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Costa ensaia despedida com balanço de oito anos a "enfrentar e resolver múltiplas crises"
Um dia antes de Luís Montenegro apresentar a constituição do novo Governo, António Costa fez um balanço aos "bons resultados" de oito anos de governação socialista. Mas disse que nunca esteve preocupado em deixar uma marca: "Cada um ficará com o souvenir que entender da minha governação".
O primeiro-ministro cessante, António Costa, fez esta quarta-feira um balanço dos oito anos em que esteve à frente do Governo, destacando que teve de enfrentar e resolver "múltiplas crises". Apesar de não estar preocupado com a marca que deixa, elencou "bons resultados" nos rendimentos, proteção social e contas públicas.
"Estes não foram oito anos quaisquer. Foram oito anos em que tivemos de enfrentar e resolver múltilplas crises", começou por referir o primeiro-ministro cessante, num balanço aos oito anos de governação, em que destacou três grandes crises: a crise financeira, os incêndios de 2017 e a pandemia seguida pela guerra na Ucrânia. "Entendo que cumpri bem a minha missão", salientou.
António Costa recordou que, quando tomou posse pela primeira vez como primeiro-ministro em 2015, "a principal preocupação do país tinha ainda a ver com a crise financeira". Oito anos volvidos, sublinha que "o sistema financeiro está estabilizado", os níveis de solvabilidade dos bancos estão "acima da média europeia" e o rácio de crédito mal-parado "teve uma redução muito significativa, de 17,5% para 2,9% do crédito concedido".
Elencou também uma "trajetória constante de melhoria das contas públicas", que permitiu sair de "uma situação por défice excessivo em 2015 para uma situação de saldo positivo em 2023". "Em 2020 e 2021 [anos da pandemia] afastámo-nos da nossa trajetória e o défice e dívida aumentaram. A boa notícia é que já conseguimos recuperar do impacto da pandemia nas nossas contas públicas e fechámos 2023 com saldo positivo no Orçamento e uma redução do rácio da dívida abaixo dos 100%", disse.
O primeiro-ministro cessante destacou que, desde 2016 e tirando apenas os dois anos de pandemia, Portugal conseguiu convergir sempre com a União Europeia (UE), depois de anos "muito difíceis para a economia portuguesa" no início do século com a entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC), o alargamento da UE a Leste e a entrada no euro.
"Nestes oito anos, em seis aproximámo-nos dos países mais desenvolvidos da UE e crescemos, em média, 2,1%, incluindo os dois anos da pandemia em que o produto teve uma queda brutal. Não discuto se é muito ou pouco. Todos gostávamos seguramente que fosse mais. Mas, nos últimos anos, o país cresceu 10 vezes mais do que nos 15 anteriores", argumentou.
"Muitos anteviam que a subida do salário mínimo iria agravar as condições de competitividade da economia portuguesa e penalizar o emprego, mas aquilo que se verificou foi o contrário. A economia portuguesa gerou mais emprego e esses empregos permitiram uma subida sustentada dos rendimentos", garantiu, assegurando que "não houve um aumento da percentagem de pessoas a ganhar o salário mínimo".
Além dessa "redistribuição da riqueza", António Costa realçou a subida de 23,3% na pensão média – "acima da inflação acumulada" –, e a descida do IRS que permitiu às famílias poupar "4,5 mil milhões de euros" no conjunto dos últimos oito anos. Entre outras medidas que permitiram reduzir a despesa mensal das famílias, referiu a gratuitidade dos manuais escolares e das creches, redução dos passes de transporte público e das propinas, e a taxa social de energia.
O primeiro-ministro cessante chamou ainda a atenção para a diminuição da taxa de abandono escolar, com Portugal já "abaixo da meta europeia para 2030", e o aumento das qualificações da população portuguesa. A par do aumento das qualificações, António Costa assegura que aumentou também o número de empregos qualificados, a aposta em investigação e desenvolvimento (I&D) e o investimento direto estrangeiro (IDE).
"A natureza das nossas exportações tem vindo a alterar-se significativamente e as exportações de média e alta tecnologia tiveram um aumento de 71% ao longo deste oito anos, o que significa que a complexificação, qualificação e mais-valia da nossa economia tem vindo a crescer", contextualizou, acrescentando que isso permitiu aumentar as respostas sociais, diminuindo a pobreza e exclusão social.
Questionado sobre a marca que deixa e como gostaria de ser recordado, disse: "Nunca andei preocupado com marcas e cada um ficará com o souvenir que entender da minha governação. Uns terão certamente boas memórias e outros más memórias".
O balanço de António Costa aos oito anos da sua governação acontece um dia antes de o seu sucessor apresentar ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a constituição do novo Governo.
(notícia atualizada)
"Estes não foram oito anos quaisquer. Foram oito anos em que tivemos de enfrentar e resolver múltilplas crises", começou por referir o primeiro-ministro cessante, num balanço aos oito anos de governação, em que destacou três grandes crises: a crise financeira, os incêndios de 2017 e a pandemia seguida pela guerra na Ucrânia. "Entendo que cumpri bem a minha missão", salientou.
Elencou também uma "trajetória constante de melhoria das contas públicas", que permitiu sair de "uma situação por défice excessivo em 2015 para uma situação de saldo positivo em 2023". "Em 2020 e 2021 [anos da pandemia] afastámo-nos da nossa trajetória e o défice e dívida aumentaram. A boa notícia é que já conseguimos recuperar do impacto da pandemia nas nossas contas públicas e fechámos 2023 com saldo positivo no Orçamento e uma redução do rácio da dívida abaixo dos 100%", disse.
O primeiro-ministro cessante destacou que, desde 2016 e tirando apenas os dois anos de pandemia, Portugal conseguiu convergir sempre com a União Europeia (UE), depois de anos "muito difíceis para a economia portuguesa" no início do século com a entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC), o alargamento da UE a Leste e a entrada no euro.
"Nestes oito anos, em seis aproximámo-nos dos países mais desenvolvidos da UE e crescemos, em média, 2,1%, incluindo os dois anos da pandemia em que o produto teve uma queda brutal. Não discuto se é muito ou pouco. Todos gostávamos seguramente que fosse mais. Mas, nos últimos anos, o país cresceu 10 vezes mais do que nos 15 anteriores", argumentou.
Prioridade para criação de emprego e rendimentos
A prioridade para António Costa foi a criação de emprego e "mostrar que as melhorias das condições de emprego permitiria sustentar o crescimento da economia". E "assim foi", defende, afirmando que há hoje um "número recorde" de pessoas a trabalhar em Portugal, num contexto em que o salário mínimo subiu 62% e o salário médio cresceu 27,7%."Muitos anteviam que a subida do salário mínimo iria agravar as condições de competitividade da economia portuguesa e penalizar o emprego, mas aquilo que se verificou foi o contrário. A economia portuguesa gerou mais emprego e esses empregos permitiram uma subida sustentada dos rendimentos", garantiu, assegurando que "não houve um aumento da percentagem de pessoas a ganhar o salário mínimo".
Além dessa "redistribuição da riqueza", António Costa realçou a subida de 23,3% na pensão média – "acima da inflação acumulada" –, e a descida do IRS que permitiu às famílias poupar "4,5 mil milhões de euros" no conjunto dos últimos oito anos. Entre outras medidas que permitiram reduzir a despesa mensal das famílias, referiu a gratuitidade dos manuais escolares e das creches, redução dos passes de transporte público e das propinas, e a taxa social de energia.
O primeiro-ministro cessante chamou ainda a atenção para a diminuição da taxa de abandono escolar, com Portugal já "abaixo da meta europeia para 2030", e o aumento das qualificações da população portuguesa. A par do aumento das qualificações, António Costa assegura que aumentou também o número de empregos qualificados, a aposta em investigação e desenvolvimento (I&D) e o investimento direto estrangeiro (IDE).
"A natureza das nossas exportações tem vindo a alterar-se significativamente e as exportações de média e alta tecnologia tiveram um aumento de 71% ao longo deste oito anos, o que significa que a complexificação, qualificação e mais-valia da nossa economia tem vindo a crescer", contextualizou, acrescentando que isso permitiu aumentar as respostas sociais, diminuindo a pobreza e exclusão social.
"Cada um ficará com o souvernir que entender"
Sobre a pasta de transição que deixa a Luís Montenegro, referiu que "quem sai tem também o dever de prestar contas" e "os portugueses têm direito de saber o que está em curso e o que o Estado fez com os investimentos que lançou". E reiterou que o Governo deixou prontos todos os dossiers necessários para que o próximo Governo possa submeter o quinto pedido de pagamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) a Bruxelas.Questionado sobre a marca que deixa e como gostaria de ser recordado, disse: "Nunca andei preocupado com marcas e cada um ficará com o souvenir que entender da minha governação. Uns terão certamente boas memórias e outros más memórias".
O balanço de António Costa aos oito anos da sua governação acontece um dia antes de o seu sucessor apresentar ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a constituição do novo Governo.
(notícia atualizada)