Costa proclamou que, ao longo destes quase quatro anos de geringonça, foi possível cumprir os objetivos definidos logo à partida: "mais crescimento, melhor emprego e maior igualdade".

Já depois de discorrer sobre aquilo que foi alcançada pelo Governo do PS, António Costa não esqueceu o seu antecessor como primeiro-ministro e recordou que "nem o diabo apareceu, nem a austeridade se disfarçou". Este comentário mereceu diversos apartes vindos das bancadas da direita, para quem a austeridade do Governo PSD-CDS foi somente substituída por outro tipo de austeridade.


De olhos no futuro, António Costa não fechou a intervenção naquele que é o último debate sobre o Estado da Nação da atual legislatura sem considerar que o Governo conseguiu "lançar as bases" para os anos vindouros sem descurar a agora pedra de toque do PS, as "contas certas".


Nesse sentido, Costa garantiu que nestes quatro anos o Executivo socialista conseguiu alargar a sustentabilidade da Segurança Social "em mais 22 anos", sem detalhar, porém, como e em que consiste este alargamento.  


Ainda a puxar dos galões da governação, António Costa realçou que mesmo quando surgiram problemas, o Governo foi capaz de encontrar soluções, e apontou como exemplos a renovação simplificada do Cartão do Cidadão, o investimento nos transportes públicos ("quatro vezes mais do que na legislatura anterior", disse) e a gestão no setor da saúde.


A terminar, o primeiro-ministro disse estar confiante que a história "fará justiça" ao trabalho do seu Governo e assumiu estar de "consciência tranquila" apesar de manter o "desassossego da vontade".

Catarina Martins voltava a assinar acordo com o PS

A coordenadora do Bloco reconheceu que se voltasse a 2015 voltaria a assinar o acordo com o PS, não deixando, porém, de defender que sem os bloquistas as principais conquistas não teriam sido alcançadas, como é o caso do aumento do salário mínimo para o nível atual ou a tarifa social da energia de que o Governo pode não se lembrar mas que "a EDP não esquece".

O estatuto do cuidador informal ou a Lei de Bases da Habitação, "aprovada à esquerda", foram outras políticas destacadas por Catarina Martins como decisivas e com decisivo contributo do BE.


António Costa respondeu garantindo que também voltava a assinar as posições conjuntas para depois considerar que a atitude do Bloco, ao dizer que tudo o que de bom foi feito na legislatura se deveu aos bloquistas, é injusto para os parceiros PCP, Verdes e para o próprio PS.


"Temos de assumir o ativo e o passivo desta legislatura, e eu assumo", rematou.

Quanto ao líder do PCP, Jerónimo de Sousa, também fez uma avaliação positiva da legislatura, defendendo que os "últimos quatro anos comprovam que é na valorização dos direitos dos trabalhadores e do povo" que está o caminho para o desenvolvimento do país.

Para Jerónimo o "resultado aí está à vista", do crescimento económico à redução do desemprego e da pobreza. No entanto, o secretário-geral comunista lamenta que não se tenha efetivado uma "verdadeira política alternativa", com Jerónimo de Sousa a dar o exemplo do excessivo "endividamento público" ou da "falta de medidas para o desenvolvimento do mundo rural" como fatores que confirmam como seria determinante aplicar outro políticas verdadeiramente de esquerda.

Em relação ao que falta fazer, Jerónimo instou Costa a dizer o que vai fazer em relação à legislação laboral, garantindo que "não faltaram os votos para revogar as normas gravosas da legislação laboral e defender os direitos dos trabalhadores".

O primeiro-ministro reiterou então que a proposta que permanece na Assembleia da República, e que será votada a 19 de julho, para nova lei laboral "vem reforçar os direitos dos trabalhadores" e "redinamizar a contratação coletiva" bem como o "combate à precariedade".

(Notícia atualizada pela última vez às 16:00)

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